STARMAN OMNIBUS - VOLUME 1
Editora: DC Comics - Edição especial
Autores: James Robinson (roteiro), Tony Harris, Teddy H. Kristiansen, Matt Smith, Tommy Lee Edwards, Stuart Immonen, Chris Sprouse, Andrew Robinson, Gary Erskine, Amanda Conner (desenhos), Wade Von Grawbadger, Matt Smith, Christian Hojgaard, Bjarne Hansen, Kim Hagen, Gary Erskine (arte-final), Gregory Wright e Ted McKeever (cores).
Preço: US$ 29,99
Número de páginas: 448
Data de lançamento: Junho de 2012
Sinopse
Reimpressão das primeiras 17 edições da série mensal Starman, publicada originalmente na década de 1990.
Positivo/Negativo
Uma das maiores qualidades do Universo DC após a unificação de suas múltiplas realidades alternativas, em Crise nas Infinitas Terras, de 1986, foi a composição de uma linha temporal mais completa, que mesclou os elementos dos super-heróis da Era de Ouro com os personagens contemporâneos.
Assim, ficou estabelecido que a Sociedade da Justiça da América lutou durante a Segunda Mundial, e que seus sucessores da Liga da Justiça surgiram décadas mais tarde, após o surgimento do Superman, com a ideia de um legado tão marcante na editora.
O Homem de Aço já não era mais o primeiro super-herói do mundo, mas o catalisador de uma nova geração que honrava os originais. E o conflito nunca foi tão bem explorado como em Starman, série mensal que teve todas as edições escritas por James Robinson (depois passou a contar com o apoio cinematográfico de David S. Goyer) e, ao menos nos primeiros anos, a arte diferente e eficaz de Tony Harris. Essa equipe de criadoras introduziu um novo herói relutante com a cara dos anos 1990, e criou um dos melhores quadrinhos de super-heróis de todos os tempos.
É interessante notar que Starman surgiu diretamente das páginas do fraco crossover Zero Hora, de Dan Jurgens, e pode ser considerada a única consequência aproveitável da saga. Mas as ideias de James Robinson vieram bem antes, da intenção de investir no gênero de quadrinhos adultos popularizado por Alan Moore em Monstro do Pântano e Watchmen.
O autor aproveitou o Starman clássico da DC - um antigo integrante da Sociedade da Justiça - e se propôs a narrar as desventuras de seu filho sem inclinações para o heroísmo, num contexto realista e maduro.
Assim, Jack Knight surgiu como um perito em antiguidades, colecionador de artefatos raros e herdeiro de uma tradição heroica para a qual pouco ligava. Por força das circunstâncias, se vê obrigado a portar o bastão cósmico do pai e defender sua cidade de um terrível mal, e o uniforme diferenciado que adota refletiria sua personalidade.
É notável o foco do texto na relação entre pais e filhos, tanto da parte dos heróis quanto dos vilões, e todo o cuidado de Robinson e Harris na composição de um ambiente crível e verossímil, ainda que dotado de elementos fantásticos. O autor estava decidido a dar vida à fictícia Opal City, e seu empenho gerou ótimos resultados.
A exemplo do trabalho aclamado de Neil Gaiman, em sua obra-prima Sandman, o Starman de James Robinson foi uma série autoral caprichada, na qual prevaleceu a visão pessoal do autor, mesmo sendo estrelada por super-heróis e bem inserida no Universo DC.
Há toda uma rica mitologia que envolve o passado de Opal City, clãs de policiais e até segredos ocultos de personagens preestabelecidos. Robinson opta por seguir um padrão de edições temáticas de tempos em tempos, como aquelas em que Jack conversa com o irmão falecido, ou as de tempos passados, em que até o escritor Oscar Wilde chega a ter destaque.
Além das personalidades muito bem construídas, há um clima de suspense que combina perfeitamente com momentos mais reflexivos, gerando uma sensação de imprevisibilidade.
A arte de Tony Harris consegue ser sombria e expressiva, pouco usual, e diferente de tudo que se espera de um título de super-heróis. As contribuições de ilustradores como Stuart Immonen e Amanda Conner também fazem bonito.
Há ainda um conto estrelado pela Sociedade da Justiça, com arte de Matt Smith, que expõe alguns esqueletos no armário desses super-heróis tradicionais e antecipa sagas como a bombástica Crise de Identidade. Não é para menos que Robinson colaborou na recriação da equipe para os tempos modernos, num título que ajudou a consagrar o roteirista Geoff Johns.
A DC Comics republicou toda a série em edições em formato Omnibus, primeiro com capa dura e agora em capa cartão, numa oportunidade perfeita para novos fãs e colecionadores.
O volume conta com diversos esboços e textos do roteirista James Robinson, em que ele explora temas de bastidores e da concepção de Starman. O leitor fica sabendo, por exemplo, como foi importante a supervisão do editor Archie Goodwin, além das diversas influências do autor.
Pena que, no Brasil, a Panini tenha lançado apenas um encadernado de Starman, compilando as nove primeiras HQs da série, e, depois disso, não tenha nem acenado com uma continuidade. Os leitores ficaram a ver estrelas, com o perdão do trocadilho.
Esta é uma série de super-heróis que provou o valor de se visitar o passado e valorizar a História, mas sem perder o foco no futuro. Nada menos que obrigatório.
Classificação: