THE FILTH #1 a #13
Título: THE FILTH #1 a #13 (DC Comics) - Série mensal em 13 edições
Autores: Grant Morrison (roteiro), Chris Weston (desenhos) e Gary Erskine (arte-final).
Preço: US$ 2,95 cada
Número de Páginas: 22 cada
Data de lançamento: Agosto de 2002 a Outubro de 2003
Sinopse: Viúvo há cinco anos, Greg Feely é um quarentão normal, que vive com um gato e compra revistas pornográficas de travestis para fazer companhia nas noites solitárias.
Certo dia, agentes da Mão invadem sua casa e anunciam que, na verdade, Feely é apenas uma "parapersonalidade", uma espécie de simulacro que escondia o agente Slade.
Enquanto Slade imerge em um mundo futurista, em que um chimpanzé falante atirador matou o presidente Kennedy e os transatlânticos-nações declaram guerra aos Estados Unidos, a Mão deixa um duplo de Feely para cuidar da casa e do gato.
Positivo/Negativo: Existe, sim, uma saída fácil para a leitura de The Filth. Você pode optar por chamá-la de mais uma "viagem na maionese" de Grant Morrison e jogá-la na pilha, junto com os outros gibis do mês.
Em um mercado que se supõe tão vanguardista, mas espantosamente se curva ao hiper-realismo de Alex Ross, não seria surpreendente que boa parte dos leitores tomasse essa medida simplista.
A alternativa é deixar-se submergir nesse universo criado por Morrison, um autor escocês que há mais de dez anos consegue sacudir a tediosa indústria de quadrinhos norte-americana.
Ainda na Grã-Bretanha, fez um super-herói pós-punk, Zenith - que ganhou recentemente dois álbuns pela Pandora. Em Asilo Arkham, que a Panini Comics está reeditando, fez de Batman um psicopata. Seu Homem-Animal é uma ode à metalinguagem. Kill Your Boyfriend, um de seus melhores e menos comentados trabalhos, conta a história de um caso de amor incestuoso - antecipando conceitos que Oliver Stone e Quentin Tarantino trabalhariam pouco tempo depois em Assassinos por Natureza. Os Invisíveis, que está saindo pela Brainstore, adiantou as idéias de outro filme bastante falado: Matrix. Mais recentemente, refez a Liga da Justiça e os X-Men para o nosso tempo.
Então, considerar The Filth como uma excentricidade é, pra começo de conversa, menosprezar esse currículo.
Desde Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, que se tenta mostrar como seria o mundo se os super-heróis existissem de verdade - com 99,9% dos resultados pífios.
The Filth é a versão de Morrison para essa empreitada, uma espécie de The Authority particular, com um resultado sensacional. No entanto, por se tratar de uma série sem versão nacional, talvez seja o caso de não se dizer qual o recurso que o autor utiliza. A surpresa, sem dúvida, valerá a pena mais tarde.
O tempo inteiro o clima é de paranóia. Afinal, a alteridade entre o agente Slade e o quarentão Greg parece sintoma de uma esquizofrenia paranóide. Morrison joga com os limites do real - e é capaz de gerar reações extremas em seus leitores. Diante de tanta realidade, difícil é a identificação, o que pode atrapalhar um pouco o envolvimento com a história.
Morrison aproveita a série para fazer uma espécie de compêndio de tudo o que passa pela sua cabeça, revisitando conceitos já empregados nas séries elencadas acima. Entre os temas estão política, sexo, drogas, ecologia e poder.
Por sinal, há várias cenas que, os leitores mais atentos perceberão, citam trabalhos anteriores. A abertura da primeira edição é bastante parecida com o começo de Kill Your Boyfriend.
Weston e Erskine formaram uma dupla perfeita para conduzir o leitor à mente de Morrison. As artes são uma homenagem bastante apropriada aos quadrinhos de ficção científica da EC Comics.
Resta agora esperar que alguma editora se prontifique a lançar uma versão nacional.
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