Elemento integrante da mitologia do Superman, a Zona Fantasma tornou-se mais conhecida do grande público por meio do cinema, a partir do filme Superman II, dirigido por Richard Lester e lançado em 1981.

Nesta aventura, o herói precisou enfrentar três vilões kryptonianos, que haviam sido aprisionados por Jor-El e buscavam vingança na Terra. A Zona Fantasma era justamente a prisão interdimensional para criminosos irrecuperáveis do planeta perdido, desenvolvida pelo pai do Homem de Aço, na qual os detentos viviam em estado imaterial.

O conceito surgiu em 1961, pelas mãos de Robert Bernstein e George Papp e, desde então, tem figurado em histórias diversas do Homem de Aço ao longo das eras. Egresso da Zona Fantasma, o maligno General Zod pode ser considerado um dos mais fortes e impiedosos inimigos do Superman, tanto que foi escolhido para a mais nova produção cinematográfica do herói, a ser lançada em 2013.

Superman - Tales of The Phanton Zone é uma coletânea de nove histórias publicadas originalmente durante a Era de Prata, que resistem ao teste do tempo e constituem fonte certa de emoção e reviravoltas inesperadas.

A edição abre com The Phanton Superboy (Adventure Comics # 283), que marcou a estreia da Zona Fantasma nos quadrinhos. No conto, o Superman, ainda garoto, é transportado para a dimensão paralela.

Como viria a se tornar frequente nas aventuras envolvendo a Zona Fantasma, há revelações de novos elementos sobre Krypton, cuja mitologia foi preparada com muito esmero e criatividade. Evidente que essas versões antigas do planeta de origem do Homem do Amanhã eram bem simples e diretas se comparadas a interpretações recentes, mas o ar de inocência confere um charme extra às aventuras.

O mesmo pode ser dito sobre a obsessão de Lois Lane em descobrir a identidade secreta do herói, sua rivalidade com Lana Lang e a participação da sereia Lori Lemaris, elementos marcantes nas tramas deste volume. O aspecto lúdico se destacava, e havia pouco espaço para conflitos mais violentos ou moralidade ambígua.

Mais um destaque da edição é Superboy's Big Brother (Superboy # 89), de junho de 1961, também da autoria de Bernstein e Papp, que apresentou o personagem Mon-El. O suposto irmão mais velho do Garoto de Aço recebeu esse nome por ter sido encontrado numa segunda-feira (Monday) e por, aparentemente, pertencer a família El.

Na verdade, o jovem superpoderoso veio do planeta Daxxan, e tornou-se, mais tarde, um dos mais valiosos membros da Legião dos Super-Heróis, mil anos no futuro. A origem de Mon-El é uma história que repercutiu durante décadas na cronologia da DC, recontada diversas vezes.
A versão original é um exemplo de história em construção.

Já The Man who destroyed Krypton! (Superman # 205), escrita por Otto Binder e ilustrada por Al Plastino, revisita o cenário da destruição de Krypton, com detalhes surpreendentes do evento. Prova de que os roteiristas da época nunca tiveram medo de mexer nas origens do super-herói, para o bem ou para o mal.

A arte das histórias, bem típicas da Era de Prata, é simples, eficiente e bonita. Destaque para o trabalho de Curt Swan, que desenhou o Superman durante décadas e encantou gerações de leitores.

Completa a edição um histórico de duas páginas sobre a Zona Fantasma, com ilustrações de Rick Veitch, bastante rico em informações, publicado originalmente em Who's Who: The definitive directory of the DC Universe # 18, de 1986.

Também digna de nota é a capa assinada pelo competente Gary Frank, especial para a coletânea. Enfim, Tales of the Phanton Zone é mais um acréscimo valioso à biblioteca de fãs do Homem de Aço.