Superman # 1 - 5ª Série
Editora: Ebal – Revista mensal
Autores: Super-Homem, eu vou reprogramar sua vida! – Cary Bates (roteiro), Curt Swan e Tex Blaisdell (desenhos);
Ver Metrópolis com Clark Kent – E. Nelson Bridwell (roteiro), Kurt Schaffenberger (desenhos);
Detenham meu funeral! – Robert Kanigher (roteiro) e Murphy Anderson (desenhos).
Preço: Cr$ 4,00 (preço da época)
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Abril de 1977
Sinopse
Edição com três histórias em quadrinhos. Primeiro, o Super-Homem se depara com um mistério – como os fatos que deram origem ao surgimento do Batman e Flash podem ocorrer novamente, com dois garotos?
Depois, Clark Kent tem que servir de guia para um executivo que quer conhecer Metrópolis e ver o Homem de Aço em ação, mas diversas tragédias estão para acontecer, e não será fácil entrar em ação.
Finalmente, Supermoça é vítima de uma explosão que faz com que vire uma espécie de espírito.
Positivo/Negativo
Esta edição marca o início de mais uma série do Homem de Aço pela Ebal, a quinta. Embora o título da revista fosse Superman, nas HQs o personagem é chamado de Super-Homem. Por isso, esta resenha trará as duas grafias.
Foram editados 33 números nesse formato.
No começo da revista, um editorial fala da mudança de formato, explicando que o tamanho é “menor e mais atraente”, com 15, 5 x 22,5 cm. E segue, afirmando que “ficará melhor para os leitores guardarem suas revistas, pois agora elas não vão ocupar tanto espaço”.
Na verdade, na época, vários títulos da editora passaram ao mesmo tempo por essa mudança (1977), e o motivo, como sempre ocorre nesses casos, deve ter sido a queda nas vendas. Já estava em andamento a crise que encerraria a publicação dos títulos da DC Comics pela Ebal no início da década seguinte.
Como conta o jornalista Gonçalo Junior, no livro A guerra dos gibis (Companhia das Letras), depois que o fundador da Ebal, Adolfo Aizen, perdeu os direitos da Marvel para a Bloch: “Cansado, Aizen abriu mão de editar a DC em 1983. Os direitos foram para a Abril. A editora norte-americana ainda insistiu que o editor continuasse, por causa da tradição de publicar seus super-heróis. Aizen não quis. Preferiu se ligar cada vez mais aos livros infantis – seu catálogo, naquele momento, era bastante representativo em número de títulos”.
Sobre as HQs deste número, todas se passam na Era de Prata, que teve início em 1956, com o lançamento da revista Showcase # 4, que trazia uma nova versão do Flash, por Robert Kanigher (roteiro) e Carmine Infantino (desenhos), com supervisão do editor Julius Schwartz. HQs fantásticas, criativas, divertidas, como as desta edição.
A primeira aventura apresenta o clássico Super-Homem de Curt Swan, um dos grandes artistas da DC deste período, desenhando o personagem com aparência de meia-idade, na época em que ele tinha poderes titânicos, quase sem limites.
Como afirma um recordatório na primeira página, o Homem do Amanhã tem “um soco que poderia partir a Terra em bilhões de fragmentos”. O herói enfrenta um vilão algo ridículo, o Bate-Estacas Vermelho, que tem como superpoder um capacete que joga, dentre outras coisas, ar comprimido. Isso mesmo: ar comprimido. E quer enfrentar o Super-Homem. Coitado.
Em paralelo, Clark Kent acompanha a trágica história de um menino que perdeu os pais assassinados e de outro garoto que sofreu um acidente com um raio que atingiu produtos químicos. Assim, o Super-Homem desconfia que são os mesmos eventos que deram origem ao Batman e Flash, respectivamente, e acaba por encontrá-los em versões kids, de uniforme e tudo, quando fica sabendo que ele é o próxima da lista. Quem é o vilão por trás disso? Só na próxima edição!
A segunda aventura é criação de dois importantes criadores para os super-heróis da época, os ótimos E. Nelson Bridwell e Kurt Schaffenberger. As HQs escritas por Bridwell costumeiramente contam com uma dose de bom humor, como aqui, quando Super-Homem ciceroneia, a pedido de seu chefe, Morgan Edge, um executivo de uma filial da empresa que quer ver o Homem de Aço em ação, e, enquanto diversas situações que poderiam descambar em tragédia se sucedem, Super-Homem precisa dar um jeito de resolvê-las sem que seu acompanhante perceba.
Neste caso, de forma inadvertida o destaque fica para o início da HQ, que faz parte de uma série chamada A vida particular de Clark Kent, e começa com uma anotação de diário. Exatamente assim: “Querido Diário – Fui chamado à sala do chefão Morgan Edge muitas vezes sem conta. Mas hoje foi a primeira que me mandaram procurá-lo no terraço da WGBS”. Espere um pouco. “Querido Diário”? Como assim?
Quanto à HQ da Supermoça, o leitor confere mais uma “morte” da personagem. O fato é que Super-Homem, Batman e Superboy morriam constantemente durante as tramas da Era de Prata, mas sempre davam um jeitinho de voltar à vida antes do final da aventura. São numerosas capas que destacam esse tipo de história, mas que raramente chegava às vias de fato, naquela época.
Desta vez, a explosão de uma nave espacial faz com que as pessoas deixem de enxergar e ouvir Supermoça, como se ela fosse um fantasma. E todos choram sua morte, até mesmo o Supergato. Sim, ela era dona de um Supergato. E um Supercavalo, Cometa. E sim, era divertido.
Voltando, a heroína passa inadvertidamente a viajar pelo tempo, e em outras épocas as pessoas enxergam quando ela está em ação, ao contrário do que ocorre no tempo presente. Gente como o presidente Lincoln, Joana D’Arc e Isaac Newton!
Por fim, outra explosão de uma bomba faz com que ela volte ao “normal”, e conclua sobre tudo o que ocorreu – confira nas palavras da própria Moça de Aço: “A primeira explosão trouxe-me a um mundo negativo! É uma cópia exata da Terra! Mas quem está vivo aqui é um humano negativo lá! Quando morre, seu sósia negativo de lá se torna um ser normal positivo... e não é visto pelo povo negativo, que pensa que morreu!”.
Nem Grant Morrison entendeu direito.
Classificação