TEX GIGANTE # 21 - A MARCA DA SERPENTE
Autor: Claudio Nizzi (texto) e Aurelio Galleppini (arte).
Preço: R$ 18,50
Número de páginas: 240
Data de lançamento: Maio de 2008
Sinopse: Na zona de fronteira entre o México e o Arizona, um grupo de caubóis cai numa armadilha depois de passar por um desfiladeiro cujas margens ostentavam símbolos com cobras de duas cabeças esculpidos em pedras.
Morrison, o único sobrevivente, pede ajuda para o governo norte-americano, mas a região na qual se passou o caso fica além da fronteira. Por isso, a solução é chamar o ranger Tex Willer - que vai investigar um caso ligado a um grande roubo e a um antigo livro de alquimia que contém a receita da pedra filosofal.
Positivo/Negativo: Tex é, antes de qualquer coisa, um herói improvável.
A começar pela própria natureza: é um caubói do faroeste, o cavaleiro típico da mitologia norte-americana, mas criado há 60 anos na Itália, país que teve, por sinal, cavaleiros autênticos.
Por lá, é um fenômeno de vendas. Aqui, não chega a tanto, mas não faz feio - até mesmo por conta da longevidade do título nas bancas.
Mesmo nos dias atuais, em que até super-heróis e mangás têm dificuldade para angariar leitores para as bancas, é um personagem que continua firme, com uma linha inteira de títulos derivados.
Um desses títulos lançados paralelamente à série oficial é justamente Tex Gigante. A série traz álbuns com histórias mais longas, com cerca de 200 páginas, criadas por grandes artistas do mundo todo. Nelas, o que vale é tanto a grandiosidade da empreitada quanto a riqueza da arte. Já passaram por suas páginas nomes como Jordi Bernet, Goran Parlov, Alfonso Font, Ivo Milazzo, Joe Kubert e Magnus, entre outros.
Mesmo acima da média do título mensal, uma história como A marca da serpente, aqui em sua terceira publicação no Brasil, é perfeita para ajudar a esclarecer os segredos do sucesso de Tex. Isso porque, apesar da qualidade da arte (que as próprias dimensões da revista ajudam a destacar), traz uma versão vitaminada do caubói.
Luxos à parte, no fim das contas, a essência é a mesma: uma aventura de um grupo de cavaleiros do faroeste, liderados por um mocinho, em que o bem vence o mal. Sem surpresas, sem meio termo, sem espaço para indagações filosóficas (essas coisas ficam para outra série de faroeste italiana, Ken Parker). Tex é um herói; a trama, uma aventura.
O maniqueísmo, que extenua em safras mais fracas da revista mensal, não chega a incomodar em uma aventura com o fôlego de A marca da serpente. A briga do bem contra o mal está lá e faz parte, talvez porque essas edições gigantes tenham um caráter de homenagem a um grande personagem - e porque celebrar Tex é celebrar também o fato de ele ser, como nas velhas matinês, o mocinho que derrota o bandido.
Essa postura do protagonista se reflete na arte de Galleppini: direta, franca, sincera, luminosa, sem espaço para zonas escuras. A diagramação é comportada, quase franciscana: a página é dividida em três retângulos horizontais, cada qual quase sempre dividido em dois - e sem nunca ultrapassar o limite de seis por página.
Soma-se a isso um roteiro bastante rico, que se passa em dois países, mistura caubóis e mexicanos com mosteiros católicos e alquimistas (eis, aliás, uma marca da cultura européia na trama).
O resultado é um álbum longo, bonito e que flui que é uma beleza. Como Tex em si, A marca da serpente não chega a ser uma obra-prima dos quadrinhos. Mas, quando é visto em contexto, a sua importância cresce. Como Tex em si, é uma ode ao prazer de se ler uma divertida revista em quadrinhos.
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