SUPERMAN ESPECIAL - A ÚLTIMA DEUSA DE KRYPTON
Título: SUPERMAN ESPECIAL - A ÚLTIMA DEUSA DE KRYPTON (Mythos Editora) - Edição especial
Autores: Walt Simonson (roteiro) e Greg e Tim Hildebrandt (desenhos).
Preço: R$ 4,50
Número de páginas: 48
Data de lançamento: 2003
Sinopse: Cythonna, a deusa kryptoniana "do vácuo congelante e a da noite angustiante", liberta-se de sua prisão milenar onde foi aprisionada por Rao e os demais "deuses da aurora" do Antigo Krypton, apenas para se deparar sozinha em meio aos destroços do planeta.
Ela capta a presença de um último membro da sua raça ainda vivo e, seguindo seu rastro, chega à Terra, onde submete Metrópolis a um reinado de terror gélido. O confronto com Kal-El é inevitável e nem mesmo o Superman acredita que possa sobreviver a ele.
Positivo/Negativo: Walt Simonson sabe como escrever história sobre divindades. Isso foi mais do que provado quando o autor revigorou Thor para a Marvel nos anos 80, introduzindo elementos reais da mitologia nórdica às HQs do personagem, deixando-o mais perto da fonte que o inspirou.
Aqui, ele trata de um tema - curiosamente - pouco explorado nos 68 anos do Superman: os deuses e mitologias de Krypton.
A sociedade de Krypton sempre foi apresentada como monoteísta, venerando ao deus Rao, nome também dado ao sol vermelho em torno do qual o planeta orbitava. De forma bastante habilidosa, Simonson pega esta premissa e trabalha com a realidade de ter havido outros deuses na Antiguidade e explica por que apenas este ficou em seu círculo de adoração, além de criar Cythonna.
Como personagem, a deusa realmente carece de profundidade, mas cumpre de forma eficiente sua função: ser o pivô para explorar a antiga mitologia de Krypton e fazer o próprio Superman descobrir uma curiosidade sobre sua família, a Casa de El, que o aproxima mais ainda de grandes heróis solares como Krishna.
Os demais coadjuvantes também aparecem e têm sua relevância garantida. A performance mais pobre é a de Luthor, sem dúvida, e chega a desapontar que alguém tão inteligente e perigoso fizesse uma abordagem tão amadora a um ser poderoso como Cythonna.
Lois Lane, por outro lado, é magnificamente bem escrita como uma esposa determinada e amorosa, capaz de ajudar o marido e dar a ele apoio nas horas mais difíceis. Tal representação não é a comum nas revistas mensais do herói e vem sendo alvo de críticas dos fãs há alguns anos. Mais um ponto para o escritor.
A arte dos Hildebrandt é bela e bem trabalhada, apesar de, em alguns pontos, mostrar-se bastante inocente e até cartunesca, como na transformação do Superman. Reconhecidos ilustradores que trabalham com franquias tão diversas quanto X-Men e O Senhor dos Anéis, Greg e Tim (recém-falecido) são bastante talentosos. O que torna esses tropeços desculpáveis é que eles conferem à edição uma aura única e, diferentemente de outros pintores que se aventuraram pelas HQs, possuem uma narrativa eficiente.
O resultado são belos painéis e personagens expressivos e dinâmicos. O ponto alto fica para as seqüências em flashback da guerra dos deuses, em que os desenhistas se aventuram pelo mundo fantástico que tanto estavam acostumados a trabalhar.
Um tropeço "histórico" fica por conta da afirmativa de ter sido o confronto entre Rao e Cythonna que fez Krypton migrar para a sociedade fria e estéril vista em Homem de Aço, a minissérie que reformulou o Superman escrita e desenhada por John Byrne.
Conforme mostrado em Mundo de Krypton,
do mesmo autor, esta mudança se deu devido a uma guerra desencadeada pela
questão dos clones e que praticamente devastou todo o planeta. Walt Simonson
parece ter esquecido este detalhe importante e saiu com uma nova explicação
apenas para dar mais um elemento de impacto à sua trama.
A Mythos fez um trabalho competente, publicando a revista nos moldes de outras publicações na época, num formato um pouco menor que o original. Infelizmente, devido à qualidade do papel, o trabalho dos Hildebrandt foi prejudicado.
A Última Deusa de Krypton sai-se bem como edição única e é uma surpresa grata para os fãs do Superman numa época com especiais tão pobres do personagem. Provando que Walt Simonson ainda possui um ótimo timing para contar histórias e sabe realmente escrever sobre deuses... E semideuses também.
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