SUPERMAN - THE ODYSSEY
Título: SUPERMAN - THE ODYSSEY (DC Comics) - Edição especial
Autores: Graham Nolan e Chuck Dixon (roteiro) e Graham Nolan (desenhos).
Preço: US$ 4,95
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Julho de 1999
Sinopse: Antes de se tornar o Superman, o jovem Clark Kent viajou pelo mundo no final de sua adolescência. Ele utilizava seus poderes em segredo e vivia várias aventuras, como esta, na qual se envolve com uma jovem ativista do distante Bhutran, alvo do governo comunista chinês, vizinho desejoso de silenciar seu pai, a mais importante figura religiosa do país.
Ao atingir o mosteiro onde ele vive, Clark irá aprender mais sobre si, seus poderes e o que fazer com eles, enquanto se depara com sua primeira crise internacional quando os comunistas resolvem invadir o pequeno país de sua nova amiga.
Positivo/Negativo: Quando reformulou o Superman em 1986, John Byrne estabeleceu que, antes de se tornar herói publicamente, Clark fez uma longa viagem pelo mundo, aprendendo tradições e línguas de outros povos até o dia em que fez sua primeira aparição pública em Metrópolis.
A premissa abre espaço para uma grande possibilidade de histórias, mas o tema, curiosamente, nunca foi bastante explorado por outros autores.
Talvez por este mesmo ineditismo, a dupla Nolan e Dixon, na época recém-saída dos títulos do Batman após a Queda e Volta do Morcego, sente-se bastante confortável para explorar uma miríade de situações dentro deste especial e acaba por criar um envolvente conto do Superman.
O heróis é apresentado como um símbolo da liberdade e da dignidade humana, independentemente de país, credo ou raça, e também como um cosmopolita, uma representação pouco trabalhada do personagem nos últimos anos, nos quais passou a ser retratado cada vez mais como o "um cidadão norte-americano que faz seu trabalho", principalmente por causa das fortes crises internas e ideológicas passadas pelos Estados Unidos no governo George W. Bush.
Não apenas isso, mas a história é embalada por uma crítica social à invasão do Tibet pela China e toda a dizimação cultural que o governo comunista vem realizando no lugar desde então. Nolan e Dixon trocam o nome Tibet por Bhutran, mas está tudo lá: arquitetura, nomes, religião, costumes...
E, acima de tudo, apresentam com grande dignidade a figura do Rhana Bhutran, um dalai-lama da região, que sabe ser tanto simpático quanto imponente em seus argumentos. Fica claro que, assim como Bruce Wayne em suas viagens, Clark também teve outros "professores" e inspirações além do casal Kent antes de assumir o "S".
O ponto culminante da história é quando Clark e o Rhana se encontram em suas vidas, conforme observa sabiamente o último: um tem um enorme conflito interno a resolver, uma crise de identidade e busca um caminho a seguir; enquanto o outro vivencia uma luta externa pela sobrevivência de sua nação contra forças externas.
Os dois escritores apresentam o exército chinês apenas como uma presença constante e perigosa que ronda toda a história. Ao se absterem do lugar-comum de apresentar o tradicional general comunista com intenções torpes e planos malignos, conseguem dar uma veracidade positiva ao evento da ocupação militar do país.
Já Terri, filha do líder religioso, possui características que a aproximam muito de Lois Lane, o futuro amor do Homem de Aço. Sorridente, compreensiva, passional e com uma vibrante energia, contagia Clark com sua força, mostrando que o personagem teria, desde cedo, uma queda por mulheres independentes.
O problema é que ela se torna "genérica" demais, chegando a ser quase um clone da futura sra. Superman em algumas partes. A grande transformação passada pela garota na parte final, porém, dá o tom certo da personagem, mostrando seu amadurecimento.
Amadurecimento também é o que norteia a jornada de Clark. Nolan cria painéis pra lá de atrativos, nos quais monta belas cenas para as reflexões de Clark nas montanhas (a paixão do Homem de Aço pelas montanhas da Ásia foi explorada em várias histórias do período, como em O Retorno de Lois Lane).
E, como não poderia faltar numa edição como esta, ainda são pinceladas aqui e ali determinadas pistas do "futuro grandioso" do personagem e elementos de sua futura vida como super-herói são também apresentados, mas nunca nomeados, como a pedra verde que ornamenta um ídolo e parece enfraquecer Clark e um misterioso jovem norte-americano que cruza seu caminho na entrada do monastério e cuja sombra projetada é de um morcego.
A edição chegou a ser prometida algumas vezes pela Mythos, mas permanece inédita no Brasil. Uma pena, pois trata-se de um belo trabalho com o Superman, realizado por dois excelentes quadrinhistas.
A história em si não é tão épica ou grandiosa como o título - tirado do clássico poema de Homero - sugere, mas os valores que aborda e a mensagem final, estas sim, fazem jus a qualquer superlativo.
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