Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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SUPERIOR

1 dezembro 2012

SUPERIOR

Editora: Marvel Comics - Edição especial

Autores: Mark Millar (roteiro), Leinil Francis Yu (desenhos), Gerry Alaguilan com Jason Paz e Jeff Huet (arte-final), Sunny Gho, Javier Tartaglia e Dave McCaig (cores).

Preço: US$ 14,99

Número de páginas: 200

Data de lançamento: Março de 2012

 

Sinopse

Simon Pooni é um garoto de 12 anos que sofre de esclerose, tendo comprometida sua capacidade de se locomover e o controle muscular da fala.

Sua vida transcorria sem grandes desdobramentos, até que um dia surge um macaquinho espacial que garante a realização de seu maior desejo. Então, Simon é transformado magicamente em Superior, um herói de quadrinhos dotado de poderes e habilidades fantásticos.

Assim, Simon consegue fazer a diferença no mundo, e ele terá uma semana para fazer uma escolha. Mas o preço pode ser alto demais.

Positivo/Negativo

Superior, fruto da junção entre o texto iluminado de Mark Millar e os belos desenhos de Leinil Yu, é uma das mais pujantes celebrações da fantasia adolescente dos super-heróis já vistas. Todo o realismo, a relevância e o cinismo que afloraram nos gibis do gênero nas últimas décadas dão lugar a uma atmosfera de inocência quase infantil, para contar a saga de um garoto que realiza seu desejo secreto.

Simon Pooni é um protagonista muito bem trabalhado, e a identificação dos leitores funciona como nos tempos da concepção de ícones como Clark Kent, Billy Batson e Peter Parker.

Quando Simon é transformado por um macaquinho espacial no personagem fictício Superior, o público vibra com ele e se vê imerso numa jornada ao mundo de sonhos e aspirações nobres, no qual ajudar o próximo já é sua própria recompensa.

Sim, Superior é um herói claramente inspirado em Superman e Capitão Marvel, mas a trama engendrada por Millar vai muito além das homenagens.

Mantendo a tradição do autor de abrir a série com uma cena de ação frenética, Simon e seu amigo Chris estão no cinema, assistindo à produção mais recente do poderoso Superior. Leinil Yu já mostra uma narrativa impressionante, marcando o melhor trabalho de sua carreira com a imponência do herói.

Já o roteiro de Millar explora bem as dificuldades do personagem central por conta da esclerose que afetou sua existência, bem como sua relação com a mãe e o melhor amigo. Quando o garoto é transformado em Superior, a narrativa intimista adquire novo fôlego, mas continua focada nos sentimentos. A sensação maravilhosa de estar livre da doença e dotado de superpoderes especiais é o grande trunfo da série, mas ainda há temperos bem preparados na forma da reação do planeta e de dilemas éticos contundentes.

E sem uma ameaça digna do super-herói definitivo, pois a carga dramática da história estaria comprometida. E aqui ela não chega na forma de supervilões, mas na própria fonte dos poderes de Simon. A explicação para o elemento fantástico da trama foge do lugar-comum e prova que deve-se, sim, ter muito cuidado com o que se deseja.

Millar tem se destacado nos últimos tempos por quadrinhos estilo blockbuster cinematográfico, gerando boas adaptações para a sétima arte e franquias rentáveis. Superior segue essa linha e pode ser comparado a Kick-Ass, sucesso recente do autor, por brincar com a ideia de um garoto comum que se torna super-herói.

A diferença é que aqui a violência cede lugar à fantasia pura. O objetivo do escritor não é mais explorar esses incríveis personagens sob uma ótica pós-moderna e desconstrucionista, mas resgatar sua identidade perdida. Millar nunca negou sua paixão pelo Superman, e talvez a maior frustração em sua carreira seja não ter a oportunidade de reformular o kryptoniano.

Ele já escreveu as aventuras do herói na cronologia da série animada em Superman Adventures, e numa realidade alternativa em Superman - Entre a foice e o martelo, mas sonhava criar sua versão pessoal para o mito, como já fizeram Mark Waid e Grant Morrison.

Assim, Superior funciona também como uma forma de dar sua palavra final sobre o Superman, que lançou o gênero super-heróis, e o fato de ter personagens originais torna tudo mais apreciável.

Um ponto que merece destaque em Superior é como a chegada do herói contribui para mudanças positivas no mundo. Se em muitas séries regulares o leitor se questiona por que as sociedades dos universos Marvel e DC continuavam as mesmas após décadas de intervenção de seres superpoderosos, na saga produzida por Millar e Yu, apenas uma semana de atividades do Superior é suficiente para gerar alterações significativas.

Desse modo, apesar da opção por revisitar um período mais inocente dos gibis, os autores não negam seus avanços, produzindo uma obra que se sustenta nos dias atuais e cativa tanto o leitor adulto quanto os mais jovens. Um exemplo disso é a personagem Maddie Knox, jornalista premiada cujo papel na trama vai muito além de uma Lois Lane.

Mesmo com referências ao trabalho do conceituado John Byrne com o eterno amor do Superman, Maddie afeta a carreira heroica de Simon como poucas vezes se viu a partir de um interesse afetivo.

A minissérie em sete partes, reunida neste encadernado em capa dura, fecha com uma bela homenagem aos filmes do Homem de Aço estrelados pelo eterno Christopher Reeve, com direção de Richard Donner. E é certo que gerações futuras poderão agradecer a Mark Millar e Leinil Francis Yu por, de novo, fazer acreditar que um homem pode voar.

 

Classificação:

4,0

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