SUPERMAN & BATMAN # 32
Autores: Confusão em alto-mar - Joe Kelly (texto), Ed McGuinness, Ryan Ottley, Carlo Barberi (desenhos), Dexter Vines, Cliff Rathburn, Don Hillsman II, Bob Petrecca, Andy Owens, Rodney Ramos (arte-final), Sean Murphy (desenhos e arte-final) e Guy Major (cores);
Se um homem for barro! - Steve Purcell (texto), Mike Mignola (desenhos), Kevin Nowlan (arte-final) e Matt Hollingsworth (cores);
O portal da sombra - Kurt Busiek (texto), Ricardo Villagrán (arte) e Dan Brown (cores);
O lado negro do verde - Keith Champagne (texto), Patrick Gleason (desenhos), Prentis Rollins (arte-final) e Moose Baumann (cores).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Fevereiro de 2008
Sinopse: Confusão em alto-mar - No começo de suas carreiras, Superman e Batman acabam dividindo o mesmo quarto em um transatlântico de alto luxo. Mas a passagem pelo enigmático Triângulo das Bermudas tende a embaralhar ainda mais a situação.
Se um homem for barro! - Batman e Robin investigam a origem do Cara-de-Barro.
O portal da sombra - O novo Aquaman inicia uma nova jornada por seu reino submarino.
O lado negro do verde - Direto da Tropa dos Lanternas Verdes, Guy Gardner enfrenta raças alienígenas.
Positivo/Negativo: A história que abre esta edição - e ocupa quase metade da revista - é uma das HQs mais polêmicas dos últimos anos. Há quem a ame e quem a odeie. E a história dá margem para que as duas facções tenham argumentos.
Antes de tudo, é preciso pontuar do que se está falando: Confusão em alto-mar não é uma trama qualquer, e sim uma releitura de Superman # 76 - e aqui se trata do título original norte-americano, publicado em 1952, em que se viu o primeiro encontro entre Batman e o Homem de Aço.
Ou seja: ao contrário do que a própria história pode dar a entender, não há um novo primeiro encontro entre eles na cronologia da DC. A fase clássica de John Byrne não foi desconsiderada. Não é nenhuma maluquice pós-Crise Infinita. O que há, isso sim, é uma nova versão para o primeiro encontro dos dois heróis.
Nos Estados Unidos, a HQ desta edição saiu no primeiro anual de Superman & Batman, em 2006. Na capa, estava em destaque uma alusão ao fato de que era uma nova interpretação de uma velha história: "A Re-Imagined Story".
Por aqui, a Panini, infelizmente, não só limou a deixa da capa, mas também ignorou que a história é inacessível no Brasil. Quando chega ao final, o leitor precisa fazer um exercício de adivinhação para sacar o que acabou de ler.
Nos Estados Unidos, a HQ já foi republicada algumas vezes. Num caso desses, é fundamental que se indique ao leitor com o que ele irá deparar, ainda mais porque esse tipo de deslize pode levar a erros de interpretação não só da história em si, mas de toda a cronologia da DC.
Não é preciso sequer que os editores da Panini vão longe para ver o tipo de bagunça que a falta de informação causou - o tópico de avaliação da revista, no próprio fórum de discussão da casa, reúne exemplos de leitores perdidos.
Dito isso, deve-se levar em consideração que, ao reescrever a história, Joe Kelly escolheu um caminho árduo: a comédia. O roteirista exagera nas características dos personagens e faz uma grande caricatura propositadamente distorcida. Clark e Bruce dividem a mesma cama, ouvem piadinhas o tempo todo e até enfrentam uma versão alternativa do Exterminador que é a cara do Deadpool, da Marvel. E, pra fechar a rodada, Superman leva uma joelhada no saco, no melhor estilo Analista de Bagé.
É um estilo que acaba dividindo os leitores. Tem quem deteste, mas ainda assim a história anda em bom ritmo, é leve e gostosa de ler. Há algo de bobo nela, claro, mas, ao mesmo tempo, há um quê de anárquico e surreal que as HQs de super-heróis andaram deixando pra trás.
A inspiração de Kelly para criar a história é Jeph Loeb, o "produter" bizarro da última página da história e criador da revista Superman & Batman. Para aproveitar a ocasião, a Panini está promovendo um concurso em sua seção de cartas: quem adivinhar quem é o editor retratado ganha um encadernado importado.
Apesar de ser uma promoção simpática, há dois problemas com ela. O primeiro é mais evidente: Loeb tem diversas atividades; é roteirista de quadrinhos e produtor executivo de séries de TV como Heroes. Mas, até onde se sabe, não é reconhecido por aí como editor.
O outro é de natureza legal: infelizmente, por mais bacana que pareça, uma empresa não pode sair por aí promovendo uma ação entre amigos para os clientes. Promoções têm regras claras na legislação brasileira.
A segunda história da revista começa com um problema nos créditos: Kevin Nowlan é chamado de "Knowlan". Não é nada demais, e a partir daí a revista engrena sem erros.
Se um homem for barro! tem arte do badalado Mike Mignola (Hellboy), mas deixa a desejar. Não é nem de longe um dos trabalhos mais inspirados do artista, e a trama cai na superficialidade dos roteiros de origens de personagens.
Em Aquaman, o destaque também fica para a arte: Ricardo Villagrán tem um traço que se sobressai, revelando linhas de desenho muito bonitas. É algo bem diferente do que se costuma ver nas HQs norte-americanas.
Já Tropa dos Lanternas Verdes tem seu ponto forte na trama. O roteiro é um pouco confuso, a arte é bastante irregular e feia, mas, ultrapassadas essas barreiras, há algo de interessante sendo construído nesses cafundós galácticos da DC.
Apesar da edição brasileira descuidada, a história de Superman & Batman ajuda a levantar a qualidade desta publicação. Junto com o desenho de Villagrán, a revista ganha algo de memorável. Gostando ou não, Confusão em alto-mar merece uma releitura daqui uns anos.
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