Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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TEX # 1

1 dezembro 2008


Autores: Gian Luigi Bonelli (texto) e Aurélio Galeppini (desenhos e capa).

Preço: Cr$ 1,50 (preço da época)

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Fevereiro de 1971

Sinopse: O signo da serpente - Numa tarde de agosto, Tex, Kit e Jack Tigre cavalgam pela reserva navajo quando encontram o velho Ko-Hocei, da tribo de Notuan, que, mesmo relutante, lhes mostra um estranho amuleto: o signo da serpente.

Ko-Hocei conta a Tex a triste história de Pah-uan, seu filho, condenado a nunca mais voltar à sua aldeia, por ter sido escolhido para viver eternamente no reino de Mah-Shai, a senhora dos poderes das sombras.

Segundo o velho índio, três ou quatro vezes por ano Ma-Shai faz os feiticeiros realizarem uma cerimônia que dura uma noite inteira, em que todos podem pedir o que quiserem e inclusive falar com os mortos. Mas só até o amanhecer, quando devem se recolher, deixando apenas os feiticeiros entoando seus cânticos.

Quando a aurora chegar, em frente a uma das tendas da aldeia estará o signo da serpente e quem o encontrar deverá mandar um de seus filhos mais jovens na direção do sol poente, numa jornada sem volta.

O escolhido deverá levar nas mãos o signo da serpente. Cabe ao pai do condenado seguir a pista do filho até encontrar o signo de Mah-Shai e queimá-lo. Depois disso, poderá voltar à tribo, onde passará a gozar do favor do curandeiro e fará parte do conselho dos anciãos.

Ao investigar, Tex descobre que Mah-Shai usa os garotos para um fim sombrio: eles devem descer por uma corda numa estreita fenda situada no Vale dos Grandes Ossos, que leva a um lugar subterrâneo habitado por feras pré-históricas e onde nasce a flor da magia que a torna poderosa.

Os rapazes descem e coletam as flores, colocando-as numa cesta que é içada por Mah-Shai, que então retira a corda e abandona-os à própria sorte.

Positivo/Negativo: No começo de 1971, num golpe militar, o General Idi Amin Dada assumiu o governo de Uganda. Nos cinemas de São Paulo fazia sucesso Patton, "oscarizado" no ano anterior, e Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick tinha sua exibição proibida no Brasil (seria exibido por aqui apenas em 1980).

Pablo Neruda ganhava o Nobel de literatura e Bridge Over Troubled Water, de Simon and Garfunkel, era o grande hit das rádios, bem como Azul da cor do mar, de Tim Maia. O mundo completava um ano sem os Beatles e, no carnaval, o samba campeão foi Pega no Ganzê, pega no Ganzá, do Salgueiro.

Charles Manson foi condenado pelo assassinato da atriz Sharon Tate e a Apollo 14 foi a terceira nave tripulada a pousar na Lua. O Papa Paulo VI, em visita às Filipinas, escapou de um atentado. A TV Excelsior encerrou suas atividades. Na TV Globo, o grande sucesso, era Irmãos Coragem, de Janete Clair.

Joe Frazier nocauteou Muhammad Ali no 15º assalto e manteve o título de campeão dos pesos-pesados. O empresário Henning Albert Boilesen, do grupo Ultra (Ultragás, atual Brasilgás, e Ultralar), acusado de financiar a OBAN (Operação Bandeirante) é assassinado em São Paulo por militantes de esquerda. Sete meses de se sagrar tricampeão mundial de futebol, no México, o Brasil vivia o auge da ditadura militar, com centenas de exilados e desaparecidos.

Foi nesse contexto que a revista Tex chegou às bancas trazendo
como brinde um arco e flecha fabricado pela defunta Trol, na certa
um chamariz para um público que se julgava ser o infantil, e com um formato
ligeiramente maior do que o atual.

A Vecchi, fundada em 1913, pelo imigrante italiano Arturo Vecchi, desde a década de 1920, especializara-se em revistas femininas, embora tenha sido uma das pioneiras dos quadrinhos no Brasil, com o tablóide Mundo Infantil, de 1927.

Em 1947, com a revista de fotonovelas Grand Hotel, a Vecchi obteve o seu maior sucesso, logo seguido de Figurino Moderno, publicada nos anos 50. A editora também produziu diversos livros para todos os públicos, de contos de fadas até manuais de mágicas de salão, até resolver voltar aos quadrinhos em 1971 com o singelo lançamento de Tex.

Não era a primeira vez que o herói de Bonelli dava as caras por aqui. A estréia de Tex no Brasil foi na Revista Júnior # 28 (de 25 de fevereiro de 1951, 20 anos antes da Vecchi), com o nome de Texas Kid, editado na pela Rio Gráfica e Editora. A revista era semanal e tinha o formato de tiras, com 32 páginas (16 cm de largura por 7 cm de altura), exatamente como a edição original italiana, e apresentou as aventuras do Águia da Noite até a edição # 263 (julho de 1957).

De toda forma, o sucesso de Tex foi maior do que o esperado e a revista passou a ser a campeã de vendas da Vecchi até a falência da editora, já nos anos 80. Isso provavelmente se explica parcialmente pela falta de concorrência que o personagem teve nessa fase.

Explicando: nos anos 50 e começo dos anos 60 houve uma proliferação de títulos de bangue-bangue nas bancas. Numa ida ao jornaleiro, encontrava-se desde Durango Kid e Zorro (Lone Ranger) até Gene Autry, Johnny McBrown, Tim Holt, Cavaleiro Negro, O Vingador, Bonanza, Maverick, Bat Masterson, Rin-tin-tin, Campeões do Oeste, Reis do Faroeste etc.

Essas revistas e a TV formaram um público extremamente fiel ao gênero, que no final dos anos 60 passou a contar também na telona com os assim chamados "bangue-bangues à Italiana" estrelados por Giuliano Gemma, Clint Eastwood, Terence Hill e dirigidos por Sérgio Leone e Enzo Barboni entre outros. Um dos maiores sucessos da televisão em 1970 foi a exibição de O Dólar Furado, pela TV Globo.

Subitamente, no começo dos anos 70, a maioria desses títulos sumiu das bancas. O leitor podia achar apenas um ou outro, notadamente Zorro, da Ebal, em edições em preto-e-branco e coloridas, e mais uma ou outra revista.

O lançamento de Tex representou, então, um verdadeiro oásis para o fã do western e, junto com Epopéia Tri (que publicava o também italiano Storia Del'West), passou a ser o melhor material do gênero, além de ser um dos títulos recordistas em publicação ininterrupta no Brasil, pois, com a falência da Vecchi, passou imediatamente para a Globo (a antiga Rio Gráfica) e com a desistência desta para a Mythos, esteve nas bancas, sem falhar um mês sequer, nos últimos 37 anos. Um feito e tanto.

Quanto a O Signo da Serpente, a história saiu originalmente na Itália em 1964 e é uma boa amostra do trabalho da dupla Bonelli e Galep. Não falta ação, os diálogos existem para conduzir a trama e os personagens são unidimensionais, porém a aventura é agradável de ler e bastante divertida.

O desfecho da trama, quando os pards derrotam a feiticeira e descem pela fenda atrás de sobreviventes mostra bem isso. Lá embaixo, enfrentam uma gigantesca criatura, precisam buscar outra saída (já que o monstro arrebenta a corda pela qual eles desceram) e ainda precisam lutar contra os makandras, o povo do abismo.

Por sorte, eles contam com a ajuda de Kotomi, um dos navajos sobreviventes, que havia se casado com a bela Moia, dos makandras, e termina a história realizando um sacrifício digno dos maiores heróis para que Tex, Kit e Jack Tigre possam escapar.

Classificação:

4,0

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