TEX - EDIÇÃO HISTÓRICA # 75
Editora: Mythos Editora - Revista bimestral
Autores: Giovanni Luigi Bonelli (roteiro), Giovanni Ticci (desenhos) e Claudio Villa (capa).
Preço: R$ 18,90 (preço da época)
Número de páginas: 368
Data de lançamento: Julho de 2008
Sinopse
Um homem, contratado por quakers para guiá-los de Cedar City à Califórnia, é morto antes de encontrar o grupo. Tex, seu filho Kit, Kit Carson e Jack Tigre aparecem para desvendar o crime e se tornam pedras no sapato de um poderoso manda-chuva da cidade.
Positivo/Negativo
Revistas com o selo Tex são publicações intrigantes. Lançado em setembro de 1948 na Itália e publicado há 41 anos ininterruptamente no Brasil, o personagem integra o imaginário de diversas gerações.
Mesmo quem nunca pegou um fumetti nas mãos sabe que existe na banca uma revista chamada Tex. Até quem jamais morreu de amores por quadrinhos facilmente conhece alguém (pai, tio, avô) que lia ou colecionava histórias do ranger.
Tamanha popularidade, no entanto, não evita que o personagem seja um coadjuvante nas bancas. Dentro do crescente número de publicações de quadrinhos, Tex e suas revistas em formatinho, sem suporte publicitário para alavancá-las em outras mídias, impressas em papel jornal, em preto e branco, capa "quadradona" e a tradicional e monótona diagramação de cinco ou seis quadros por página, passam muitas vezes despercebidos pelos olhos acostumados a mangás, super-heróis, Disney e Turma da Mônica - sem falar nas graphic novels das livrarias.
Este resenhista mesmo, que há 20 anos acompanha quadrinhos de todos os tipos, por exemplo, leu apenas três HQs do personagem: entre elas este Tex - Edição Histórica # 75. E, com toda a honestidade, a revista só chegou a suas mãos por falta de opção, durante a parada de uma viagem de ônibus, quando não havia qualquer outra HQ disponível na prateleira a servir de passatempo.
São quase 400 páginas escritas pelo criador do personagem, Giovanni Luigi Bonelli, pai de Sergio Bonelli. A trama acompanha de forma assustadoramente linear (quase não há saltos temporais, flashbacks ou trechos narrados "apenas por cima") as consequências do assassinato de um guia de caravana, responsável por levar um grupo quaker de Cedar City à Califórnia.
No andar da carruagem, o ranger senta o braço em sete azarados, mata 11 infelizes e tem tempo ainda de tocar fogo em um armazém. Frases de efeito, como "pessoas que gritam me deixam nervoso, e quanto estou nervoso não consigo controlar o dedo que aperta o gatilho" (p. 110) pululam. Sem falar na tranquilidade e imbatível autoconfiança do protagonista.
Outro ponto: a história original italiana foi publicada no começo dos anos 1970, mas foi republicada em Edição Histórica pela Mythos em 2008. Mesmo assim, já em anos de marcação cerrada à nicotina, o ranger é flagrado acendendo 24 cigarros.
Além disso, em toda a trama, aparece com destaque apenas uma personagem feminina. É testosterona para ninguém botar defeito.
Tais ingredientes somam-se a outros, que de verdade são o "fino" de qualquer publicação faroeste da Bonelli: o contexto histórico diluído nas páginas, a ambientação perfeita que transporta o leitor de cabeça para o Velho Oeste, os detalhes surpreendentes das ilustrações (verdadeiras aulas quadro a quadro de desenho acadêmico de Giovanni Ticci), em suma, o aprendizado incutido ao entretenimento, sem didatismos chatos.
Nada disso, entretanto, serviria se a história simplesmente fosse maçante. Pelo contrário. A cada página, a trama cresce em emoção e complexidade, forçando o leitor a se segurar para não folhear rápido as páginas e saber logo o que vem adiante.
Ponto negativo apenas para a edição simplória da Mythos. As Edições Históricas compilam outras já publicadas na série regular do personagem (no caso, as de número # 95, # 96 e # 97, dos tempos da Vecchi), mas não contam sequer com um texto de contracapa introdutório.
O leitor abre a revista e bate, de cara, com a história bruta, sem contextualização ou detalhes de edições anteriores - coisa que facilmente pode afastar quem não é fã do ranger.
Classificação: