Os super-heróis há muito tempo ultrapassaram o limite dos quadrinhos para ganhar o mundo por intermédio do cinema, da televisão, dos games, e por que não, da literatura. Soon I will be Invincible é um romance assinado pelo novato Austin Grossman, que faz uso dos melhores elementos do gênero com personagens originais e uma trama diferenciada. E, mesmo com altos e baixos, consegue entreter.

Grossman cria todo um pano de fundo para seu universo de personagens superpoderosos, com uma história que vem desde os tempos da Segunda Guerra Mundial e envolve várias gerações de combatentes do crime.

O romance é narrado em primeira pessoa, alternadamente, pelo vilão Doctor Impossible, e pela nova heroína Fatale, ficando um capítulo para cada um. E o autor mergulha fundo na psique dos protagonistas, explorando origens, infância e motivações. O confronto de personalidades é um ponto forte da obra, que tenta responder questões como a origem do mal e o que constitui um herói.

É possível traçar paralelos entre os eventos e figuras proeminentes do livro com os conhecidos Universos Marvel e DC. Há uma equipe de heróis da Era de Ouro e seus herdeiros no presente, o justiceiro sem poderes que é exímio lutador, e a figura do gênio do mal.

O autor investe pesado no absurdo que tanto encanta nos super-heróis, deixando de lado qualquer tendência realista. Seus personagens viajam no tempo e através das dimensões, possuem poderes variados e sem restrições, escapam incólumes de confrontos memoráveis e respiram frases de efeito.

E é justamente nessa opção pelo absurdo que reside o maior charme do romance.

Mas o texto também tem suas falhas, frutos possivelmente da inexperiência de Grossman. Após estabelecida a ambientação e os conflitos iniciais, a narrativa perde fôlego, enveredando por tediosas páginas nas quais pouco acontece.

Mesmo cheio de elementos fantásticos, Soon I will be Invincible carece do suspense que prenda a atenção do leitor e o faça vibrar a cada combate. Pontos de virada e revelações inesperadas surgem sem muito efeito. A prosa super-heroica diverte, mas fica a sensação de potencial desperdiçado.

O livro conta com uma linha do tempo adicional para situar o leitor, além de fichas detalhadas dos personagens. Mas o melhor são as páginas com ilustrações do consagrado Bryan Hitch, simulando capas de revistas em quadrinhos imaginárias com os heróis do romance. Apesar dos problemas, há aqui uma prova incontestável da versatilidade dos justiceiros de roupas colorias e cuecas por cima das calças.