Confins do Universo 204 - Marcelo D'Salete fazendo história (em quadrinhos)
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SIN CITY O ASSASSINO AMARELO

1 dezembro 2003


Título: SIN CITY: O ASSASSINO AMARELO (Pandora Books) - Edição especial

Autores: Frank Miller (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 34,90

Número de Páginas: 220

Data de lançamento: Maio de 2003

Sinopse: Falta uma hora - só uma horinha - para o policial Hartigan se aposentar. Só 60 minutos. Mas Morales, um informante, ligou, e o cara tem uma última tarefa: deter um estuprador pedófilo que maltrata as meninas porque só consegue sentir prazer ouvindo seus gritos.

Hartman sabe que são poucos os tiras honestos da Cidade do Pecado. E que, se não for ele, provavelmente ninguém vai deter o maníaco - que é filho do poderoso e corrupto senador Roark, que encobre as barbaridades para que Júnior possa se tornar presidente dos Estados Unidos.

Uma hora é o tempo que Hartman tem para deter os criminosos. Uma hora que se torna uma pena de oito anos depois que seu parceiro atira pelas costas para salvar o filho do senador.

Positivo/Negativo: Na revista Trip de junho, Marcelo Yuka, ex-baterista do Rappa, baleado no Rio de Janeiro, diz: "Não vi as balas chegarem, como se vê num filme de Hollywood. Vi meu corpo explodir. Só isso. Não é como se viesse uma coisa de fora, mas de dentro. Meu braço explodiu, segurei duas partes dele. Fui explodindo".

O Assassino Amarelo causa a mesma sensação. O livro está nas suas mãos, como se fosse um Bone, uma coletânea da Mônica ou qualquer outra coisa. De repente, ele explode. O roteiro surpreende o leitor e arranca um pedaço. Por crueldade. Por maldade. São tiros seqüenciais de um Frank Miller que alcança o auge.

Um Miller que, por sinal, está muito mais perto do doentio e vertiginoso Cavaleiro das Trevas 2 do que do primeiro e das histórias do Demolidor. É um Miller que sabe se demorar no texto, desacelerando o ritmo e fazendo o leitor ficar na mesma página por mais de um minuto. Mas sabe também sugar a agilidade dos mangás e provocar a passagem de olhos sobre dez páginas em um segundo, fazendo com que os quadrinhos virem quase flipbooks, como na cena da dança no cabaré.

Com tantas surpresas, não vale a pena se aprofundar nessa análise - sob o risco de revelar ao leitor mais surpresas do que o bom senso deste comentador permite.

Não dá para se limitar ao roteiro. A arte está soberba. Mesmo que os contrastes do preto e branco de Miller já tenham longevidade para não nos impressionar mais, não adianta: muitos quadros ainda deixam o leitor boquiaberto.

Mas nem tudo é perfeito. A edição foi levemente reduzida. Do formato americano, chegou aos 22,8 x 15 cm, o que definitivamente não compromete.

Porém, há erros de digitação no álbum. Em revistas de linha, apesar de ser chato, ainda passa, mas num livro que custa R$ 34,90 não dá. Isso é falta de revisão, de cuidado. Às vezes, acontece por azar, mas na primeira linha da primeira frase do álbum? Aí é dose.

Isso mesmo: está lá, na primeira linha: "Só falta mais um hora". Mais adiante, na mesma página, aparece um "passar os domigos" (faltou o "n"). Há alguns outros, como na abertura do terceiro capítulo: "meu parceiro meu deu seis tiros..." Tem um "u" a mais aí!

Dá pena, mas não tira o brilhantismo nem de Miller, nem do álbum. E muito menos o mérito da Pandora em lançar este material nestas bandas.

Classificação:

4,0

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