SUPER-HOMEM - ALÉM DA MORTE
Título: SUPER-HOMEM - ALÉM DA MORTE (Editora Abril) - Edição especial
Autores: Roger Stern e Jerry Ordway (roteiro), June Brigman e Tom Grummet (desenhos) e Jackson Guice, Dennis Janke e Doug Hazlewood (arte-final).
Preço: na época era variável, de acordo com uma tabela da editora
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Junho de 1994
Sinopse: ...O Futuro de Metrópolis - Diante da necessidade de um novo defensor para Metrópolis, Lex Luthor II reativa a Equipe Luthor, criada após Invasão, no período em que o Super-Homem se exilou no espaço, e a entrega sobre o comando da Supermoça.
E faz isso com uma pesada campanha publicitária, para convencer as autoridades municipais a lhes darem a mesma liberdade de ação concedida ao finado Homem de Aço. Mas a inexperiência da equipe, que em sua primeira missão é chefiada pelo próprio Luthor, pode causar sérios resultados.
Vida após a morte - Durante o infarto que o fulminou no último
número de Funeral para um amigo,
Jonathan Kent tem uma experiência extracorpórea no limbo que divide o
mundo dos vivos e dos mortos, onde precisa lutar para salvar não apenas
sua alma, mas também a de seu amado filho, vítima do engodo de demônios.
Enquanto isso, Metrópolis e a Terra presenciam estarrecidos enquanto não um, mas quatro indivíduos clamando ser o Super-Homem entram na ativa.
Positivo/Negativo: Seqüência direta da minissérie em quatro edições Funeral para um Amigo, este especial traz compila duas edições especiais lançadas nos Estados Unidos durante a época da morte do Super-Homem.
A primeira história foi originalmente publicada em Supergirl and the Team Luthor e mostra o esforço de Lex Luthor II para formar uma equipe para proteger a cidade de ameaças terroristas e meta-humanas.
O tema jamais mereceria uma edição inteira para ser explorado e poderia ser facilmente apresentado de forma diluída nas demais histórias. A prova é esta aventura apenas mediana.
Por trás da iniciativa, porém, havia a clara intenção da DC de estudar o mercado para o lançamento de um futuro título da Supermoça, fato que se concretizou após o retorno do Super-Homem, com uma minissérie em quatro partes realizada pela mesma equipe deste especial. Saiu no Brasil entre os números 4 e 7 da revista Superboy (primeira série - 1995) e suas "sementes" foram plantadas no final de Super-Homem - Além da morte.
A trama de Roger Stern é desinteressante e pouco original, reutilizando uma premissa já explorada por John Byrne ao mostrar Luthor manipulando terroristas para conseguir a atenção desejada.
Existe ainda uma cópia descarada da Sala de Perigo dos X-Men, onde a Equipe Luthor e a Supermoça fazem seus treinamentos. Ainda assim, existem passagens interessantes, como ver Lex utilizando uma armadura de combate (algo remanescente dos últimos anos antes de Crise nas Infinitas Terras) e o fato de mostrar que pessoas ainda estão sendo salvas dos soterramentos causados pela batalha com Apocalypse, argumento que teria grande valor nos desdobramentos após a volta do Super-Homem.
O ponto mais frustrante é constatar que a Abril pulou uma história da saga Morte-Retorno. Durante uma conversa entre dois personagens, é mencionado que o Cadmus não conseguiu clonar o corpo de Kal-El por ele ser invulnerável, mas gravou o seu padrão genético num arquivo cujo acesso ao então diretor Westfield foi negado.
Por isso, despachou o clone do Guardião (Jim Harper), Auron, para recuperar os arquivos, mas os padrões mentais de Harper se fizeram proeminentes e sua cópia não apenas destruiu os dados antes de caírem nas mãos do diretor, como fugiu para o espaço.
A história foi originalmente publicada em Legacy of Superman, mas foi pulada pela Abril, fato comum em seus anos editando super-heróis. Somente mais de seis meses depois, em Super-Homem # 129 (primeira série - março de 1995) a pequena aventura foi editada como prólogo da história que mostrava o destino de Auron.
Já a segunda aventura é a principal da edição. Originalmente publicada na edição comemorativa Adventures of Superman # 500, a trama pode ser considerada tanto um epílogo do Funeral, quanto um prólogo do Retorno.
Jerry Ordway se sai bem melhor que Roger Stern e acerta ao apresentar Jonathan Kent como protagonista. O simpático velhinho (aqui em sua versão pré-Legado das Estrelas) é um exemplo de obstinação e coragem, sendo a força motriz por trás da volta do espírito do Superman à Terra.
E, como aconteceu em alguns outros números da saga, Ordway ainda presta uma homenagem à versão pós-Crise da origem do último kryptoniano na seqüência em que Jon Kent acerta um espectro que se faz passar por Jor-El com uma pá.
Paralelamente, ainda é mostrada a última - e desastrosa - aventura do Predador. O personagem foi um famoso coadjuvante nos títulos do Superman no final dos anos 80 e começo dos 90, chegando a namorar Lois Lane. Além disso, o próprio Homem de Aço assumiu sua identidade quando sofreu um surto de dupla personalidade como resultado da execução dos vilões da Zona Fantasma.
Fica também o destaque para a breve, mas importante participação da entidade cósmica Kismet, que nos anos seguintes ganharia maior importância em eventos crucias na vida de Kal-El.
O arte-finalista Doug Hazlewood fez um trabalho fenomenal ao criar uma diferenciação na finalização do traço de Tom Grummet, para apresentar uma diferença entre o mundo dos vivos e o limbo onde pai e filho se aventuram, ajudado pela colorização diferenciada das duas realidades que a Abril buscou preservar.
O fechamento da edição é simplesmente espetacular, trazendo o aparecimento dos quatro Supermen em histórias de quatro páginas cada. A mais sensacional, de longe, é a seqüência criada por Dan Jurgens para ilustrar a estréia do "Homem do Amanhã", que viria a ser conhecido como Superciborgue.
Os autores continuam jogando com os leitores, deixando em aberto a maior de todas as perguntas: se Jonathan Kent realmente teve uma experiência além-vida e conseguiu trazer de volta o espírito de Clark, em qual dos quatro heróis ele encarnou?
A Abril lançou o especial com a mesma qualidade dispensada à minissérie Funeral para um amigo, exceto pela ausência da lombada quadrada, o que foi uma pena, pois não criou uma unidade gráfica à coleção da saga Morte e Retorno do Super-Homem.
Outro pequeno revés foi a escolha da capa. Adventures of Superman # 500 teve duas impressões: a edição de colecionador trazia uma bela pintura de Jerry Ordway colocando o leitor na pele de Jonathan Kent diante do espírito do Super-Homem com a mão estendida, enquanto a "comum" apresentava uma ilustração bastante genérica e pouco atrativa de Tom Grummet, que, infelizmente, foi a selecionada para a versão nacional.
Em determinado diálogo, a tradução ainda opta por uma citação à música Loura Burra, do rapper Gabriel, O Pensador, um recurso de "abrasileiramento" dos textos bastante comuns na Abril. A edição brasileira teve a vantagem de salvar a primeira história do total obscurantismo que ela mereceria, algo que a original norte-americana não teve.
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