Sweet Tooth – Depois do Apocalipse – Volume 3 – Exército animal
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autores: Jeff Lemire (roteiro e arte) e José Villarrubia (cores) – Originalmente publicado em Sweet Tooth # 12 a # 17.
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 104
Data de lançamento: Maio de 2013
Sinopse
Gus foi traído e está preso com outras crianças híbridas, mas precisa criar coragem e fugir.
Jepperd traiu Gus e se arrependeu e precisa enfrentar a milícia para resgatar o garoto.
Positivo/Negativo
O mundo criado por Jeff Lemire é um lugar surpreendentemente bizarro, com muitas camadas, que vão se abrindo ao longo da edição.
Logo no primeiro capítulo deste encadernado é mostrado o relato do médico da milícia que prendeu Gus. E, com ele, o leitor começa a entender melhor a posição dos sobreviventes à praga.
O que até então fora tratado como sadismo, dissecar crianças híbridas, agora é mostrado como a única esperança de descobrir como lidar com o vírus que exterminou a humanidade.
Conforme são relatados os acontecimentos em torno do vírus, vai-se descobrindo como a milícia se tornou o que é, e como as outras pessoas encaram este mundo.
Além disso, o questionamento moral por trás da trama é muito bem trabalhado, e leva o leitor ao choque de perceber que aquele não é mais o mundo que se conhece.
Essa parte da revista destoa muito do que foi apresentado até então. Primeiro por toda a discussão em torno do médico; depois, pela narrativa utilizada pelo autor. Não há falas, tudo o que se vê são os quadros de Gus, e das outras crianças, enquanto o pensamento do médico é mostrado no rodapé.
Depois, a revista engata focada na tentativa de fuga de Gus, no retorno de Jeppard e na investigação da cabana do pai do menino híbrido.
Gus é um garoto pequeno e frágil, mas com um ensinamento moral fortíssimo. E é ai que reside a sua força. Mesmo com os maus-tratos que sofre, ele não se entrega. Em alguns momentos, parece até que a linha entre a teimosia e a burrice é ultrapassada. Essa força um dia se tornará muito maior, como revela seu sonho premonitório. Mas ainda não.
O autor também reflete sobre as relações humanas no mundo pós-apocalíptico. Mesmo em um lugar onde a crueldade e o sadismo transbordam por todos os lados, a ajuda que Gus recebe de seu carcereiro cria uma esperança em relação ao restante das pessoas.
Jeppard é movido por um arrependimento e uma amargura que o levam a fazer uma aliança bem inusitada, com algumas tribos de adoradores de crianças híbridas. Aqui, a insanidade de um mundo destruído reflete no líder dessas gangues e no plano criado por Jeppard.
O mundo desta série é vazio, deserto, mas nem por isso sem perigo - que está sempre ao redor dos personagens - seja por um membro de alguma tribo, seja pela fome, ou até mesmo pelo fato do vírus que dizimou a humanidade ainda estar ativo.
Na cabana, o médico descobre coisas interessantes sobre o passado de Gus e seus “pais”. O autor brinca com a narrativa, mesclando a do doutor e a leitura do diário do pai de Gus, revelando que o ensinamento religioso que o menino recebia beirava a loucura.
O reencontro dos personagens acontece em dois momentos. Primeiro em um sonho sincronizado entre Gus e Jeppard. Depois, na sequência turbulenta do ataque das tribos à base da milícia. Em ambos, o que mais chama a atenção é a violência como tudo é retratado: de modo visceral, sujo e lento.
As revelações do final da revista são o momento mais tocante e, como todo o tom da revista até agora, o nível de sadismo é sabiamente calculado por Lemire para levar o leitor à angústia. E para aumentar ainda mais a tensão, o gancho deixado para o próximo volume instiga a curiosidade. Afinal, como aquele grupo de sobreviventes chegará ao seu destino?
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