TEX ALMANAQUE # 19
Título: ALMANAQUE TEX # 19 (Mythos Editora) - Revista bimestral
Autores: Mauro Boselli (roteiro) e Andreucci (desenhos).
Preço: R$ 4,40
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Setembro de 2003
Sinopse: Herói por Acaso - Tex Willer está na pista de Blue Diamond e seu bando, responsáveis por vários crimes no Arizona. Na luta entre eles, o bandido leva a pior, e o ranger fica ferido.
Dan Reynolds, que pensara que Willer o perseguia, leva o corpo do bandido para a cidade, em busca da recompensa, mas chegando lá é aclamado como caçador de recompensas e, assim, atrai a fúria do resto do bando, que deseja vingar o chefe. E somente Tex poderá salva-lo de um triste fim.
Positivo/Negativo: A idéia de colocar um desenho panorâmico englobando a capa e a contracapa foi muito boa. No entanto, a escolha da arte não foi muito feliz, pois seria mais indicada para uma aventura com índios, reserva indígena, traficantes de armas e whisky. É verdade que uma família indígena recolhe Tex ferido e trata dos seus ferimentos, mas não justifica.
Muito boa a crônica de Mario Faggella relatando fatos e fotos verídicas da conquista do oeste e outros, quando o exército americano montou esquadrões formados por negros, visando reconhecimento pelos serviços prestados na Guerra Civil, mas, na verdade, os usavam para realizar as tarefas mais pesadas, difíceis e sujas. É sempre bom conhecer a história real da época dos nossos heróis de papel e confrontar realidade e ficção.
É a primeira vez que o desenhista Andreucci assina um Tex. No decorrer da trama, nota-se uma semelhança do seu Tex com os de Venturi, Della Mônica e também com o de Joe Kubert, desenhista americano convidado para o Tex Gigante # 9 - O Cavaleiro Solitário, com aquelas sombras acentuadas produzidas pelo chapéu.
No geral, Andreucci saiu-se bem, mas deixou uma falha: em alguns desenhos, como nas páginas 52 e 53, Tex tem as bainhas de suas armas presas nas coxas pelas tiras de couro; e em outras, elas não estão amarradas, nem com as tiras soltas.
Um fato curioso: não dá pra saber qual o propósito, ou se foi um engano, mas das páginas 91 a 109, Tex está de luvas.
O roteirista Boselli sabe dar velocidade à trama, alternando as situações e mostrando o que faz cada personagem em tempo real. Introduzindo um rápido diálogo, dá lugar à ação em vários momentos da trama, sem deixar tudo para o final.
Outra característica de Boselli: suas aventuras conferem muita importância aos personagens secundários. Com isso, foge ao Tex tradicional de Gianluigi Bonelli e de Claudio Nizzi. Um "leitor por acaso" pode pensar que o coadjuvante é o protagonista.
O tema central é novo no universo texiano, mas já foi utilizado em filmes e HQs. O "Herói por Acaso" demonstra que os povoados e cidades do velho oeste careciam de homens de valor para fazer frente aos bandos mais articulados e perigosos. Um xerife qualquer não lhes oferecia garantias, como o que aparece nesta trama, despreparado e covarde.
Vemos que o falso herói foi induzido (nas páginas 39, 45 e 46). O seu mau caráter aliou-se à situação; e seu ego, massageado por palavras estimulantes e honrosas, e acima de tudo pelos encantos da jovem Sara, fizeram-lhe digno do tema central, oferecendo um revés para redimir-se dos seus erros e finalizar a trama sem conseqüências drásticas.
Tex, mais uma vez, aplica a lei de forma pessoal, intuitiva, não levando ao tribunal um homem com erros no passado (como ele próprio, quando foi injustamente chamado de fora-da-lei), pois considera que, após demonstrar vontade e coragem, sempre se merece uma segunda chance.
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