Superman – Under a yellow Sun
Editora: DC Comics – Edição especial
Autores: John Francis Moore (roteiro), Eduardo Barreto e Kerry Gammill (desenhos), Dennis Janke (arte-final), Sherilyn Van Valkenburgh e Glenn Whitmore (cores).
Preço: US$ 5,95
Número de páginas: 64
Data de lançamento: 1994
Sinopse
A história intercala a vida do Superman com cenas do romance Under a yellow Sun, escrito por Clark Kent. Ficção e realidade se misturam, enquanto o renomado jornalista usa a literatura como extensão de seus desejos e frustrações.
Positivo/Negativo
Tudo começou quando John Byrne reformulou o Superman para os novos tempos, depois do evento Crise nas Infinitas Terras, nos anos 1980. O autor estabeleceu Clark Kent como a real face do herói, um jornalista muito mais dinâmico e verdadeiro que em suas encarnações anteriores. Ele era campeão de esportes durante a adolescência, além de ter viajado o mundo para usar suas habilidades em segredo.
Logo, roteiristas posteriores ampliaram a vida de Clark, mostrando-o até como romancista de sucesso com três livros publicados e muitos fãs. Pode até parecer uma mudança drástica em relação ao conceito original, já que o personagem funcionava como alter ego dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, mas na prática deu certo e marcou uma nova geração de leitores.
Assim, nesta graphic novel publicada em 1994, John Francis Moore e os ilustradores Eduardo Barreto e Kerry Gammill decidiram explorar a experiência do Homem de Aço no campo da experiência literária, e o resultado foi uma das histórias mais originais da época.
Era um período em que autores como Dan Jurgens, Karl Kesel e Roger Stern lidavam com a cidade de Metrópolis, e o elenco de coadjuvantes do Homem de Aço ganhava cada vez mais destaque. O sucesso de A morte do Superman garantia atenção renovada para os títulos mensais do herói, que ainda não apresentavam o desgaste de sagas posteriores.
Por isso, foi surpresa um autor sem ligação com este universo mexer tão bem com o principal ícone dos quadrinhos, respeitando a cronologia vigente, mas mostrando algo novo. John Francis Moore prova que entende as dinâmicas do Superman em sua fase pós-Crise, o papel da Lexcorp, o emprego de Clark Kent como jornalista do Planeta Diário e seu relacionamento com Lois Lane. Na história, o envolvimento deles estava no início, e o Homem de Aço ainda não havia revelado seu segredo.
O enredo investe pesado no processo criativo de Clark Kent como romancista, e logo de cara se vê o kryptoniano lidando com um bloqueio de escritor. Dessa forma, ele passa a mesclar experiências pessoais de suas duas vidas com a jornada de seus personagens ficcionais, num roteiro contundente e revelador. A trama lida com a ameaça de Lex Luthor e seu domínio sobre a Cidade do Amanhã, o envolvimento de Clark Kent com uma advogada da Lexcorp e muitas surpresas. Enquanto isso, no livro, ele retrata a jornada de um advogado idealista, uma república ameaçada por uma guerra civil e um milionário inescrupuloso.
O mais interessante é notar como as duas narrativas se misturam. Na arte, Kerry Gammill, um veterano de histórias do Superman, brilha com naturalidade nas cenas passadas no “mundo real”. Já Eduardo Barreto trabalha no contexto do romance, e não decepciona.
Superman – Under a yellow Sun não ficou marcado como um clássico do personagem, mas merece ser conferido por sua proposta única, roteiro enxuto e bons desenhos. O Homem de Aço é tantas vezes visto em sagas e eventos grandiosos, que uma investida mais intimista e humana chama a atenção.
Interpretações diferenciadas são um grande trunfo dos super-heróis tradicionais, e com o primeiro de todos não poderia ser diferente. Pena que o material continua inédito no Brasil.
Classificação