SUPERMAN - ALL STAR # 2
Título: SUPERMAN - ALL STAR # 2 (DC Comics) - Série mensal
Autores: Grant Morrison (roteiro) e Frank Quitely (desenhos).
Preço: US$ 2,99
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Fevereiro de 2006
Sinopse: Superman e Lois Lane partem para passar um dia na Fortaleza da Solidão. A jovem repórter se vê diante de um mundo de maravilhas tecnológicas e científicas, ao mesmo tempo em que nota uma mudança comportamental no Homem de Aço e nas suas atitudes com relação a ela.
Teria o herói planos mais sinistros para a obstinada jornalista do que apenas uma viagem?
Positivo/Negativo: All Star Superman entra em seu segundo
número com os mesmos problemas da edição
anterior.
Grant Morrison finalmente se liberta de quaisquer amarras inibidoras e povoa a história com elementos bizarros dignos do auge dos quadrinhos de super-heróis dos anos 60, destacando a construção que melhor define o espírito da ficção e fantasia da época: a Fortaleza da Solidão.
Antes de Crise nas Infinitas Terras - quando ela foi "apagada" da existência e só trazida de volta alguns anos depois -, a base de operações do Homem de Aço era um lugar fantástico, repleto de animais, plantas, objetos e maquetes de todo universo, inclusive de Krypton. Afinal, naquela época o Superman podia viajar no tempo e trazia sempre uma lembrança do planeta para adornar o lugar.
Ela servia de prato cheio para histórias que mostravam "os segredos da Fortaleza da Solidão" ou ofereciam um tour pelos aposentos.
A intenção clara de Morrison foi fazer um resgate dessas clássicas histórias, coisa que os autores pouco exploraram desde 1986. Exteriormente, sua versão da Fortaleza da Solidão é totalmente inspirada na clássica, mas por dentro não corresponde à nenhuma anterior, fervilhando de referências a toda história do herói e um verdadeiro "cata-piolho" para os leitores veteranos.
Está tudo lá: estátuas de Lois, Perry e Jimmy, Brainiac com seu visual original, Bizarro # 1, Solaris, a Zona Fantasma, Kal Kent (o Superman da série DC Um Milhão, publicada pela Abril no começo de 2000), além dos Super-Robôs que patrulham o lugar, estes com visual mais moderno e interessante.
Morrison ainda explora com grande habilidade o gancho da edição anterior e engata a seqüência inicial num compasso acertado, intercalando as duas tramas e abrindo caminho para a premissa deste número.
Salta aos olhos a representação do Superman bastante melhorada de Frank Quitely, aliada à colorização espetacular de Jamie Grant. Morrison é feliz ao traçar cenas em que o desenhista pode colocar isso em prática, como a que ele alimenta um filhote de comedor-de-sóis (a mesma espécie que ameaçou o Sol em Noite Final), fazendo o herói parecer um verdadeiro Hefesto em sua representação.
O escritor também avança um pouco mais na caracterização do Superman, mostrando o personagem de volta a um status que ele desconhecia há tempos: o de um homem solitário.
Confiante de seus poderes e de seu legado único, ele parece possuir uma visão realmente singular sobre a vida e o que esperar da Humanidade, como era escrito por Elliot S! Maggin, Cary Bates e tantos outros no passado.
Já a figura de Lois Lane é mais bem explorada. Morrison realmente sabe trabalhar a personagem, fazendo dela uma figura bem melhor que sua versão atual nas revistas mensais. Ele faz isso simplesmente resgatando o que é sua essência: força, independência, curiosidade e amor ao Superman.
O tipo de relação entre Superman, Lois e Clark também retrocede aos moldes da Era de Prata, uma decisão que, ao menos nesta edição, rende bons resultados com os argumentos e confrontações entre Lois e Kal-El. A interação entre o casal é o ponto mais forte do roteiro.
O problema começa quando Morrison abre as portas para coisas como "espelho da verdade", a curiosidade do Superman em aprender a costurar uma túnica ou "laser de kryptonita" invadirem seu roteiro.
Ao colidirem com o bom desenvolvimento dos personagens e das situações criadas até então - como o tour pela "nova" Fortaleza -, elas criam uma instabilidade nada agradável na fluidez até então prazerosa da leitura, soando como pequenos ruídos.
O maior equívoco se dá na figura do Superestranho, um dos personagens mais ridículos aparecidos nos últimos anos num título do Superman, que ainda dispara para Lois Lane uma pergunta sobre Jennifer Lopez, com óbvias intenções de humor mal-sucedido do autor.
Apesar de um pouco inferior ao seu primeiro número, All Star Superman # 2 mostra-se ainda uma boa diversão, entretendo os fãs mais antigos com referências a elementos clássicos do Superman e possuindo um tom nostálgico em parte bastante agradável.
Grant Morrison pode e deve fazer muito mais com o personagem que sonhou tanto tempo escrever e com a liberdade criativa que lhe foi concedida. Fica a esperança de que os excessos sejam podados, pois esta tem tudo para ser uma grande saga do Homem de Aço.
Talento e criatividade para isso não faltam.
Classificação: