Sweet Tooth – Depois do Apocalipse – Volume 6 – Jogo selvagem
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Jeff Lemire (roteiro e arte); Nate Powell (arte) e José Villarrubia (cores) –Originalmente publicado em Sweet Tooth # 33 a# 40.
Preço: R$ 28,90
Número de páginas: 200
Data de lançamento: Março de 2014
Sinopse
Após se despedirem de Lucy, Gus e Jepperd retomam sua jornada rumo ao Alasca para, finalmente, descobrirem os segredos sobre o passado dos híbridos.
Positivo/Negativo
O fim de qualquer série, seja em quadrinhos ou na TV, nunca é simples. É necessário amarrar as pontas soltas, resolver mistérios e, ainda assim, dar um desfecho que satisfaça os anseios do público. E Sweet Tooth fazer isso com louvor.
A edição abre em um formato diferente, uma narrativa em primeira pessoa em que Gus fala sobre o velório de Lucy e uma diagramação um pouco fora do usual. É um momento em que a série destoa do que vinha sendo apresentado até então. Não só pelo formato, mas porque, pela primeira vez, os personagens estão em paz, o ritmo é calmo e, até certo ponto, descontraído.
Depois da despedida de Lucy, o leitor é encaminhado para o final da saga de Gus, que pode ser dividida em duas partes. Na primeira, e maior, todo o passado volta para atormentar o garoto e Jepperd, primeiramente com Abbot e seus homens chegando à reserva, e junto com eles, todo o terror que o personagem carrega.
Nesta parte, o leitor é apresentado ao passado do vilão e de seu irmão nos traços de Nate Powell, que consegue transmitir bem toda a velocidade e violência dos primeiros anos da praga.
É interessante observar como Abbot se adaptou rápido a esse novo mundo, usando violência desmedida para conquistar espaços. Em contraposição, seu irmão Johnny é bem mais “suave” e despreparado. Essa contraposição entre os dois foi bastante usada na série inteira, mas não cansa o leitor e ainda aprofunda a relação de ambos, aumentando o impacto sobre os eventos do final da saga.
Em seguida, a revista se encaminha para o grande final. Tudo é muito bem trabalhado para não deixar pontas soltas: o passado do pai de Gus, a relação com a expedição ao Alasca em 1911, o diário do dr. James Thacker.
No entanto, a origem do flagelo fica em aberto. A pessoa ou ser que a causou está morto, e a situação do planeta não tem mais volta. Nas palavras de Jepperd, “nãoexiste grande segredo. Pelo menos, não que eu ou você ou o Singh ou seu papai consigamos explicar” e “o que interessa é o que vem agora”.
E o que surge a seguir é uma sequência intensa de suspense. O pequeno grupo precisa se proteger de Abbot, fugir do laboratório e ainda resgatar o filhe de Jepperd, o Migão. Lemire resolve tudo, mas sem grandes heroísmos, saídas espetaculares ou superpoderes, somente o instinto de sobrevivência guia os personagens.
A arte de Lemire chega ao ápice nesta edição. Não que (para infelicidade de quem não gosta) ela tenha ficado menos bizarra, pois esta característica enfatiza o terror daquele mundo. E a combinação entre desenho e diagramação trabalha elementos da série de maneira incrível.
É a partir da sequência de páginas duplas nas quais Gus e Jepperd ocupam o centro que o leitor percebe que os personagens agora são iguais. Gus se tornou mais bruto e lida melhor com um mundo agressivo em que não é bem-vindo, e Jepperd ficou mais compreensivo, aceitando melhor que há outras opiniões sobre a vida.
Na segunda parte, a trama avança alguns anos. Gus está adulto e comanda uma comunidade de híbridos que são “o que vem agora”. Lemire não deixa dúvidas no seu texto: o flagelo serviu pra eliminar a espécie humana do planeta e substituí-la pelos híbridos.
E, pelos poucos e sutis elementos apresentados, é possível perceber que os novos donos da Terra são muito mais harmoniosos com a natureza.
O tom da trama muda completamente aqui. Onde antes havia terror e desespero, entram a harmonia e a esperança. Os poucos humanos que sobraram estão desesperados e constantemente ameaçam os híbridos. Ainda assim, são acolhidos pelos seres meio homem, meio animal.
Essa mudança de clima deixa a história leve e entrega um final belíssimo para uma história que até então se encaminhava para o fim do mundo, mas que, surpreendentemente, revela um planeta que renasce e cuja história está apenas começando.
Ponto para a Panini por ter lançado a saga inteira em encadernados com um preço acessível e uma periodicidade bacana – entre novembro de 2012 e março de 2014. Um modelo bacana para ser adotado em outras séries da Vertigo no futuro.
Classificação