SUPERMAN # 64
Autores: O último filho - Geoff Johns, Richard Donner (texto), Adam Kubert (arte), Dave Stewart (cores);
Ame aqueles que ferimos - Joe Kelly (texto), Ian Churchill (desenhos), Norm Rapmund (arte-final) e Rod Reis (cores);
As muitas mortes do Superman - Geoff Johns, Richard Donner (texto), Art Adams (arte) e Alex Sinclair (cores);
Quem é o irmão mais velho de Clark Kent? - Geoff Johns, Richard Donner (texto), Eric Wright (arte) e Lee Loughridge (cores);
Mistério sob o sol azul - Geoff Johns, Richard Donner (texto), Joe Kubert (arte e cores) e Pete Carlsson (cores);
O peso do mundo - Kurt Busiek (texto), Carlos Pacheco (desenhos), Jesús Merino (arte-final), Alex Sinclair e Lee Loughridge (cores).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Março de 2008
Sinopse: O último filho - Vem do espaço um foguete ocupado por um menino. A queda no centro de Metrópolis chama a atenção de Superman, que descobre que o garoto fala kryptonês e tem superpoderes.
Ame aqueles que ferimos - Num chilique motivado por ciúmes, Poderoso dá um tapão em Supergirl. É aí que os dois pombinhos começam a trocar porradas pra valer.
As muitas mortes do Superman - Lex Luthor revê as mortes do Homem de Aço.
Quem é o irmão mais velho de Clark Kent? - Há alguns anos, Mon-El caiu em Smallville e encontrou-se com o jovem Clark.
Mistério sob o sol azul - Uma nave thanagariana está perigosamente próxima de um planeta quadrado.
O peso do mundo - Superman começa a investigar as revelações de Arion.
Positivo/Negativo: Esta edição marca, enfim, a estréia do badalado arco O último filho.
Há motivos para a expectativa. Um é a arte de Adam Kubert, egresso das fileiras da Marvel (seu irmão, Andy, agora desenha o Batman de Grant Morrison). Outro é Geoff Johns, um roteirista top da DC.
Mas o maior atrativo da revista é Richard Donner, co-autor da história e diretor do filme Superman de 1978. No longa-metragem, ele deu uma contribuição indelével para o cânone do Homem de Aço. Sua abordagem do mito kryptoniano vem reverberando ao longo de 30 anos, influenciando praticamente tudo que envolveu o super-herói no período: da reformulação de John Byrne ao longa-metragem recente de Bryan Singer, passando até pela série de TV teen Smallville.
Seria incauto esperar que Donner repita a dose e crie, nestas HQs, outra visão revolucionária. O que ele e o hábil Geoff Johns entregam é uma espécie de continuação da história, uma nova peça para compor o legado mitológico.
Logo de cara, no primeiro quadrinho, a Fortaleza da Solidão é o prédio de cristal do filme. E Kal-El usa cristais para conversar com seu pai, Jor-El, numa cena em que quase dá para ouvir a voz de Marlon Brando rompendo os balões de celulose. Perry White, Jimmy Olsen e os pais de Clark também repetem as abordagens do longa-metragem.
No fim das contas, a trama acaba evocando também o clima do filme: é uma história com ação, mas com uma boa dose de humor.
Ao mesmo tempo, já dá para se ter uma idéia dos rumos que a coisa vai tomar. Donner, desde sempre, parece intrigado com a herança alienígena do Homem de Aço - tanto que pôs o herói para tomar porrada de seus conterrâneos em Superman 2, filme que não chegou a concluir. Pelo visto, aí está a base de sua trama.
Outras pistas aparecem nas três histórias curtas que estão no miolo da mesma revista. A primeira, com arte de Art Adams, fala da fixação de Luthor por kryptonita. Quem é o irmão mais velho de Clark Kent? usa Mon-El para debater a origem espacial e a solidão de ser o último de uma espécie. As duas nem chegam a ser tramas completas, e sim formas de plantar ganchos que serão úteis posteriormente. A maior prova disso é Mistério sob o sol azul, com arte do veterano Joe Kubert, em que o desfecho é tão abrupto que deixa o leitor perdido.
A revista também traz outro arco bacana que está em andamento: a série de Busiek e Pacheco. A trama central vem evoluindo lenta e meticulosamente. O resultado é uma história rica, deliciosa e bastante consistente. Pelo final desta edição, a próxima aventura deve ser bastante reveladora sobre a natureza dos problemas do Homem de Aço.
É Supergirl que fica abaixo da boa média da revista. Considerando que a série é ruim de dar dó, esta edição não é das piores, até porque a ação não dá tempo para que o roteiro chafurde muito na psique adolescente da protagonista - um dos erros mais notáveis de Joe Kelly.
Para melhorar o trabalho da Panini no título, duas medidas poderiam ser adotadas. A primeira é um zelo mais apurado na revisão. O número de erros caiu bastante nos últimos meses, é verdade, mas ainda há arestas a aparar para corrigir as picuinhas. Nesta edição, por exemplo, o nome do próprio editor saiu errado em uma nota de rodapé.
Há, também, uma questão editorial. O mercado brasileiro tem menos instrumentos e meios de divulgação que o norte-americano, cenário para o qual as revistas são concebidas. Lá, antes de comprar, o leitor tem a prática de encomendar a revista, onde ele fica sabendo o que vai encontrar no miolo. O resumo explica quem é Richard Donner, por exemplo.
Por aqui, o leitor cruza a revista de cabo a rabo e não depara com menção do assunto. Um textinho introdutório, talvez até um pequeno editorial no Planeta Diário simulado que é a página de recapitulações, daria conta de informar e valorizar o conteúdo da revista.
Uma editora do porte da Panini, responsável por boa parte do mercado nacional, não só tem obrigação de ajudar a formar o leitor - a casa também tem muito a lucrar com isso.
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