Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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SURPREENDENTES X-MEN # 1

1 dezembro 2008


Autores: Joss Whedon (roteiro), John Cassaday (desenhos) e Laura Martin (cores).

Preço: R$ 38,00

Número de páginas: 320

Data de lançamento: Agosto de 2008

Sinopse: Em um mundo em que o medo diante da ameaça mutante é crescente, caberá a uma equipe de super-heróis reformulada ser o fator de equilíbrio que falta.

Ciclope, Emma Frost, Fera, Kitty Pryde e Wolverine são os Surpreendentes X-Men.

Positivo/Negativo: Joss Whedon é um cara legal. Ele criou duas das séries televisivas mais bacanas da última década: Buffy, a Caça-Vampiros e o spin-off desta, Angel. Em ambas, monstros, demônios e toda a sorte de seres bestiais nada fotogênicos dão as caras. Depois desse aprendizado para lá de bizarro, é com enorme propriedade que o escritor assumiu o novo título dos mais famosos párias dos quadrinhos norte-americanos: os X-Men.

Whedon começou em Astonishing X-Men (por aqui Surpreendentes X-Men) poucos meses após o fim da passagem de Grant Morrison por New X-Men. Esta foi a maneira de a Marvel ofuscar - ao menos por um tempo - a saída do escocês e seu contrato de exclusividade com a concorrente DC Comics.

Avesso a comparações, mas entusiasta de boas piadas e diversas referências a respeito da fase Morrison, Whedon constrói uma das melhores histórias e, com certeza, a mais despretensiosa em mais de 20 anos de sagas mutantes.

O roteirista fez algo similar a uma ação proposta no Manifesto Morrison, que era contar uma história em que o leitor novato não precisasse de conhecimento prévio para acompanhá-la e que tivesse, a longo prazo, elementos capazes de instigar os velhos leitores desiludidos a voltar.

Parafraseando Grant Morrison, os fãs que compram as revistas dos X-Men independentemente da qualidade do material apresentado continuarão adquirindo-as de qualquer jeito. Então, o foco deve, ou deveria ser, o novo leitor.

Joss Whedon entendeu isto de maneira inequívoca e construiu um roteiro que leva em conta tanto aquele garoto que comprou o gibi porque gostou do filme dos X-Men, quanto aquele nerd que tem uma tatuagem do Wolverine no cóccix.

Depois de vários anos batalhando quase que exclusivamente contra o preconceito do mundo para com a sua raça, Ciclope resolve que é hora de os X-Men voltarem a lutar pelas pessoas. Seja espancando um bando de assaltantes numa festa ou devolvendo um monstro destruidor às profundezas da Terra.

O que poderia soar como um retrocesso é o que faz a trama funcionar tão bem. A fase das roupas de couro e da cruzada contra as organizações anti-mutantes foi ótima, mas a volta ao bom e velho heroísmo abarrotado de clichês é igualmente excelente.

Alguns destaques: 1) Wolverine briga com Ciclope para mais tarde se pegar com o Fera. Enquanto a primeira luta é motivada pela sempre presente (ainda que "morta") Jean Grey, a segunda tem causa no medo de McCoy em se tornar um homem preso no corpo de um animal. 2) Kitty Pryde batendo de frente com Emma Frost e recordando alguns dos antológicos confrontos com o Clube do Inferno e também alguns de seus grandes momentos na Mansão X. 3) E, é claro, o arremesso especial.

Tudo isto é um prazer saudosista para os fãs antigos, mas tem um frescor que não afasta aqueles que desconhecem o passado da equipe.

Entre tantos bons momentos, com certeza o mais impactante é o que mostra o encontro entre Kitty e Colossus. A arte de John Cassaday para estas sete últimas páginas de Surpreendentes X-Men # 4 é soberba em tudo o que mostra e, principalmente, naquilo que fica implícito.

Há outras cenas visualmente memoráveis. O já citado arremesso especial, a batalha no jardim da mansão, a sala de perigo dantesca das páginas 206 e 207, toda a seqüência envolvendo o Sentinela selvagem em Genosha e mais um punhado que, se descritas, estragariam quaisquer surpresas que já não tenham sido estragadas por esta resenha.

Os rostos familiares dos X-Men desenhados por Cassaday podem causar estranheza no início, mas basta uma dúzia de páginas para o leitor senti-los como "membros da família". E basta se deixar levar pelo artista, para que suas ilustrações se tornem ainda mais ricas e prazerosas de serem analisadas. Há sempre um detalhe qualquer, alguns traços a mais que fazem com que se permaneça por um longo tempo admirando a mesma página.

O mesmo pode ser dito de suas capas. A concepção e a diagramação da maioria é de encher os olhos.

Entender completamente a cronologia dos X-Men pode ser uma tarefa tão difícil quanto aprender a língua klingon ou conseguir colocar em partitura as músicas de Frank Zappa. Mas um encadernado como este traz a grande contradição de fazer com que tudo isto pareça ter valido a pena e, por outro lado, também faz sentir que tudo pareça ainda mais ridículo.

Surpreendentes X-Men não é uma revista que revolucionará a nona arte, longe disso. É apenas uma boa história de super-heróis contada de maneira habilidosa e, acima de tudo, divertida. O que é muito mais do que a mediocridade habitual que se tornou regra no gênero.

A Panini realizou um ótimo trabalho numa edição sem muitas frescuras, que combina qualidade com preço justo. Entre os bons extras, vale destacar um prefácio assinado por Brian K. Vaughan (Y - O Último Homem e Ex Machina, entre outros), uma entrevista com John Cassaday, esboços e várias capas variantes do título.

Classificação:

4,0

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