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Sweet Tooth – Depois do Apocalipse – Volume 5 – Habitat anormal

Sweet Tooth – Depois do Apocalipse – Volume 5 – Habitat anormalEditora: Panini Comics– Edição especial

Autores: Jeff Lemire (roteiro e arte), Matt Kindt (arte e cor) e José Villarrubia (cores) – Originalmente publicado em Sweet Tooth # 26 a # 32.

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Dezembro de 2013

Sinopse

Alasca, 1911. Uma equipe de resgate chega a um local para recuperar o membro de um grupo de missionários sem desconfiar que nem todo tipo de ajuda é bem-vinda.

Nebraska, dias atuais. Gus reencontra Jepperd enquanto o restante de seu grupo ainda se aloja no Projeto Sempre-Viva, mas eles estão prestes a descobrir os terríveis segredos que aquele lugar esconde.

Positivo/Negativo

Uma das características que Sweet Tooth vem apresentando é a tendência a incrementar o mistério por trás do flagelo que dizimou boa parte da humanidade. Primeiramente com os híbridos, depois com os pais e a origem de Gus, os segredos vêm aumentando de maneira a criar mais expectativa no leitor. E nesta edição isso é extrapolado.

A primeira parte da história, intitulada O taxidermista, desenhada por Matt Kindt, se passa em 1911, quando um grupo de resgate chega ao Alasca, o tão sonhado ponto final da viagem de Gus e Jepperd, onde todos os mistérios supostamente serão resolvidos.

Encarregado por seu pai de resgatar o noivo de sua irmã, que ali se perdeu, o Dr. James Thacker contrata um navio e utiliza sua tripulação para desbravar a imensidão gelada. Ao chegar ao local, encontra seu futuro cunhado vivendo muito bem entre Inuits, tendo inclusive casado com uma delas e com um filho bem peculiar.

A partir daí, o conflito se instaura, o que pode ser lido como muito mais que um massacre egoísta por parte do protagonista do conto. O que se tem é um choque entre o modo de vida civilizado versus o selvagem, o cristão contra o pagão e, no final, a prática civilizatória cai sobre a população Inuits.

Apesar de a trama principal de Sweet Tooth nunca ter sido situada temporalmente, o leitor percebe que a história focada em Gus se passa em algum momento da primeira década do Século 21, e este pulo até 1911 aumenta muito os mistérios por trás dos híbridos.

Qual a relação entre os túmulos apresentados na história, Gus e as outras crianças hibridas? A criança com chifres de cervo mostrada também foi a primeira hibrida. Será que a semelhança dela com Gus se limita à galhada?

O ponto fraco deste conto é a arte, que, nem de longe, consegue transmitir o terror necessário, deixando os momentos que deviam assustar e intrigar o leitor apenas como flashes confusos e borrados. O que salva a trama é a narrativa extremamente pessoal, retirada do diário do Dr. James Thacker. E o final dá a entender que esses escritos serão vistos novamente.

De volta ao presente, se passou um mês desde que Gus foi ferido, Jepperd está vivendo do lado de fora da represa e todos estão aparentemente bem dentro dela. Mas ainda há o problema da presença de Haggarty e seus homens, que rondam o local, sem contar a necessidade de Gus e do Dr. Singh de irem até o Alasca para tentar descobrir mais sobre o passado do garoto.

Desde o primeiro encontro de Gus e Jepperd, Lemire trabalha muito bem o antagonismo entre eles, mas aos poucos esta característica vai diminuindo. O menino está mais corajoso e quer se envolver mais na proteção das pessoas de que gosta. Já Jepperd é um homem truculento e guiado por seus instintos; e mais uma vez ele não está errado. O grupo que ficou na reserva corre grande perigo e ele vai salvá-los deixando Gus para trás.

Mas o mundo construído por Lemire é verossímil, pois o perigo não se resume a grupos de sobreviventes loucos ou a uma praga.

Assim, resta a Gus a função de salvar este grupo em uma sequência de suspense digna dos filmes do gênero. O combate final com o psicopata que ameaça seus amigos é tenso, simples e extremamente humano. Sem grandes salvadores, manobras mirabolantes, armas poderosas ou qualquer coisa do gênero, somente pessoas tentando sobreviver.

A arte de Lemire, ao contrário da de Kindt, se encaixa direitinho no gênero, demonstrando a fragilidade humana quando necessário. Os personagens sangram, ficam roxos e suas feridas demoram a curar.

Ao final, apesar da vitória de terem conquistado a reserva, não há o que comemorar, pois há uma personagem muito, muito querida se despede.

Classificação

4,0

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