Quando os visitantes do futuro Cósmico, Moça de Saturno e Rapaz-Relâmpago apareceram pela primeira vez no papel de coadjuvantes numa história do Superboy, na edição # 247 de Adventure Comics, em 1958, ninguém imaginava o quão longe eles chegariam.

Décadas mais tarde, a Legião dos Super-Heróis evoluiu muito além dos três membros fundadores, tornando-se um dos mais numerosos e queridos grupos de personagens dos quadrinhos, tendo passado por diversas revistas mensais próprias, além de uma série em animação de sucesso e aparições no seriado Smallville.

Após Crise nas Infinitas Terras, a Legião e o século 30 passaram por diversas mudanças, todas devido à reformulação do Superman pelas mãos de John Byrne. Quando o artista estabeleceu que Clark Kent nunca fora Superboy, a origem dos aventureiros do futuro precisou ser modificada.

Assim, os Legionários foram privados de sua conexão com o último filho de Krypton. Mas o universo dos quadrinhos funciona em ciclos e, numa reformulação mais recente, a mudança foi desfeita e o Superboy, incluído novamente na história da equipe. E suas viagens ao século 31 ao lado desses adolescentes especiais são o tema de Superboy and The Legion of Super-Heroes - The Early Years.

Mesclando perfeitamente a nostalgia pela Era de Prata com o frescor dos novos tempos, o texto preciso de Paul Levitz explora o tempo que Clark Kent passou com seus primeiros amigos superpoderosos.

Viajando mil anos para o futuro, o Superboy teve experiências de vida memoráveis e libertadoras, algo bem distinto do que passava ao esconder seus poderes no século 21. Isso fica claro por meio de um artifício de roteiro que Levitz pega emprestado da história escrita por Geoff Johns em Superboy - The Boy of Steel, já que aqui é o jovem Clark que carrega um caderninho com uma lista de coisas que experimenta com a Legião e que não podia fazer em casa.

As novas aventuras do Superboy ao lado dos defensores do futuro estão longe de simples confrontos com supervilões. Além de temas recorrentes da juventude dos heróis, como paixões e uma partida de beisebol com superpoderes, há sacrifício pessoal, dilemas éticos pelo uso da telepatia e o drama do kryptoniano ao confrontar a própria morte.

Como no futuro a morte do Superman é um fato histórico, o jovem Kal-El precisa aprender a lidar com seu destino final. Por outro lado, sua jornada adquire contornos míticos quando o fundador da Legião, R. J. Brande, narra como as lendas do Homem de Aço o inspiraram através do tempo.

Sem dúvida, uma forma criativa de resgatar elementos perdidos da saga dos personagens e construir algo novo.

A arte, infelizmente, não está à altura da fascinante aventura futurista. O ilustrador Kevin Sharpe apresenta sérias limitações, especialmente nas expressões faciais, comprometendo o resultado geral. Sua composição de quadros é apenas correta, e até uma cena com a Moça de Saturno trajando uma versão pouco ortodoxa de seu uniforme falha em cativar o leitor.

A edição é um encadernado simples, sem extras. E, mais uma vez, o leitor fica com a certeza de que não há melhor guia para o século 31 do que o jovem Superboy.