Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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SUPERMAN # 1

1 dezembro 2012

SUPERMAN # 1

Editora: Panini Comics - Revista mensal

Autores: Superman - Qual é o preço do amanhã? (Superman # 1) - George Pérez (roteiro e esboços), Jesús Merino (arte) e Brian Buccellato (cores);

Supergirl em A Última filha de Krypton (Supergirl # 1) - Michael Green e Mike Johnson (roteiro), Mahmud Asrar (desenhos), Dan Green com Asrar (arte-final) e Dave McCaig (cores);

Superman contra a Cidade do Amanhã (Action Comics # 1) - Grant Morrison (roteiro), Rags Morales (desenhos), Rick Bryant (arte-final) e Brad Anderson (cores).

Preço: R$ 6,60

Número de páginas: 80

Data de lançamento: Junho de 2012

 

Sinopse

Superman - Qual é o preço do amanhã? traz o dia da inauguração do novo edifício do Planeta Diário e, em meio a intrigas diversas no meio jornalístico, o herói enfrenta uma criatura feita de fogo.

Supergirl - A última filha de Krypton - A adolescente superpoderosa Kara Zor-El está perdida na Terra, com lembranças vagas e um uniforme kryptoniano, quando é atacada por um exército de homens de armadura.

Superman contra a Cidade do Amanhã - Em seus primeiros dias de atividade e com os poderes ainda iniciando sua manifestação, o jovem Superman enfrenta políticos corruptos e é perseguido pela polícia. Mas nem ele poderia imaginar que a mente mais brilhante do mundo planejava uma armadilha para capturá-lo.

Positivo/Negativo

A primeira edição de Superman pela Panini após o reboot da DC Comics apresenta histórias que são um excelente ponto de partida para novos leitores ou veteranos que decidirem retomar a coleção. Foi no título do Homem de Aço que a iniciativa de reiniciar a cronologia do Universo DC mais teve força e mostrou-se significativo, com uma aparente volta às origens que não se apoia em nostalgia e define os rumos do personagem para o novo século.

Os roteiristas Grant Morrison e George Pérez apresentam um Superman jovem e rebelde, menos poderoso, mas muito mais assertivo, e brilham também ao compor um painel da cidade de Metrópolis com o elenco de coadjuvantes tradicionais e alguns novos rostos que darão muito o que falar.

Claro que se deve questionar a validade de mais uma reformulação do personagem tão pouco tempo depois das versões de Mark Waid e Leinil Francis Yu (O legado das estrelas) e da dupla Geoff Johns e Gary Frank (Origem secreta), e refletir sobre quanto poderá durar essa nova interpretação, mas as histórias são poderosas e cativantes a ponto de nos fazer esquecer o problema.

Na trama de abertura da revista, George Pérez e o habilidoso ilustrador Jesús Merino primam pela abordagem convencional, numa narrativa sem grandes reviravoltas, mas que introduz com mestria o novo mundo do último filho de Krypton. Lembrando em sua estrutura aventuras clássicas das décadas de 1980 e 1990, de autores como Cary Bates e Roger Stern, Qual o preço do amanhã? é focada na equipe de jornalistas e editores do jornal Planeta Diário, com destaque obrigatório para Lois Lane, Jimmy Olsen, Perry White e algumas figuras que o leitor encontra pela primeira vez.

As sequências de ação também seguem bem conduzidas pela dupla de criadores e, embora pareça inicialmente apenas um "vilão do mês", há pistas de uma trama maior sendo preparada. Leitores mais novos podem até se incomodar com o excesso de texto e da narrativa verborrágica do escritor George Pérez, mas o carinho dele pelos personagens e seu universo único garantem a leitura satisfatória.

Infelizmente, porém, a introdução da versão reformulada da Supergirl não é tão digna de elogios. A prima kryptoniana do maior herói do planeta é mais uma personagem que sofreu com excesso de versões conflitantes nos últimos tempos, e tudo indica que essa encarnação pós-reboot ainda falha em mostrar personalidade apreciável.

O pior é que a narrativa de Michael Green e Mike Johnson vai do nada a lugar algum, e eles parecem não ter ideia da trama que pretendem contar. O potencial da heroína Kara Zor-El é evidente, mas falta justamente uma nova direção de histórias dignas da Garota de Aço, que deem novo significado à sua presença na Terra e não se dediquem tanto aos mistérios de sua origem.

Green e Johnson podem encontrar esse caminho nos próximos meses, mas perderam a oportunidade de ouro de uma primeira edição para conquistar o coração do público. Ao menos a arte de Mahmud Asrar é competente e valoriza o novo visual da personagem.

Por fim, a estreia de Grant Morrison e Rags Morales em Action Comics marca a melhor história da publicação e a investida mais ousada de toda a nova fase da DC Comics. Este foi o título que deu início ao gênero dos super-heróis e à Era de Ouro dos quadrinhos, em 1938, e não se podia pedir menos de uma iniciativa que retomou do zero sua publicação.

O texto de Morrison está afiado e cheio de ideias arrojadas, como de costume, mas o que mais chama a atenção é a retomada dos conceitos originais de Jerry Siegel e Joe Shuster, criadores do Superman, que entendiam o personagem como um vigilante fora-da-lei com preocupações sociais e sem muito carinho pelos bandidos.

Em tempos recentes, autores como Chuck Austen e J. Michael Straczynski se propuseram a retomar o espírito das histórias de Siegel e Shuster, mas falharam. Morrison resgata as preocupações sociais da década de 1930 e ainda constrói todo um pano de fundo para a cidade de Metrópolis, com uma versão mais jovem e idealista de Clark Kent, que ganha logo a simpatia do leitor. O uniforme inicial do herói, uma camiseta apertada e calças jeans, pareceria fora de propósito pelas mãos de um escritor menos competente, mas funciona.

Rags Morales segue com seu padrão de desenhos habituais, funcionais porém um pouco esquisitos. É preciso adequar os olhos às suas figuras e composições, mas ele pode se revelar uma boa escolha.

Com exceção de Supergirl, que ainda não disse a que veio, a nova fase chegou arrasando. Após um longo período de indefinição criativa, Superman está novamente em boas mãos.

 

Classificação:

4,0

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