A série televisiva Superman - The Animated Series estreou em 1996 e narrou histórias do Homem de Aço durante três temporadas de sucesso, com o traço de Bruce Timm e a supervisão de Paul Dini.

O programa reinventou o herói para os novos tempos, atualizando sua essência e características principais. Mantendo o elevado nível que os mesmos produtores já haviam realizado com a série animada de Batman, o desenho inspirou a criação da revista mensal Superman Adventures, que foi muito bem aceita por público e crítica.

Num período em que o kryptoniano passava por megassagas pouco inspiradas nos quadrinhos tradicionais, a série com aventuras na continuidade da animação constituiu a melhor opção para quem buscava boas histórias. E a coletânea Superman - Adventures of The Man of Steel é um bom ponto de partida para se conhecer o material.

A começar pelo traço limpo, dinâmico e elegante de Rick Burchett, que ilustra as histórias deste volume inspirado no estilo marcante de Bruce Timm. É como se os desenhos saíssem diretamente da TV para os quadrinhos, mas explorando bem os recursos da arte sequencial.

O Homem de Aço surge grandioso e imponente, Lex Luthor sempre ameaçador e Lois Lane, linda e simpática, enquanto os cenários parecem bem arrojados. A narrativa flui suavemente. A qualidade se mantém quando o desenhista Bret Blevins substitui Burchett, e muito se deve, sem dúvida, ao arte-finalista Terry Austin.

Mas são os roteiristas Paul Dini e Scott McCloud que fazem toda a diferença. O primeiro vinha das séries animadas de Batman e Superman, e o segundo conquistou o mundo a partir do livro Desvendando os Quadrinhos. E os dois fazem bonito.

O encadernado abre com uma história simples e eficiente escrita por Dini, na qual um Superman robótico criado por Lex Luthor ameaça destruir Metrópolis, forçando a ação do verdadeiro herói. É uma ideia convencional, lembrando as desventuras do monstruoso Bizarro, mas bem narrada.

Nas seguintes, todas assinadas por McCloud, a criatividade fala mais alto, com vilões clássicos dos quadrinhos: Metallo e Brainiac. Há diversos fatos inusitados, como uma mulher que se declara namorada do Superman e até uma invasão de gatinhos pretos robóticos na cidade.>/p>

Livres da limitação de décadas da cronologia oficial da DC Comics, as tramas são bem diretas e se resolvem numa única edição. Ainda assim, exploram bem elementos criados para a série animada, como um globo contendo toda a história do planeta Krypton, que é alvo do interesse de Brainiac.

O universo da animação de Superman chegou até a influenciar os quadrinhos oficiais da DC, sobretudo com a introdução da vilã feminista Livewire, cujo sucesso nas telas levou à sua contraparte nas HQs. E ela aparece na quinta história do álbum, num plano para livrar a mídia da presença dos homens e garantir a supremacia feminina.

Na edição que McCloud disse ser sua preferida, Metrópolis é devastada e apenas o Superman, com auxílio do ridículo e todo-poderoso Mxyzptlk, pode regressar no tempo e impedir a tragédia. Este argumento ganha força ao usar a teoria do caos e mostrar as conseqüências inesperadas de pequenos atos.

A revista Superman Adventures ainda teve mais uma fase digna de nota, quando foi escrita por um Mark Millar antes do estrelato, e abriu caminho para outras publicações da DC Comics em estilo animado para o público infanto-juvenil. E é certeza de leitura agradável e descompromissada para os fãs do último filho de Krypton.