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The Complete Copybook Tales

17 fevereiro 2012

The Complete Copybook TalesEditora: Oni Press - Edição especial

Autores: J. Torres (roteiro) e Tim Levins (arte).

Preço: US$ 19,95

Número de páginas: 240

Data de lançamento: Marco de 2002

Sinopse

Jamie e Thatcher são dois amigos que sonham trabalhar em suas próprias histórias em quadrinhos. E encontram inspiração para isso no antigo diário que Jamie mantinha nos tempos de colégio, falando sobre sua complicada vida amorosa, festas, conquistas e decepções nos anos 1980.

Positivo/Negativo

The Copybook Tales é uma obra semiautobigráfica que celebra a paixão pelos quadrinhos e seu impacto na vida de dois jovens, que decidem seguir seus sonhos e trabalhar na indústria dos gibis.

Ainda assim, os temas abordados são os mais diversos, formando um mosaico completo das angústias e alegrias da juventude. Jamie e Tatcher são aficionados pela nona arte, e a história assinada por J. Torres e Tim Levins emociona ao resgatar a magia de se visitar uma comic shop pela primeira vez, o sentimento resultante de se livrar da coleção e a entrevista com um editor.

Em paralelo, há muita festa e complicações amorosas e familiares, num estilo solto e despojado que logo conquista o leitor. A exemplo de obras como Fracasso de público e Os Escapistas, The Copybook Tales adentra a vida de jovens talentos querendo deixar sua marca no mundo por intermédio dos quadrinhos com tamanha desenvoltura, que garante identificação imediata.

Este encadernado reúne toda a série original, mais histórias curtas, miniquadrinhos e material extra, como esboços e capas, além de texto introdutório pelo jornalista Augie de Bliek.

A dupla ficcional de criadores, inicialmente, tinha pretensão de ingressar no mercado de super-heróis, sob influência de nomes como John Byrne e Frank Miller. Jamie era fanático pelo gênero, e sua predileção pelos justiceiros uniformizados se refletia por todos os aspectos de sua existência, como a escolha de fantasia para uma festa e os pôsteres na parede do quarto. Até cair a ficha de que, por vezes, a vida real pode ser muito mais interessante.

Entretanto, as pequenas narrativas não estão centradas no processo criativo dos artistas. São coleções de momentos especiais do cotidiano, nos quais os quadrinhos surgem ao lado de uma antiga paixão rejeitada dos tempos de colégio ao retornar anos depois, discussões na fila do cinema para O Retorno de Jedi e os sonhos com as atrizes mais atraentes da época.

A ambientação recheada de cultura pop é um bônus para quem viveu os anos 1980 e 1990, passando do Atari ao surgimento da Image Comics.

Uma das sequências mais engraçadas da narrativa é quando Jamie ingressa em mais um encontro às escuras promovido por uma amiga, que novamente resulta em desastre. Desta vez, com uma mulher que alega ter poderes psíquicos e tenta adivinhar até seus pedidos no restaurante. É o tipo de situação cômica que funciona bem para qualquer público e humaniza ainda mais o protagonista.

Crises típicas da adolescência e da entrada na vida adulta surgem fortes com uma possível descoberta de homossexualidade de um dos coadjuvantes, mas tudo tratado com leveza e sem tentativas de converter o leitor a qualquer ponto de vista.

Esse clima suave, ainda que emotivo, prossegue por todas as histórias, que nunca falham em sua tarefa de divertir, e garantem diferenciais em relação a outras obras autobiográficas. The Copybook Tales passa longe dos dramalhões que povoam tantos quadrinhos independentes, mas mantém seu frescor e sinceridade.

Quadrinhos são uma mídia visual e colaborativa, e não se pode deixar de comentar aqui o trabalho de Tim Levins ao ilustrar as palavras de J. Torres. O artista, que já se destacou na revista de Batman inspirada em sua série animada, casa perfeitamente com a história, com um estilo meio caricato e muito expressivo.

Levins não tenta apresentar figuras humanas realistas, mas sim emoções reais e pessoas cheias de vida, com notável influência da animação moderna. A fantasia de transformer que Jamie veste em seu irmão mais novo e uma paródia de diálogo de Quentin Tarantino são exemplos perfeitos do que faz esta obra funcionar tão bem.

Fenômenos culturais que marcaram gerações, inseridos em dramas pessoais únicos com muito humor. E é isso que se deve esperar de uma boa revista em quadrinhos.

Classificação

4,0

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