Em três ocasiões Batman já enfrentou o Predador, que por sua vez digladiou-se apenas uma vez com o Superman, que passou sufoco em dois encontros mortíferos com os Aliens, que já bateram de frente um par de vezes com o Cavaleiro das Trevas.

Pelo visto, a rixa envolvendo os quatro personagens acima descritos tem história.

Os dois maiores nomes da DC Comics e da 20th Century Fox - gigantes em seus respectivos ramos de entretenimento - são conhecidos de velha data, e dos sucessivos encontros nos quadrinhos durante a década de 1990. Neste especial, pela primeira vez, o quarteto se esbarra na mesma história.

Quem acompanhou os antigos crossovers pôde ver que a ênfase das narrativas, como já era esperado, estava nos embates dos monstros com os respectivos heróis, apoiados em argumentos despretensiosos e belos desenhos.

Aqui, a história ganha um maior apuro em seu roteiro, ainda que apresente a aguardada pancadaria que faz jus ao título. O enredo foca duas linhas de narrativa ao mesmo tempo: uma frisando um embate ideológico entre a dupla de heróis e outra mostrando um pouco mais da cultura e crenças dos Predadores.

Com narrativa ágil, Schultz elabora um conto no qual se chocam (de novo) a ética e a conduta moral do Superman e do Batman, quando trabalham juntos, porém com motivações distintas.

Até que ponto o Homem de Aço chegaria para evitar matar criaturas extremamente hostis? A resposta é encontrada nos angustiantes momentos finais, em que o próprio super-herói aparenta uma efêmera flexibilidade nesta questão de salvaguardar qualquer vida.

Batman, por sua vez, deixa bem claro que jurou jamais retirar uma vida humana, tão somente, mas opta por seguir o exemplo de seu aliado.

Todos esses momentos são espalhados ao longo das páginas, dentro da história principal, que, por sua vez, apresenta também raros momentos de crendices e peculiaridades tribais dos antigos Yautjas - nome pela qual é conhecida a raça guerreira dos Predadores.

A crença em uma deidade solar como uma das fontes para o comportamento ritual de caça dos integrantes da tribo funciona muito bem para explicar alguns pontos, como a preferência por climas quentes e secos. Como de praxe, a caçada aos Aliens é a prova maior de recompensa aos favores dessa divindade.

Da mesma, aqui e ali algumas incongruências são encontradas. Por exemplo: como pode em 14 milênios a tecnologia antiga dos Predadores ser praticamente a mesma da atual, com pouquíssimas diferenças até mesmo no design? E como conseguiram chegar às principais cidades do planeta, como Gotham e Metrópolis, quando não faziam a menor ideia de como estaria a superfície terrestre nos tempos modernos e sem qualquer senso de orientação?

Mas o que dá força mesmo ao texto são, inegavelmente, os desenhos, a melhor arte de todos os encontros já publicados e um dos principais trabalhos do desenhista argentino Ariel Olivetti.

O artista destaca-se quando cuida da arte-final e, principalmente, do trabalho de colorização de seus próprios traços - podendo ser reconhecido, inclusive, como um dos poucos de sua área a retratar paisagismos de forma impressionante numa página de quadrinhos.

Cenários a céu aberto, as cadeias montanhosas da Cordilheira dos Andes e até mesmo as infindáveis galerias da crosta terrestre (onde se passa a maior parte da trama) são de um talento nato e beleza espetacular aos olhos do leitor.

Ao final, uma grande interrogação surge quanto ao destino das duas raças inimigas, gerando um gancho perfeito para uma possível continuação.

E como já é tradição nos encontros entre heróis da DC Comics e os clássicos monstros do cinema...