SUPERMAN # 69
Autores: A queda - Kurt Busiek (texto), Carlos Pacheco (desenhos), Jesús Merino (arte-final) e Peter Pantazis (cores);
Adeus, Olá - Joe Kelly (texto), Ale Garza (desenhos), Sandra Hope, Mario Alquiza, Richard Friend, Rick Davis (arte-final) e Rod Reis (cores);
Kryptonita - Darwyn Cooke (texto), Tim Sale (arte) e Dave Stewart (cores);
O último filho - Geoff Johns, Richard Donner (texto), Adam Kubert (arte), Edgar Delgado (cores).
Preço: R$ 8,00
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Agosto de 2008
Sinopse: A queda - Com o destino da humanidade em jogo, Superman enfrenta Arion.
Adeus, Olá - Supergirl resolve as pontas soltas de sua vida.
Kryptonita - Um historiador cósmico, preso em um imenso fragmento de kryptonita, revela a um jovem Superman o seu passado e a sua origem.
O último filho - Aliado a Lex Luthor, Bizarro, Metallo e Parasita, Superman vai combater o General Zod e a horda de bandidos kryptonianos.
Positivo/Negativo: Esta é uma edição de desfechos, que prepara Superman para a reforma editorial que a Panini está armando em seus títulos da DC Comics. Por isso, há quatro arcos que são concluídos de uma só vez.
E, quando se trata de fim de fase, até mesmo a história de Supergirl é boa - no caso, porque traz finalmente o desfecho da lamentável fase por que a série passou depois de Crise Infinita - e a esperança de que venham melhores HQs pela frente.
O fato é que a bagunça de Supergirl foi grande: o geralmente competente Greg Rucka deu início a uma série sem pé nem cabeça, abandonada por ele logo a seguir. Desde então, Joe Kelly vem tentando pôr as coisas no eixo. O autor chegou a transformar a Prima de Aço em uma adolescente despirocada, inconseqüente mesmo. Mas nada resolveu. E o título ficou vagando a esmo por um ano inteiro.
A coisa foi tão ruim que Joe Kelly parece usar os personagens desta edição para reconhecer a porcaria que fez, pedir desculpas aos leitores pela mixórdia e para dar um recado aos editores da DC Comics.
Ao menos, é essa a impressão que fica quando se lê Lois Lane dizer à supergarota: "Ele (Superman) não agüenta te perder de novo". Ou quando a própria protagonista admite à Poderosa: "Eu tava ferrada, Karen... Egoísta... Assustada... Mas mudei. Tô mudando. Eu...". A chave de ouro fica para o Capitão Bumerangue, que foi paquera da garota: "É legal se desculpar pelos seus erros. Mas nunca se desculpe por ser quem é, Kara".
Em uma leitura superficial, Supergirl ainda é uma série tosca, em que os personagens usam cintura baixa e evocam a estética pseudo-sexy de videoclipes de artistas do teen pop norte-americano - ou seja: é tudo muito, muito vulgar.
E os pedidos de desculpas não apagam o fato de que a fase foi lamentável desde o começo.
Mas as dicas de que este desfecho de fase traz uma mensagem de despedida de seu autor estão lá, claras, para quem quiser ler. E tornam a série, ao menos, um pouco especial.
Numa edição em que até Supergirl tem algo que a faz valer a pena, o resto da revista flui que é uma beleza.
E, mesmo que Superman não estivesse passando por uma bela fase, o desfecho de Kryptonita por si só já seria um atrativo forte o suficiente. A história é o último capítulo de um arco publicado entre Superman # 57 e # 61 e que acabou sendo abruptamente interrompido por conta de atrasos na publicação original da série, nos Estados Unidos.
O roteiro é de Darwyn Cooke. A arte, de Tim Sale, e as cores de Dave Stewart. A trama mostra o primeiro encontro de Superman com sua maior fraqueza: os meteoritos oriundos de sua terra natal. E a HQ em si é uma narrativa elegante e envolvente, com arte contundente - e rende uma das leituras mais gostosas de todos os tempos.
Se a série fosse publicada à parte (e nada impede que isso aconteça futuramente), ganharia uma daquelas resenhas cheias de elogios e uma nota bastante alta. Afinal, Kryptonita é um material incomum de se encontrar no gênero de super-heróis hoje - mas que vai ao encontro da boa política da Panini de publicar materiais de primeira grandeza para valorizar os títulos mensais da casa.
O terceiro arco que se encerra é A queda de Camelot, que mostrou Superman como causador de um provável futuro apocalíptico para a humanidade. Olhando para trás, teve muitas edições entusiasmantes, com bons momentos. Mas, no conjunto, foi pouco uniforme. Às vezes, nem parecia que as histórias compunham uma mesma saga.
O resultado disso se vê neste número, em que algumas reviravoltas são forçadas. Não vale a pena estragar a surpresa de leitores que eventualmente não tenham lido a revista ainda, mas o fato é que, meses depois, dois personagens dados como perdidos - e que, pra falar a verdade, quase foram esquecidos - ressurgem como monstros, sem nenhum propósito.
Mesmo assim, não é uma HQ ruim. Busiek é um bom escritor, de texto firme e diálogos competentes. Pacheco e Merino formam uma dupla gabaritada de artistas. E a trama tem seus bons momentos.
A conclusão de O último filho, arco co-escrito por Richard Donner, diretor de Superman - O filme, é diversão pura. É como se fosse o final de um grande filme do super-herói. Dizem que revista não tem som, mas dá pra ouvir a trilha de John Williams tocar durante a grande luta entre Superman e seus aliados vilões e os kryptonianos.
Mesmo que a arte de Adam Kubert seja irregular ao longo da trama, com uma diagramação exagerada, quase dramática, seu trabalho também tem bons momentos - como o painel das páginas 106 e 107.
No fim das contas, O último filho teve uma característica incomum nos arcos de super-heróis: em vez de deixar a qualidade cair, cresceu e melhorou na medida em que foi se desenvolvendo. E assim se chegou a um final com cenas antológicas, como Metallo usando as kryptonitas coloridas para enfrentar o exército inimigo e, principalmente, a cena final de Luthor - matadora!
Na próxima edição, Superman se juntará aos demais títulos da linha DC da Panini e passará por uma reformulação. A medida serve para pôr ordem na casa - afinal, as outras revistas passam por um período sofrível.
Tomara que Superman tenha fôlego para se manter como uma das boas opções nas bancas.
Classificação: