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SUNDIATA, O LEÃO DO MALI - UMA LENDA AFRICANA

1 dezembro 2005


Título: SUNDIATA, O LEÃO DO MALI - UMA LENDA AFRICANA (Companhia
das Letras
) - Edição especial

Autor: Will Eisner (texto e arte).

Preço: R$ 29,00

Número de páginas: 32

Data de lançamento: Abril de 2004

Sinopse: "Quando o terrível Sumanguru poupou da morte o pequeno
príncipe coxo, dizimando o resto do Mali e instaurando um reinado de trevas,
não podia imaginar que, anos mais tarde, aquela criança se tornaria um
bravo guerreiro. O valente Sundiata será o único homem capaz de liderar
um exército para enfrentar as forças do mal e erguer uma nação pacífica."

Positivo/Negativo: Se bobear, você vai demorar mais tempo lendo
esse review do que à história em si. Esse é o único ponto negativo
em Sundiata. Sendo uma obra de Eisner, não há do que reclamar quanto
ao ritmo, ao traço, à dramaticidade etc.

Embora muito se compare a linguagem dos quadrinhos à do cinema, Sundiata
está mais para teatro épico (perfeitamente condizente com a natureza da
história em questão). Por ser uma obra voltada para o público infantil
e uma lenda antiga, não espere profundas análises introspectivas.

Num reforço ao caráter teatral da obra, há "interpretações" tão precisas
dos personagens que é possível entender o essencial só de ler as figuras,
descartando as palavras. Essa capacidade de contar histórias através de
"imagens pictóricas e outras justapostas em seqüência deliberada" (como
define os quadrinhos Scott McCloud, de Desvendando os Quadrinhos,
deixando claro que as palavras não são, nem nunca foram, indispensáveis
a essa arte, não sendo ela, portanto, um subgênero literário), aliada
a uma impecabilidade no trato com a forma, faz de Eisner o Moisés dos
quadrinhistas.

A história opõe elementos chaves do gênero humano (com o maniqueísmo que
esse tipo de lenda demanda), como arrogância e humildade, tirania e liderança
e outros. A personalidade dos antagonistas fica patente por suas feições
e expressões, sendo o mocinho o de semblante calmo e traços leves e harmônicos.

Isso não é um defeito, claro. É apenas um modo simples (e deveras eficaz)
de apresentar já de início as personagens e suas intenções aos leitores
mais jovens, que são o público original. E obviamente não impede que um
pai ou irmão mais velho, interessados em quadrinhos, venham a ser introduzidos
ao trabalho de Eisner.

Apesar da excepcional edição final, com formato grande, impressão impecável
e papel precioso, não se pode negar que Sundiata seja um tanto
caro, em relação ao número reduzido de páginas. Também não é, por certo,
o melhor do Eisner. No entanto, pelo menos até o momento, uma coisa é
certa: depois de ler qualquer uma de suas HQs, vale passar alguns meses
sem passar numa banca.

Classificação:

4,0

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