SUPERMAN - DIA DO JUÍZO FINAL
Autores: Dan Jurgens (argumentos e desenhos) e Bill Sienkiewicz (arte-final).
Preço: R$ 2,90 (cada)
Número de páginas: 48 (cada)
Data de lançamento: Agosto e Setembro de 2003
Sinopse: É aniversário do confronto entre o Super-Homem e Apocalypse, que culminou com a suposta morte do Homem de Aço. Um evento tão marcante para Metrópolis e para o mundo não pode passar em branco, e Perry White, editor-chefe do Planeta Diário, incumbe o repórter Ty Duffy de relembrar aquele fatídico dia numa matéria especial.
Esta pode ser, finalmente, a matéria de primeira página que Ty tanto procurava, mas relembrar o acontecido traz recordações dolorosas para ele. Ao mesmo tempo, estranhos acidentes vêm acontecendo seguindo a mesma trilha de destruição feita por Apocalypse. O que estará acontecendo?
Positivo/Negativo: O início da década de 1990 foi bastante conturbado no mercado americano de quadrinhos. Artistas dissidentes da Marvel, como Jim Lee, Todd McFarlane, Erik Larsen, Rob Liefeld e Marc Silvestri fundaram uma nova editora, a Image Comics. Eram histórias de baixa qualidade e os personagens, em sua maioria, releituras de heróis conhecidos, culminando num padrão de produção questionável.
A indústria passou por um alvoroço, numa época em que especuladores pensavam ser um renascimento para os quadrinhos. A mesma revista vinha com diversas capas diferentes para aumentar as vendas, e os primeiros números dos títulos da Image vendiam muito bem. Um único leitor comprava até dez cópias das publicações pensando numa valorização futura, o que não chegou a acontecer.
Para acompanhar esse novo mercado que surgia e para não ficar para trás, a DC Comics resolveu adotar uma política mais agressiva, e promoveu mudanças em seus principais heróis. O Batman, por exemplo, ficou paralítico, enquanto o Lanterna Verde se rebelou, matou vários dos seus amigos e virou o vilão Parallax.
Entretanto, o que causou mais repercussão foi a Morte do Super-Homem, cujo derradeiro capítulo, publicado nos Estados Unidos em Superman # 75, foi um fenômeno de vendas. Claro, desde o princípio estava programado o retorno do Homem de Aço.
Dez anos depois, tal evento não poderia passar em branco. Por isso, a DC resolveu chamar Dan Jurgens, o arquiteto da saga, para uma minissérie comemorativa em quatro partes. Assim nasceu Superman - Dia do Juízo Final.
A trama pode ser resumida da seguinte maneira: proposta batida, desenvolvimento competente e desfecho pífio. Não é de causar surpresa a editora lançar um projeto para relembrar a morte do maior herói do mundo. A abordagem e desenvolvimento chegam até a ser interessantes.
Ao contrario da saga anterior, que se concentrou exclusivamente no Super-Homem, aqui vemos as conseqüências que tal batalha causou por onde ela aconteceu. Toda a destruição e vítimas da luta, atingindo pessoas comuns e policiais que morreram e sobreviveram. O que pensam de tudo aquilo, e como estão atualmente?
Tal abordagem reflete também uma mudança de postura que aconteceu nos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001. Se antes heróis e vilões destruíam cidades inteiras sem referências ao que existe ao redor deles, hoje há uma preocupação de mostrar como as pessoas comuns lidam e são afetadas por tudo isso. E, em retrospecto, é isso o que é feito nesta minissérie.
Mas tudo cai por terra com o desfecho da trama. Um vilão desnecessário, que não faz a menor falta (pelo contrário, se não houvesse nenhum, a história seria melhor), e cuja luta final com o Super-Homem é rápida e sem sentido. Com a mesma rapidez que ele surge, também desaparece. Isso se voltar a mostrar as caras algum dia.
O mesmo pode ser dito de Ty Duffy, o repórter incumbido de cobrir o aniversário da morte do herói. Faz até sentido usar um personagem com pouca ligação com o Homem de Aço. Afinal, se em seu lugar estivesse Lois Lane ou Jimmy Olsen, seria desperdiçada a oportunidade de dar um novo olhar sobre os fatos.
Mas ele é mais um daqueles que provavelmente nunca mais serão lembrados, e permanecerá no limbo dos personagens esquecidos.
Na página 6, da segunda parte da mini, Dan Jurgens deu uma "mancada cronológica". Na cena, narrada em flash-back (logo que o Super-Homem "ressuscita"), na qual Superboy surpreende um bandido, ele diz : "Tava esperando a Jennifer Lopez?" O problema é que, há dez anos, época em que se ocorre o fato, a bela cantora e atriz era pouquíssimo conhecida, e ainda buscava seus primeiros papéis relevantes.
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