SUPERMAN & BATMAN # 23
Título: SUPERMAN & BATMAN # 23 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: A Mulher Hipotética - Gail Simone (texto), José Luís Garcia-López (desenhos) e Klaus Janson (arte-final);
Passeando em meio aos destroços - Judd Winick (texto), Scott Daniel (desenhos) e Andy Owens (arte-final);
Tropa dos Lanternas Verdes - Geoff Johns, Dave Gibbons (roteiro), Patrick Gleason (desenhos) e Christian Alamy e Prentis Rollins (arte-final).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Maio de 2007
Sinopse: A Mulher Hipotética - A Liga enfrenta o Exército Hipotético.
Passeando em meio aos destroços - Um ano depois do final de Crise Infinita, Star City se recupera de uma grande tragédia. A cidade está em crise, com altos níveis de corrupção. Para a população, o Arqueiro Verde está sumido. O novo vigilante local é o antigo mafioso conhecido como Tijolo.
E o prefeito recém-eleito, Oliver Queen, está disposto a arrumar a casa - mas tem gente a fim de impedi-lo, a ponto de contratar o Exterminador.
Tropa dos Lanternas Verdes - Oa está sob ataque. Mas a Tropa tem que se unir antes de revidar.
Positivo/Negativo: No selo de capa e no editorial da capa interna, a Panini anuncia que começou a fase Um Ano Depois. "(...) o Universo DC sofreu um salto de um ano em todas as suas revistas", diz o texto, antes de convocar os leitores a acompanhar a nova fase dos títulos e a incentivar uma mobilização para chamar "algum amigo que não lê quadrinhos há muito tempo". E conclui: "Se alguém deseja iniciar sua coleção, esta é a hora!".
Há uma sugestão nítida de que Um Ano Depois é o momento ideal para a atração de novos leitores. Em tese, é uma aposta correta. Mas, na prática, não é bem assim.
O Brasil e os Estados Unidos têm realidades diferentes - e isso interfere na hora de publicar quadrinhos de super-heróis. Lá, imperam títulos mensais que têm em torno de 32 páginas, incluindo anúncios.
Aqui, a situação é bem diferente: as revistas são formatadas com mix de histórias. As vantagens são várias: reduz o preço, viabiliza títulos com menos apelo, adequa o material ao modelo de bancas (versus as lojas especializadas norte-americanas). Claro que o modelo não é perfeito: muitas vezes, material de baixa qualidade é usado como estofo para rechear um mix.
Quando as editoras norte-americanas Marvel e DC prevêem um crossover unindo vários títulos, seu modelo é mais adequado para estabelecer a fluidez da narrativa. Sem a obrigatoriedade de combinar diversas histórias na mesma revista, pode, em tese, conduzir a história sem atropelos - na vida real, não é bem assim que rola, e volta e meia há atrasos e avanços inesperados.
Durante Crise Infinita, a Panini fez um trabalho exemplar de sincronização das histórias. Apesar das amarras do formato mix, conseguiu manobrar e manter uma boa coesão, com um ou dois deslizes que, se evitados, teriam se tornado avalanches cronológicas, desmoronando toda a ordem de publicação da saga.
Pena que, justo no desfecho, as coisas tenham perdido o rumo. Não que a ordem de publicação esteja exatamente errada. O problema é o apelo para chamar novos leitores.
Os universos ficcionais de quadrinhos são, naturalmente, herméticos. Para bem transitar por suas histórias, é demandado do leitor um conhecimento enciclopédico. Momentos como Um Ano Depois, em que essa barreira é reduzida, costumam ser os ideais para atrair entrantes - algo de que o mercado de quadrinhos carece profundamente, e que a Panini, com seu vasto leque de opções de títulos, é capaz de liderar.
A editora chamou novos leitores para seus títulos DC, mas parece que se descuidou e não preparou terreno para recebê-los em dois deles. O primeiro é Liga da Justiça # 54. O outro é justamente Superman & Batman # 23.
Apesar do selo Um Ano Depois na capa, três das quatro aventuras não fazem parte do evento. Logo na abertura, ao lado do editorial que anuncia a nova era, está - sem identificação alguma - uma parte do arco A Mulher Hipotética, publicada na revista norte-americana LJA Confidential, que traz histórias do passado da Liga. Ou seja: se passa, no mínimo, um ano antes de Crise Infinita.
Ainda por cima, trata-se de um arco em andamento que, apesar da boa arte dos veteranos Garcia-López e Klaus Janson, tem um roteiro arrastado e confuso de Gail Simone.
As histórias da Tropa dos Lanternas Verdes também mostram momentos anteriores ao desfecho de Crise Infinita. O final da minissérie está relacionado com DC Apresenta # 2 - publicado em março deste ano e também uma HQ fraca.
Antes do desfecho épico e envolvente, o leitor passará por algumas páginas de enrolação. E a arte não colabora: é incompetente na hora de fazer a narrativa fluir.
É justamente Arqueiro Verde, único título que realmente integra Um Ano Depois, quem tem a aventura mais empolgante da revista. Mas a primeira história de sua nova era está mais para um prelúdio. Ela situa o que rolou no ano saltado, estabelece adversários e conflitos. Oliver Queen só aparece na última página.
Palpitando, parece que antecipar o final do arco A Mulher Hipotética para este número seria uma opção melhor para Superman & Batman. Afinal, a revista já está sem seu carro-chefe há mais de um semestre.
Assim, no mês seguinte, o Arqueiro Verde recomeçaria, junto com a volta de Superman & Batman (em uma história especial sobre a morte de Superboy) e a nova fase de Aquaman. E então o selo Um Ano Depois teria um apelo mais autêntico, capaz de genuinamente atrair novos leitores - em vez de espantar os que aceitarem o convite da Panini ao mostrar que os quadrinhos de super-heróis continuam a mesma confusão de sempre.
Para os recém-chegados, Batman, Superman e Novos Titãs são as melhores opções no primeiro mês de Um Ano Depois. O problema é saber como o leitor desavisado vai descobrir isso nas bancas, que estão abarrotadas de títulos.
Sem uma visão estratégica de como conquistar os novatos, a Panini - e o mercado todo - correm o risco de continuar em sua própria crise infinita.
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