TARTARUGAS NINJA - VOLUME 1 - A PRIMEIRA AVENTURA
Título: TARTARUGAS NINJA - VOLUME 1 - A PRIMEIRA AVENTURA
(Devir Livraria)
- Edição especial
Autores: Kevin Eastman e Peter Laird (texto e arte).
Preço: R$ 32,00
Número de páginas: 264
Data de lançamento: Maio de 2007
Sinopse: Coletânea das primeiras histórias das Tartarugas Ninja.
Positivo/Negativo: O primeiro álbum das Tartarugas Ninja chega ao Brasil na nova fase da Devir, que está publicando bons lançamentos de editoras independentes norte-americanas, como Capote no Kansas e Lost Girls.
Dos títulos, é o mais popular. E também o mais fraco.
Quando a série começou a ser publicada, nos anos 80, causou um certo rebuliço, a ponto de os personagens se tornarem mundialmente famosos. As HQs deste álbum são justamente as primeiras do quarteto de répteis. Quando lidas dentro de um contexto, o sucesso se justifica.
A dupla de autores (que se alterna nos roteiros e nos desenhos, com estilos tão parecidos que fica difícil distinguir um do outro) partiu de um insight bacana: o subsolo nova-iorquino é um terreno fértil para a imaginação. Há lendas e filmes sobre jacarés gigantes, invasão de ratazanas, seres esquisitos que habitam o metrô.
Nos quadrinhos, os mutantes Morlocks são um exemplo conhecido que vem da mesma época. Mas a idéia é reciclada até hoje. O roteirista Grant Morrison vem usando-a em uma série que está saindo agora no Brasil: Guardião, que faz parte de Sete Soldados da Vitória, da DC. Na história, há piratas no metrô da cidade.
Encontrar Tartarugas Ninja nos esgotos de Nova York é um deboche da idéia de que o subsolo da cidade comporta qualquer coisa. Elas são esquisitas, sim, mas evidentemente passam do limite. Tartarugas humanas, dá. Mutantes, provavelmente. Adolescentes, talvez. Mas juntar tudo e ainda por cima elas serem ninjas já é um pouco demais. Era essa estranheza que dava charme aos personagens.
Passados anos e anos de desenho animado, filmes, merchandising e até um crossover com a turminha do Archie, as Tartarugas Ninja acabaram se desgastando. A própria edição da Devir tem como mote um longa-metragem recém-lançado.
As criaturas de Laird e Eastman viraram pop stars. A surpresa e a estranheza que davam vigor às primeiras histórias foram pro éter - e hoje exigem um pouco de abstração do leitor para que ressurjam.
Mesmo assim, as Tartarugas Ninja ainda têm seu charme. Em sua origem, parodiam o Demolidor - elas seriam um refugo do acidente que cegou Matt Murdock. É uma sacada e tanto. Na época em que foram criadas, o herói da Marvel já havia vivido a cultuada fase de Frank Miller.
Lair e Eastman acertam a mão nas primeiras histórias, que são urbanas e cheias de lutas e mistério. É quando optam pela esquisitice de suas criaturas. No encerramento deste primeiro volume, porém, as aventuras dão uma caída. Rafael, Michelangelo, Donatello e Leonardo são arremessados a um outro planeta em busca de um humano que virou robô.
No meio de tanta estranheza, tornam-se as caras mais conhecidas do leitor. Para personagens cuja força vem da diferença, é um pecado mortal. Embora mantenha a boa qualidade de traços e ritmo, o enredo perde impacto em sua fase sideral.
A volta a Nova York, por sinal, não é vista neste volume. A edição acaba sem o desfecho da história, que deve ficar para os próximos volumes, ainda não anunciados.
A edição da Devir repete algumas aventuras já publicadas nos anos 90 pela Nova Sampa. É um trabalho correto, com introdução e biografia dos autores. Mas, em alguns momentos, o livro carece de uma revisão mais cuidadosa.
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