SIM, AMOR
Autor: Quino (texto e arte).
Preço: R$ 30,30
Número de páginas: 72
Data de lançamento: 2005
Sinopse: Coletânea de cartuns em que o argentino Quino usa o casamento como tema.
Positivo/Negativo: Como já foi dito em outras duas resenhas (veja aqui e aqui), a coleção dos cartuns de Quino da editora Martins Fontes tem um único defeito: os álbuns não trazem uma linha biográfica sequer, nem mesmo para dizer que o autor é o criador da genial Mafalda.
Afora isso, são todos uma beleza. Têm belo tratamento gráfico e tradução impecável. E, claro, o talento imbatível de Quino.
Ele é um autor de traços suaves, mas incisivos. É, como todo cartunista genial, um artista sem firula. Desenha o que precisa desenhar, seja um punhado de traços ou, como no caso de um dos cartuns deste livro, um quarto com algumas centenas de olhos, orelhas e fechaduras espalhadas pelas paredes.
Explicar o motivo é estragar a piada, mas vá lá: sentado na cama de um quarto de hotel, um casal recém-casado vê o serviçal fechar a porta, dando indício de que a farra vai começar. As orelhas, os olhos e as fechaduras, claro, representam o resto do mundo, e suas expectativas a respeito dos noivos.
É essa a visão que Quino tem do casamento e do amor em Sim, amor, que publica cartuns compilados originalmente no álbum argentino Si, cariño, de 1987.
O autor deixa claro que, no fundo, há algo de bom nisso tudo. Mas que há muita chatice também. São essas evidências anti-românticas que o argentino traz à tona.
No conjunto, entra a indefectível sogra chata e a onipresente sensação (quando não o fato) da traição, mas também a rotina devastadora e a frustração da vida a dois. Para isso, usa seu humor cândido e, por vezes, fantasioso.
Ao explorar o amor, Quino tem um reforço de peso: suas famosas expressões faciais. Ligeiramente patéticas, são perfeitas para o tema.
Sim, amor é um trabalho de um cronista brilhante, uma experiência estética riquíssima e uma antologia impecável. Mas, mais do que tudo, é uma leitura deliciosa.
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