Squadron Supreme
Editora: Marvel Comics – Edição especial
Autores: Mark Gruenwald (roteiro), Bob Hall, Paul Neary, Paul Ryan e John Buscema (desenhos), Sam De La Rosa, John Beatty, Keith Williams, Jackson Guice e Dennis Janke (arte-final), Christie Scheele, Mark Phillips, Bob Sharen, Michael Higgins, Max Scheele e Ken Feduniewicz (cores) e Jerron Quality Color (restauração).
Preço: US$ 29,99
Número de páginas: 352
Data de lançamento: 1997
Sinopse
Uma odisseia heroica sem precedentes começa quando os integrantes do Esquadrão Supremo decidem fazer da Terra um paraíso, erradicando o crime, a violência, a pobreza, a poluição e as guerras. Mas o preço da utopia pode ser alto demais: a própria noção de liberdade individual dos seres humanos.
Positivo/Negativo
“Antes de Watchmen... antes de Marvels... antes de Reino do Amanhã...”. Assim a poderosa Marvel Comics apresenta uma de suas mais ambiciosas histórias, na quarta capa do encadernado de Squadron Supreme. Originalmente uma minissérie em 12 capítulos – mais um interlúdio no título mensal do Capitão América – a saga do Esquadrão Supremo começou a ser publicada em 1985, e pode ser considerada a obra máxima do falecido roteirista e editor Mark Gruenwald.
Mais conhecido por seus longos anos à frente do Sentinela da Liberdade, Gruenwald acabou tão orgulhoso de sua investida com o Esquadrão que deixou um legado inaudito: após a cremação, suas cinzas foram misturadas com a tinta de impressão do livro, eternizando-o nas bibliotecas particulares dos leitores.
Mas o que se deve discutir, anos depois, é a qualidade da obra, assim como sua importância para a evolução dos super-heróis. E não se pode negar o quanto Squadron Supreme é uma trama vigorosa e provocativa, efetivamente criando novas tendências no gênero. E tudo soa ainda mais curioso quando se recorda a origem dos personagens.
Em suas aparições iniciais, nos títulos dos Vingadores, os membros do Esquadrão Supremo nada mais eram que versões alternativas da icônica Liga da Justiça, da rival DC Comics. O versátil escritor Roy Thomas brincava com o conceito de realidades alternativas para colocar as duas equipes em rota de colisão, para deleite dos fãs da velha guarda.
Aquelas edições tiveram grande impacto sobre Mark Gruenwald, fã confesso da Liga da Justiça que viria a fazer carreira na Marvel, inspirando gerações de artistas. Foi dele a ideia de revitalizar o Esquadrão Supremo numa perturbadora nova série, levando os personagens em direções nunca antes imaginadas.
A minissérie questionou o ideal do heroísmo num contexto realista, em que toda ação tem consequências drásticas, e o desejo de fazer do mundo um lugar melhor pode resultar na maior das tragédias. Nomes como Hyperion, Falcão Noturno e Princesa do Poder se afastaram em definitivo de suas contrapartes mais conhecidas, e não havia mais limites para a imaginação fervorosa do autor.
O conceito de heróis superpoderosos impondo uma utopia à humanidade foi trabalhado de forma sóbria e sem concessões, antecipando conflitos que ainda marcariam clássicos da nona arte. O recurso mais dramático do arsenal desses pretensos salvadores foi a máquina de mudança de padrões mentais, usada para eliminar o comportamento criminoso da sociedade.
Assim, Squadron Supreme se distancia das narrativas convencionais de super-heróis, por focar dilemas éticos e o conflito entre certo e errado no mundo, em vez de mostrar os manjados embates contra bandidões sanguinários. Habitando um mundo paralelo dotado de regras próprias, o Esquadrão Supremo estava livre das convenções do Universo Marvel tradicional, e Gruenwald aproveitou a oportunidade. O material, aliás, chegou a sair parcialmente no Brasil, na década de 1990, na revista Marvel Force, da Globo.
Infelizmente, porém, os ilustradores não estavam à altura da tarefa. Bob Hall e Paul Ryan são donos de traços pouco atrativos, quase medíocres. É fato que o gibi teria se beneficiado muito de um artista de talento como Alan Davis ou George Pérez, mas nem tudo pode ser perfeito.
Em tempos mais recentes, o ideal heroico por trás do Esquadrão Supremo repercutiu em títulos de sucesso esmagador, tais como The Authority e Os Supremos, além de mais uma releitura adulta dos personagens pelas mãos de J. Michael Straczynski, na linha Marvel Max.
Como roteirista, Gruenwald pode estar longe de ser um Alan Moore, mas sua originalidade e coragem não devem ser subestimadas. Este encadernado conta ainda com textos assinados por artistas do porte de Mark Waid, Kurt Busiek e Alex Ross, dentre outros, que celebram o legado do autor e sua obra.
Para entender um capítulo perdido no desenvolvimento dos super-heróis como literatura adulta, e apreciar uma história de fôlego em sua totalidade, Squadron Supreme é leitura recomendada. E com louvor.
Classificação