SUPER-HOMEM - FUNERAL PARA UM AMIGO # 2
Título: SUPER-HOMEM - FUNERAL PARA UM AMIGO # 2 (Editora Abril) - Minissérie em quatro partes
Autores: Louise Simonson e Dan Jurgens (roteiro), Jon Bogdanove e Dan Jurgens (desenhos) e Dennis Janke e Brett Breeding (arte-final).
Preço: na época era variável, de acordo com uma tabela da editora
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Março de 1994
Sinopse: Enquanto Metrópolis busca se reconstruir do rastro de devastação deixado pela épica batalha entre Super-Homem e Apocalypse, o funeral do herói é preparado em meio à dor daqueles que partilhavam de sua vida íntima ou foram ajudados pela sua nobreza.
Enquanto a notícia da morte do último kryptoniano cruza a galáxia, seu sepultamento na cidade que tanto amou promete ser de grande comoção e repleto de conflitos.
Uma semana após o funeral, chega a época de natal e os maiores heróis do planeta se unem para homenagear o Super-Homem procurando dar prosseguimento a uma tradição mantida por ele: ler todas as cartas a ele destinadas no correio de Metrópolis e buscar atender o máximo de pedidos possíveis.
Paralelamente, o Projeto Cadmus tem planos bizarros para o corpo do herói.
Positivo/Negativo: Esta edição finalmente explora o lado emocional
da perda do maior herói da Terra, algo que o primeiro
número apenas pincelou. O maior mérito dos autores Louise Simonson
e Dan Jurgens, responsáveis pelo argumento das duas histórias, é fazê-lo
sobre uma aura de respeito e imponência - como era esperado -, mas sem
apelar para sentimentalismos.
A trama procura retratar o vácuo deixado pela partida do Super-Homem na vida de seus entes queridos, de seus colegas heróis e das pessoas comuns que se inspiravam nele diariamente.
Interessante como os autores também não fecham os olhos à possibilidade de pessoas quererem lucrar com a morte de Kal-El; e permeiam as páginas com vigaristas e terroristas que querem se valer do evento do seu enterro para promoverem a si ou suas causas, incluindo uma falsa "ex-mulher" disposta a contar ao mundo de seus anos secretos ao lado de Kal-El, para ira de Lois Lane.
Com belos e tocantes momentos, como as diversas reações de anônimos durante o cortejo do corpo até o túmulo e o primeiro contato entre Lois e o casal Kent após a tragédia, a primeira história tem a arte de Jon Bogdanove.
Considerado na época o "sucessor espiritual" de Joe Shuster, o desenhista começa aqui a apresentar uma mudança no seu estilo, antes definido por detalhismo e leveza (por vezes beirando o caricato e o cômico), para um traço mais grosseiro e rápido, que acompanhou todo o resto da saga Funeral-Retorno do Super-Homem e o restante de sua colaboração no título norte-americano Man of Steel.
Seu traço aqui ainda guarda uma certa beleza dos primeiros anos e seu trabalho com expressões faciais e sombras realmente impõe dramaticidade a várias cenas, valorizando de forma competente os momentos de emoção do roteiro de Louise Simonson. O ponto alto não é o sepultamento físico do herói, mas o simbólico, feito por seus pais na pequena fazenda onde ele cresceu.
A segunda história foca a ausência do Super-Homem e de sua força inspiradora. É um belo conto que retrata a verdadeira essência do herói: afinal, o Homem de Aço não era meramente um alienígena com superpoderes e uma capa vermelha, mas sim um exemplo de altruísmo e, simplesmente, bondade. Uma bondade que não enxerga continentes, credos e raças e que o fazia cruzar o mundo, buscando atender os mais diversos pedidos endereçados a ele no correio de Metrópolis.
Um dos pontos negativos é a arte da dupla Jurgens e Breeding. Tida como uma das melhores representações do Super-Homem na era moderna, falha de maneira assombrosa ao retratar uma das personagens-chave do segundo capítulo: a Mulher-Maravilha, bem longe do ideal de beleza grega.
O encontro entre Lois, o casal Kent e Lana Lang consome poucas páginas, apesar de trazer a importante decisão de não revelar ao mundo a identidade secreta do Super-Homem. Parece apresentado de forma corrida, sem dedicar a calma devida a um momento importante como a reunião das quatro pessoas mais significativas na vida do herói.
Ainda assim, este segundo número é superior ao primeiro e dá a real magnitude da perda do Super-Homem.
O prosseguimento da trama conspiratória em torno do rapto do corpo pelo Cadmus apenas alimenta no leitor mais dúvidas sobre como o herói voltará (algo sobre o qual não paira dúvidas) e aponta que esta é a subtrama principal deste arco, algo a ser mais explorado nos números seguintes.
Classificação: