Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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The Collector

2 março 2018

The CollectorEditora: Archaia / BOOM! Studios – Edição que compila a série Il Collezionista, publicada originalmente na revista Orient Express (1984).

Autor: Sergio Toppi (roteiro e arte).

Preço: US$ 34,99

Número de páginas: 248

Data de lançamento: Setembro de 2014

Sinopse

Longe dos leilões da elite, o homem conhecido como “O Colecionador” procura artefatos raros e misteriosos por todo o mundo. Ele se sente em casa tanto nos salões de Paris, como nas selvas de Bornéu.

Tendo como pano de fundo o colonialismo do final do Século 19, esta série traz cinco aventuras deliciosas e surpreendentes.

Positivo/Negativo

O mestre Sergio Toppi era avesso à criação de títulos com personagens fixos, mas em 1984 iniciou Il Collezionista para a série especial I protagonisti, da revista italiana Orient Express, produzindo quatro aventuras de seu anti-herói, O Colecionador, até 1986.

Foi por meio da editora francesa Mosquito, que a partir de 2004 passou a encomendar trabalhos a Toppi, que ele fez o segundo volume de Sharaz-De e a quinta e última aventura do Colecionador.

Dez anos depois, a editora Archaia publicou a compilação de O Colecionador em inglês, tomando como base a edição francesa da Mosquito (levando em consideração todo o luxo do álbum), com prefácio assinado pelo desenhista Sean Gordon Murphy.

Cada aventura passou a ser um capítulo nesta compilação, e tem no título o nome do artefato procurado pelo Colecionador: 1) O Cachimbo da paz de Red Rock, 2) O obelisco abissínio, 3) A joia Mogol, 4) O cetro de Muiredach e 5) O colar de Padmasambhava.

Todas as histórias se passam no Século 19, com Toppi mostrando as peculiaridades de diversos povos, desde os índios norte-americanos até os Maori da Nova Zelândia, chegando também a revisitar a Batalha de Adwa (1896), quando, em pleno colonialismo, os italianos foram derrotados pelas tribos etíopes.

Exímio atirador, com vasto conhecimento de história e etnologia, chegando a dominar alguns feitiços indígenas, O Colecionador é um homem deveras rico e excêntrico, que tem como hobby colecionar artefatos raríssimos.

Seu lema é: “eu sempre consigo o que quero” e, por mais desafiadora que seja a empreitada, ele não desiste e nem mede as consequências para ter seu tesouro nas mãos. De posse dos artefatos, esconde-os do mundo, reservando somente para si o prazer de apreciá-los.

Nesta série, Toppi trabalha bastante os requadros, empregando a calha de forma mais recorrente (também fazendo alguns blocos narrativos à la Guido Crepax) e inserindo as onomatopeias como um complemento à arte, embora continue desenvolvendo belíssimas splash pages, tornando ainda mais arrebatadores os layouts das páginas (ele dominava como poucos a iluminação e a sensação de movimento de roupas e cenários, por meio de hachuras, equilibrando harmonicamente os espaços vazios das composições).

O Colecionador evoca a narrativa cinematográfica do Western Spaghetti, de Sergio Leone, com a ação em planos mais abertos sendo entrecortada por primeiros planos e closes, os quais permitem ao leitor mergulhar nas emoções e pensamentos dos personagens, e até mesmo sentir o impacto de uma bala sendo cravejada na pele ou atingindo em cheio um escorpião.

As histórias mesclam faroeste, aventura, drama, comédia e suspense, trazendo um gostinho de Corto Maltese. E tal qual seu colega e conterrâneo Hugo Pratt, Toppi não inferioriza os povos com os quais O Colecionador encontra e negocia, mencionando, inclusive, duas derrotas dos brancos colonizadores (os ingleses, na Nova Zelândia, e os italianos, no Deserto de Danakil, na Etiópia).

O elemento feminino não está tão presente na série, mas, quando a mulher aparece, Toppi a faz forte, inteligente, sagaz e sofisticada, na personagem Dama do rosto branco (cujo nome é Francisca Elodia von Branzetti), antagonista em A joia Mogol e O colar de Padmasambhava.

As palavras de Sean Gordon Murphy são precisas, ao escrever que Toppi foi o melhor porque teve o topete de criar ordem no caos, ensinando aos desenhistas que linhas bonitas não garantem obras de arte, pois até mesmo o rascunho mais básico pode ser transformado em uma obra-prima, se trabalhado corretamente. O segredo não está em controlar a linha, mas em ser espontâneo, pensar fora da caixinha e ter coragem para abraçar divertidos acidentes.

Classificação

5,0

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