SUPERMAN #114
Editora: Panini Comics - Revista mensal
Autores: O Reino de Apocalypse - Conclusão (Action Comics # 900) - Paul Cornell (roteiro), Jesús Merino (arte) e Blond (cores);
O Reino dos Apocalypses - Parte 1 (Action Comics # 901) - Paul Cornell (roteiro), Kenneth Rocafort e Jesús Merino (arte) e Brad Anderson (cores);
O Reino dos Apocalypses - Parte 2 (Action Comics # 902) - Paul Cornell (roteiro), Kenneth Rocafort e Axel Gimenez (arte) e Brad Anderson (cores);
O Reino dos Apocalypses - Parte 3 (Action Comics # 903) - Paul Cornell (roteiro), Axel Gimenez (arte) e Brad Anderson (cores);
O Reino dos Apocalypses - Final (Action Comics # 904) - Paul Cornell (roteiro), Axel Gimenez e Ronan Cliquet (arte) e Brad Anderson (cores);
Sexta à noite no Século 21 (Action Comics # 900) - Geoff Johns (roteiro), Gary Frank (desenhos) e Brad Anderson (cores);
O incidente (Action Comics # 900) - David S. Goyer (roteiro), Miguel Sepulveda (desenhos) e Paul Mounts (cores);
"Apenas humano" (Action Comics # 900) - Richard Donner e Derek Hoffman (roteiro) e Matt Camp (storyboards);
Garoto perdido (Superman # 712) - Kurt Busiek (roteiro), Rick Leonardi (desenhos), Jonathan Sibal (arte-final) e Brad Anderson (cores).
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Reino de Apocalypse - Conclusão - Superman, Superboy, Aço, Supergirl, Erradicador e o perverso Superciborgue confrontam Apocalypse num universo compacto, sem desconfiar que a ameaça é muito mais mortífera do que imaginavam.
Reino dos Apocalypses - Os Heróis de Aço descobrem a verdade sobre os ataques de Apocalypse, e a batalha prossegue, agora na Terra.
Sexta à noite no Século 21 - Na confusão de seu trabalho diário, Lois Lane busca um anel de voo da Legião dos Super-Heróis. E o objetivo irá surpreender o Homem de Aço.
O incidente - Superman viola seu código de não-interferência em assuntos de política terrestre, causando um incidente internacional.
"Apenas humano" - Surge um concorrente para o maior herói do planeta quando um ex-atleta decide testar um traje de combate espacial que lhe confere superpoderes.
Garoto perdido - O cãozinho superpoderoso Krypto em meio aos eventos da saga Crise Infinita.
Positivo/Negativo
Esta edição marca o fim da série mensal publicada pela Panini desde novembro de 2002, preparando o terreno para os novos 52 títulos decorrentes do reboot da DC Comics, e o encerramento da cronologia do personagem iniciada por John Byrne em 1987.
Apesar das diversas Crises ocorridas desde então, e das eventuais mudanças na origem do Homem de Aço, o personagem ainda mantinha a essência e os princípios estabelecidos pelo artista em sua polêmica reformulação.
Agora, todas essas décadas de histórias chegam ao fim, abrindo espaço para a abordagem revolucionária de Grant Morrison à frente do Superman (que inclui um novo uniforme)... até que a editora decida mudar tudo novamente.
A Panini até se esforçou para apresentar uma despedida em grande estilo, com um volume de 144 páginas, histórias curtas de Action Comics # 900 e um card de brinde, além do aguardado conto estrelado por Krypto, o Supercão, mas a trama assinada por Paul Cornell que encerra uma era dos quadrinhos de super-heróis está longe de ser memorável.
É mais um festival de pancadaria envolvendo diversos heróis contra Apocalypse e seus clones, e apenas as últimas quatro páginas, um diálogo contundente de Clark Kent com sua esposa Lois Lane, oferecem alguma sensação de desfecho.
A saga Reino do Apocalypse já começou sem muita força, com confrontos burocráticos entre a criatura que matou Superman e os diversos heróis inspirados pelo kryptoniano. O roteirista James Robinson elevou o nível na edição anterior, e agora Paul Cornell mantém o ritmo na conclusão da aventura. Mesmo sem grandes arroubos de criatividade, o escritor mantém o interesse entre algumas surpresas e muita ação.
Ainda é pouco para a derradeira batalha do Superman pós-Crise nas Infinitas Terras, mas ao menos o herói volta a assumir papel de protagonista assertivo em sua própria revista, algo que estava fazendo falta.
A boa arte de Jesús Merino e Kenneth Rocafort é mais um ponto positivo, mas há absurdos como Lois Lane desenhada mais baixa que Jimmy Olsen e o Homem de Aço se fazendo de bala de canhão para se impulsionar rumo ao espaço.
É curioso notar que para o reboot anterior do personagem, em 1986, a DC escalou Alan Moore para encerrar décadas de cronologia na inesquecível O que aconteceu com o Homem de Aço?, e para a despedida atual, elegeu artistas pouco badalados, numa sequência de aventuras que é mais do mesmo e logo será esquecida.
É natural que a editora prefira centrar seus esforços nas sagas pós-reformulação, mas os leitores que acompanharam o Superman nas últimas décadas mereciam mais respeito.
As histórias curtas por artistas convidados, retiradas da edição comemorativa Action Comics # 900, acabam sendo o maior destaque da revista. A dupla Geoff Johns e Gary Frank, em especial, brilha com Sexta à noite no Século 21, uma gostosa trama de apenas quatro páginas. A equipe criativa mais competente a trabalhar com o Superman nos últimos tempos volta a investir na sua ligação com a futurista Legião dos Super-Heróis, e o resultando encanta pela simplicidade como humaniza o lado fantástico dos personagens.
O traço de Frank é realista, tendo Clark Kent as feições do ator Christopher Reeve, muito bem diagramado e apreciável, como de costume. Mesmo curtinha, representa o melhor de mais de sete décadas de Superman e já vale o investimento na edição.
Já em Incidente, uma ideia controversa do roteirista David S. Goyer retoma a sempre delicada mistura entre super-heróis e política internacional. Funciona como alegoria para o papel dos vigilantes uniformizados e superpoderosos no mundo real, e cumpre seu papel desde que não seja entendida como parte integrante da mitologia do Homem de Aço.
De certa forma, o reboot serviu também para evitar as repercussões negativas do texto de Goyer, já que leva Clark Kent em novas direções.
Por fim, há a contribuição do cineasta Richard Donner, diretor de Superman - O Filme, numa decepcionante HQ ilustrada na forma de storyboard de cinema.
Donner já marcara seu espaço nos quadrinhos ao coescrever dois arcos de histórias em parceria com Geoff Johns, Último Filho e Viagem ao Mundo Bizarro, e as expectativas por essa nova contribuição eram altas. Mas a ideia dos storyboards simplesmente não funciona, e o que se vê é uma sucessão de páginas com esboços pouco atraentes e texto redundante.
Finalizando a edição, os sempre competentes Kurt Busiek e Rick Leonardi mostram o adorável cão Krypto às voltas com os eventos da saga Crise Infinita. Trata-se de um conto singelo e honesto, que chega comprovando mais uma vez a versatilidade das HQs de super-heróis.
Nem todo escritor seria capaz de tirar cenas memoráveis de um animal de estimação com poderes e habilidades superiores, mas Busiek mostra a que veio.
Enfim, não é a edição que merecia a despedida de uma das encarnações mais marcantes do maior herói de todos os tempos, mas alguns dos talentos envolvidos fazem valer a leitura.
Classificação: