TEX GIGANTE # 25 - NA TRILHA DO OREGON
Editora: Mythos - Edição especial
Autores: Gianfranco Manfredi (roteiro) e Carlos Gomez (arte) - Originalmente em Tex - Verso l'Oregon.
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 240
Data de lançamento: Outubro de 2011
Sinopse
A edição começa com um prefácio do editor Sergio Bonelli, uma matéria e entrevista com o desenhista Carlos Gomez e um artigo sobre a participação das mulheres na conquista do Oeste.
Na Trilha do Oregon - Aparentemente sem motivo algum, um homem bem apessoado mata um ranger e foge.
Logo saem em seu encalço Tex e Kit Carson, que descobrem um rastro anterior de mortes deixado pelo mesmo homem, quase todos sem explicação - seria um assassino serial?
Determinados a encontrar o assassino, os caubóis vão ao encontro de uma caravana de mulheres que está indo para o mesmo local ao qual acreditam que o vilão esteja se dirigindo, e acabam tendo que interferir para que elas não sejam mortas por homens violentos.
Ainda que a contragosto de Tex, ele e Carson acabam acompanhando a caravana de mulheres e, junto com elas, vão encarar desfiladeiros, rios intransponíveis, índios e pessoas que não são o que aparentam.
Isso sem contar os apuros que geniosas mulheres vão lhes proporcionar. Ou seja, tudo conspira para que não cheguem vivos ao seu destino, Oregon.
Positivo/Negativo
Uma edição digna de figurar no quadro de avisos de uma delegacia no Velho Oeste.
Afinal, se o roteirista Gianfranco Manfredi fosse "procurado", a recompensa seria, com certeza, o prazer de se conferir um roteiro enxuto e bem montado, ainda que a HQ da edição tenha cerca de 220 páginas - coisa de quem sabe o que faz.
Como poucos, Manfredi, responsável pela ótima série Mágico Vento, utiliza os clichês do Velho Oeste de modo convincente e buscando temáticas que fujam um pouco do habitual, como focar a trama não só nos heróis, mas também na caravana de mulheres que estão numa perigosa jornada em busca de uma vida melhor.
Outra boa sacada é o vilão ser um assassino serial, algo não tão usual neste gênero de quadrinhos.
Além disso, o autor não deixa o ritmo cair em momento algum e consegue dar um forte tom humano a todos os personagens e suas motivações, o que torna tudo ainda mais crível.
Já se o argentino Carlos Gomez, se fosse "procurado", a recompensa seria outra: a oportunidade do leitor curtir uma verdadeira aula de desenho, de dar inveja em muito artista de sucesso. Trata-se de um criador notável, que conta em entrevista nesta edição sobre sua preocupação com expressões, com os detalhes, com as particularidades, em não "enganar" o leitor.
"Deve-se entender que toda história contém uma espécie de implícita 'mentira consensual': quem lê aceita - como dizer? - suspender a incredulidade para poder curtir a história. Mas para facilitar esse abandono, eu acho que é fundamental garantir um fundo verossímil", afirma.
Segundo Gomez, sua ambição seria o leitor, ao final da trama, ter vontade de voltar para olhar alguns quadrinhos que o agradaram - o que, de fato, pode ocorrer, tal o apuro de determinadas passagens e a força que emana das expressões dos personagens.
O artista também conta do seu processo de aprendizado, por meio de muito esforço, treino, aplicação, estudo e tendo tido a chance de aprender com grandes mestres da historieta argentina.
Ao final da HQ, é inevitável que o leitor se pergunte como um desenhista tão genial - e nosso "vizinho" - nunca deu as caras por aqui. Fica uma enorme vontade de conferir outros trabalhos de Gomez, conhecido na Itália pela saga futurista de um personagem chamado Dago.
Agora, e se o "procurado" fosse Sergio Bonelli? Neste caso, como todo fã de quadrinhos sabe, infelizmente ele partiu para uma última grande aventura, em meio às pradarias que se estendem além das nuvens. Mas, ainda assim, o leitor tem direito a uma grande recompensa, na forma do editorial deste Tex Gigante, que mostra a preocupação do editor em conhecer o mundo e os artistas do traço de lugares distantes da sua Itália.
Dessa forma, fica-se sabendo de sua atenção com a escola argentina e o prazer que teve de "entregar" Tex nas mãos de um genial artista do traço. Bonelli escreve de maneira tão simples, que a sensação é a de bater um papo com um velho conhecido, um dos editores mais importantes que passaram pelo mundo dos quadrinhos e que, sem dúvida, fará muita falta.
De todo modo, a sorte é que esse papo de "procurado" é ficção. Porque, se fosse verdade, a qualquer momento surgiria no horizonte um caubói valente e determinado, quase sempre de camisa amarela e acompanhado de seu fiel amigo de cavanhaque, para encontrar e caçar de modo implacável todo aquele que se atreveu a cometer injustiças e teve a infelicidade de cair em sua trilha.
Pois este é o modo de ser de Tex - o ranger que, desde sua criação, em 1948, mantém suas principais características, como o senso de justiça, a seriedade, o companheirismo e a honestidade, que fizeram com que atingisse enorme popularidade, extrapolando as fronteiras italianas.
Talvez seja este o segredo do sucesso um personagem tão querido dos quadrinhos, há tantos anos fazendo parte dos principais títulos publicados no Brasil - merecidamente.
Nesta edição que não é gigante apenas no nome, a recompensa final para o leitor é um "par de horas" que passa voando, com direito a índios, caravanas, tiroteios, bandidos, mocinhos e tudo mais que faz do Velho Oeste parte integrante da história norte-americana e, por que não, do imaginário popular de tantos povos. Afinal, certos valores são universais.
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