Confins do Universo 204 - Marcelo D'Salete fazendo história (em quadrinhos)
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SHOWCASE PRESENTS HOUSE OF MYSTERY - VOLUME 1

1 dezembro 2012

SHOWCASE PRESENTS HOUSE OF MYSTERY - VOLUME 1

Editora: DC Comics - Edição especial

Autores: Neal Adams, Sergio Aragonés, John Costanza, Joe Orlando, Len Wein, Marv Wolfman, Gerry Conway, Mike Friedrich, Gil Kane, E. Nelson Bridwell, Howard Post, Robert Kanigher, Diane Albano-Vian, Bob Haney e Lore Shoberg (roteiro) e Neal Adams, Sergio Aragonés, Nick Cardy, John Costanza, Lee Elias, Ric Estrada, Russ Heath, Carmine Infantino, Jim Mooney, Joe Orlando, George Roussos, Alex Toth, Al Williamson, Bernie Wrightson, Jim Aparo, Regina Baily, Don Heck, Gil Kane, Jack Kirby, Gray Morrow, Win Mortimer, Jack Sparling, Frank Springer, Tom Sutton, Diane Albano-Vian e Lore Shoberg (arte).

Preço: US$ 16,99

Número de páginas: 552

Data de lançamento: Fevereiro de 2006

 

Sinopse

Reimpressão de histórias publicadas originalmente no título de horror House of Mystery # 174 a # 194, de 1968 a 1971.

Positivo/Negativo

O horror tem uma grande tradição nas histórias em quadrinhos norte-americanas. Após a Era de Ouro, com o declínio dos super-heróis que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, o gênero dos vampiros, lobisomens e zumbis cresceu em popularidade e praticamente dominou a indústria, com destaque para os títulos da EC Comics.

Contudo, como resultado das investigações do congresso resultantes dos ataques do psicólogo Fredric Wertham e seu livro Seduction of The Innocent, e da consequente imposição do Comics Code Authority, em 1954, essas revistas mais ousadas perderam seu espaço.

Mas estava longe de ser a extinção do horror nos gibis.

Ainda que um pouco suavizados, os fenômenos inexplicáveis e contos de moralidade ambígua tiveram sobrevida nas grandes editoras, e o título House of Mystery, sob a supervisão de Joe Orlando, na DC Comics, foi um dos mais populares.

Este encadernado com 20 edições das décadas de 1960 e 1970 conta com a presença de alguns dos maiores talentos dos quadrinhos e funciona como porta de entrada para esse universo assustador.

Ao contrário do que se encontra hoje em títulos como The Walking Dead e Hellblazer, as HQs deste volume não são exclusivas para o público adulto. Até por serem submetidas à aprovação do Código de Ética, os roteiristas da época exploravam o sobrenatural sem excessos de violência ou perversidades. Por isso, o material pode ser apreciado por leitores de todas as idades. Há até tramas estrelados por crianças, como contos de fadas malignos.

Como apresentador do festival de horrores, está a figura de Cain, o personagem bíblico que matou seu irmão Abel, guardando a Casa dos Mistérios. Vale dizer que este último comandava uma publicação irmã na editora, a House of Secrets.

Consagrado por quadrinhos bem-humorados e pela criação do bárbaro Groo, o artista Sergio Aragonés é responsável por diversas vinhetas e tirinhas mórbidas e divertidas entremeando as histórias, a maioria de apenas um quadro. O tom é anárquico, como se espera do quadrinhista e o destaque vai para uma piada sobre suicídio entre irmãos siameses.

Há também diversas páginas de atrações inusitadas, como um diploma para os leitores e horóscopo, com recomendações no estilo "não confie em pessoas loiras esta semana".

Roteiros e desenhos contam com artistas que os leitores veteranos de quadrinhos de super-heróis devem reconhecer, como Gerry Ordway, Jim Aparo, Len Wein, Gil Kane e até Jack Kirby.

Um dos contos mais interessantes da edição é o experimento metalinguístico da autoria de Mike Sekowski e Gil Kane, em que o próprio desenhista adentra as páginas e enfrenta horrores inimagináveis.

A maioria das tramas versa sobre fantasmas, maldições e demônios, mas há espaço para criaturas mitológicas, dragões e baleias assassinas, sempre com reviravoltas inesperadas.

Algumas apresentam explicações racionais para o sobrenatural, caso de The Deadly Game of G.H.O.S.T., por exemplo, na qual um assassino é levado a acreditar em assombrações malditas.

Outras têm o romance como ponto de partida, apresentando amores impossíveis, paixões traídas e poções mágicas. Variando de 3 a 12 páginas, as histórias variam na qualidade e grau de perversão, mas sempre divertem.

Uma das melhores é The Haunting, com texto de Jack Oleck e arte de Jerry Grandenetti, que conseguiu antecipar o fenômeno dos filmes O Sexto Sentido e Os Outros, num arroubo de criatividade.

Com a passagem das décadas, histórias de horror na literatura, no cinema e nos quadrinhos tornaram-se cada vez mais violentas, explícitas e, por vezes, apelativas. Não que haja algo de errado com isso, mas o fato é que muitas vezes o banho de sangue substitui as boas ideias.

As tramas de House of Mystery, por outro lado, primam pela variedade de temas abordados, narrativas hipnóticas e comprometimento com a diversão.

É fato que fanáticos pelo filmes de serial killers modernos sairão decepcionados, e devem buscar outras opções de leitura. Mas quem aprecia o gênero por sua capacidade de conduzir a mente a recônditos pouco explorados da existência humana tem aqui uma vasta fonte de sustos e pesadelos.

O fato das HQs serem produzidas por escritores e desenhistas de talento inegável e contribuição marcante para os quadrinhos é mais uma garantia de qualidade.

 

Classificação:

4,0

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