Sinopse

O projeto Tangent foi uma iniciativa da DC Comics que recriou do zero todo o seu universo de super-heróis, partindo apenas dos nomes de personagens consagrados.

Adam Thompson é o maior herói do planeta, mas ele terá pela frente mais que apenas confrontos com supervilões. Seguindo os passos do pai e do avô, ele é o novo Átomo, e vai desencavar verdades sobre a família superpoderosa que envolvem eventos marcantes na história dos Estados Unidos e podem mudar a face do planeta.

Positivo/Negativo

Lançados pela DC Comics em 1997, os especiais em quadrinhos da linha Tangent reinventaram todos os grandes personagens do Universo DC, e podem ser entendidos como o projeto mais rico e ambicioso da carreira de Dan Jurgens.

A partir de nove edições especiais, escritas e ilustradas por artistas diversos, Jurgens criou um universo de super-heróis de mitologia complexa com riqueza de detalhes e muitas surpresas, aproveitando apenas os nomes dos personagens consagrados da editora.

Não se tratava de mais uma série na linha Elseworlds (Túnel do Tempo, no Brasil), que mantém as características essenciais dos ícones da DC em cenários distintos, mas um exercício de imaginação muito mais imprevisível e promissor.

O conceito e o pano de fundo do Universo Tangent foram plenamente desenvolvidos por Jurgens, enquanto a execução de diferentes títulos coube aos mais destacados roteiristas e ilustradores da época. Ele mesmo escreveu e desenhou este Tangent Comics - The Atom, que foi, de forma bem natural, uma das mais interessantes investidas da primeira leva de especiais.

Após tantos anos, os conceitos permanecem atuais e provocativos, sendo lamentável que estas histórias continuem inéditas no Brasil.

Jurgens revelou como inspiração para o desenvolvimento do Universo Tangent o trabalho do editor Julius Schwartz na década de 1950, quando apresentou novas encarnações de personagens como Flash, Lanterna Verde e Gavião Negro, dando início ao período histórico que ficou conhecido como a Era de Prata.

Mas é fato que a investida Tangent tomou muito mais liberdades com o conceito do universo de super-heróis sem relação com os detentores originais de seus nomes, e o empenho dos criadores logo se destacou.

Em Tangent Comics - The Atom # 1, o leitor acompanha o herdeiro atual de uma tradição heroica com décadas de existência, cujas ações repercutiram na história econômica, política e social dos Estados Unidos. A trama apresenta bem o contexto do novo universo e a forma como seres superpoderosos alteraram drasticamente a sua essência. Arthur Thompson (A. Thom) foi um homem moldado por experimentos do governo com energia atômica, que desenvolveu habilidades especiais e esteve envolvido nos maiores eventos da idade moderna.

Investindo no ineditismo dos conceitos e apostando também na liberdade para criar e sair da mesmice, os especiais da linha Tangent Comics não se limitaram a narrar típicas histórias de super-heróis em que o status quo permanece inalterado.

Sob a liderança criativa de Dan Jurgens, o time de artistas envolvidos na tarefa mesclou grandes acontecimentos do mundo real com ideias marcantes da ficção científica, para moldar a face de um mundo crível e mutável.

No caso de The Atom, há desde a crise dos mísseis de Cuba até a explosão em popularidade da banda composta pelos quatro garotos fantasiados de Liverpool, passando por novos seriados televisivos e revistas especializadas no fenômeno dos mascarados. E tudo sem enveredar no pedantismo, numa narrativa rápida e empolgante, como só os bons quadrinhos proporcionam. A arte de Jurgens está bonita e dinâmica, como de costume, valorizada aqui pela finalização de Paul Ryan.

O universo de Tangent Comics retornou no ano seguinte, com mais uma rodada de especiais e ainda novos títulos recriados do zero. Tempos depois, já nos anos 2000, esses personagens fizeram seu cruzamento com os super-heróis tradicionais da DC Comics, mas tal evento apenas diminuiu sua natureza e apelo únicos.

O projeto original foi uma demonstração de força imaginativa e versatilidade dos tão desgastados super-heróis, provando que nada substitui o talento na arte de contar boas histórias e dimensionar novos mundos. Uma força assim merece ser conhecida, e servir de exemplo para as novas gerações de criadores.