Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Reviews

StormWatch – Volume 1

13 março 2015

StormWatch – Volume 1Editora: Panini Comics – Edição especial

Autores: Warren Ellis (roteiro), Tom Raney com Pete Woods e Michael Ryan (desenhos), Randy Elliot e Richard Bennet (arte-final) e Gina Going (cores), Laura DePuy, WildStorm FX e Quantum Color FX (separação) – Originalmente publicado em StormWatch # 37 a # 42.

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Março de 2015

Sinopse

Começa um novo capítulo na jornada do supergrupo StormWatch, força-tarefa especial a serviço da Organização das Nações Unidas na defesa do planeta. Com o reforço de Jack Hawksmoor, Rose Tatoo e Jenny Sparks, esses heróis improváveis e radicais não terão descanso.

Positivo/Negativo

A estratégia de divulgação deste encadernado de StormWatch já deixa claro qual a importância do título produzido em finais da década de 1990. Foi nessas páginas que o roteirista Warren Ellis inseriu personagens e situações que resultariam na bombástica The Authority, anos depois, revitalizando o gênero dos super-heróis.

Mas seria injusto reduzir a colaboração de Ellis com o ilustrador Tom Raney a mero prelúdio de aventuras mais grandiosas, já que ela tem mérito próprio.

De certo modo, o grande barato dos textos do escritor não está nos enredos ou no desenvolvimento de personagens, como ocorre com muitos de seus colegas. O diferencial é justamente sua atitude arrojada, uma visão de mundo única e inconfundível. Os super-heróis de Ellis estão longe de serem bons moços simpáticos e sorridentes. Eles se portam com cinismo e arrogância, são malvadões mesmo, porém dotados de um idealismo que contagia. E querem fazer justiça e mudar o mundo, a qualquer preço.

Por outro lado, vale ressaltar que, ao menos nas histórias deste volume inicial, a prosa de Warren Ellis ainda não estava tão poderosa. É possível notar o cuidado na composição de tramas e um paradigma no lado oposto do espectro ocupado por Mark Waid e Kurt Busiek.

Fora isso, ele acaba recaindo em historinhas comuns, do tipo “vilão da semana”, com alguma evolução na vida pessoal dos protagonistas. O resultado sobressai pela “atitude”, mas ainda não é uma revolução.

O próprio autor confessa que foi abandonado a sutileza ao longo da série, para investir em murros e explosões cada vez mais destruidoras. No processo, alcançou o auge em The Authority. Curiosamente, o melhor momento aqui é o conto que foge desse padrão, com a tentativa de recrutamento de um jovem que, em segredo, matava inocentes por diversão.

Para os fãs, é interessante conferir a introdução de figuras como Jack Hawksmoor e Jenny Sparks, duas grandes personalidades do Universo WildStorm. O mundo idealizado por Jim Lee sempre foi fértil em anti-heróis, agências de espionagem e moral questionável, e Ellis se adaptou perfeitamente ao contexto.

Em termos de arte, contudo, o material decepciona. Tom Raney em especial não apresenta nada de mais inspirado em seu trabalho, e o resultado são cenas banais e expressões sem carisma. Natural que a editora não investisse muito na revista em sua fase de transição, incapaz de prever o que viria a seguir. Mas acaba prejudicando o produto final e pode afastar público.

StormWatch saiu numa época em que a ênfase mudava novamente dos desenhos para o texto, e a predileção do escritor pelo lado grotesco da ação merecia imagens mais impactantes.

A série deixou um legado para os quadrinhos de super-heróis, e reinterpretações posteriores desses personagens mantiveram acesa uma chama criativa, ainda que sem o mesmo brilho.

Com exceção da fase de The Authority assinada por Mark Millar e Frank Quitely, ninguém os tratou tão bem como o próprio Warren Ellis. Revistas estreladas por personagens consagrados, a exemplo de Liga da Justiça e Os Supremos, absorveram a energia diferenciada dessas histórias, mas mantendo suas qualidades próprias.

No fim das contas, o que fica do StormWatch e o faz merecedor de atenção é como o material contribuiu para a evolução de um gênero, expressão de um autor de voz própria que nunca aceitou a mesmice.

Classificação

3,5

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