Em The super-tests of the Super-pets, história de abertura desta coletânea, uma massa gosmenta de protoplasma chamada Proty 2 enfrenta uma série de desafios para ser aceito como membro da Legião de Superanimais de Estimação, que conta com o supercão Krypto e mais três bichinhos superpoderosos.

Já em The Super-Moby Dick of Space, um heroico Rapaz-Relâmpago é dominado pela obsessão ao perseguir a criatura espacial que lhe custou um braço.

Assim, de argumentos ridículos e absurdos a uma releitura dramática de Herman Melville, as histórias clássicas da Legião dos Super-Heróis desafiam convenções e permitem conhecer uma época mágica dos quadrinhos norte-americanos, ainda bastante inocentes, mas cheios de drama e emoção.

Edmond Hamilton, Jerry Siegel e Otto Binder apresentam trabalhos memoráveis, ao passo que o recém-chegado Jim Shooter aumenta a temperatura desse caldeirão adolescente

A Legião dos Super-Heróis funciona como um clube de jovens dotados de poderes especiais no século 30, inspirados nas lendas do Superboy em nosso tempo. O próprio Garoto de Aço participa da equipe, viajando para o futuro e interagindo com seus herdeiros.

A partir dessa premissa inusitada, roteiristas cheios de ideias moldaram uma realidade fascinante para os jovens do futuro, que sobressaía entre os quadrinhos da Era de Prata. Nas histórias reunidas neste volume, os legionários voltam a ser transformados em bebês pelo nefasto Senhor do Tempo, enfrentam mais casos de traição e, num drama jurídico emocionante, decidem se expulsam um membro que matou em legítima defesa.

Embora as personalidades dos heróis ainda não fossem muito bem definidas, as tramas primavam pela imprevisibilidade dos conceitos e bom uso da mitologia do Universo DC.

Lana Lang, interesse amoroso de Clark Kent nas histórias do Superboy, também desenvolve superpoderes e se torna a Rainha-Inseto, numa das sequências de aventuras mais improváveis da época. Assim como Pete Ross e Jimmy Olsen, é o caso de personagem já estabelecida ganhando roupagem diferenciada com a Legião. E não para por aí.

Também há presença de versões "Bizarro" dos legionários, e até uma guerra entre Krypton e a Terra, antecipando em algumas décadas eventos recentes na vida do Homem de Aço, e apresentando uma ancestral da sereia Lori Lemaris.

A maioria das histórias se resolvia numa única edição, porém alguns épicos se entendiam por duas partes, caso de Computo de Conqueror, sobre uma inteligência artificial desenvolvida por Brainiac 5, que termina de forma trágica para a Legião. Aventuras com consequências marcantes eram um avanço para a época, e os legionários aproveitavam o fato de terem um "cantinho próprio" no Universo DC.

Nas três últimas histórias deste encadernado, o roteirista Jim Shooter fez sua estreia profissional, com apenas 13 anos. Leitor voraz, ele decidiu que poderia fazer a diferença na Legião dos Super-Heróis levando para o título uma sensibilidade que encontrava nas revistas da Marvel, e que, na sua opinião, faziam falta.

Apesar de um estilo ainda bastante cru, a diferença do estilo de Shooter em relação aos roteiristas anteriores é notável, já que ele investiu em ação ininterrupta, caracterizações mais bem pensadas e narração cheia de hipérboles. Como não tinha experiência em roteiros, ele fazia esboços de suas histórias, os quais enviava para o editor Mort Weisinger sem que este desconfiasse de sua idade.

Contando com grande número de jovens heróis com poderes variados e uniformes coloridos no futuro, a série logo se tornou uma sensação entre o público, persistindo ao longo das décadas. Para os aficionados por super-heróis, é a chance de conhecer um dos pontos altos do gênero.

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