Alan Moore pesquisou tanto para escrever Do inferno que o material que sobrou desse estudo sobre a era vitoriana se tornou The League Extraordinary Gentlemen.

A ideia é bastante simples: juntar diversos personagens da literatura do Século 19 em tramas típicas para aquele período.

Além disso, uma carga gigantesca de referências e um desenhista competente. E, é claro, a magnitude de um Alan Moore.

As referências não estão apenas nos cantos dos quadros e das páginas, mas também no material adicional que acompanha o encadernado, como jogos de tabuleiro, um extenso texto de um almanaque para viajantes e anúncios de produtos da época vitoriana.

A arte de Kevin O'Neill é extremamente competente e adequada para a história, com grande habilidade para as expressões faciais e os detalhes.

E é nesse material que Alan Moore mostra exuberância em diversos quesitos de roteiro. A longa pesquisa e conhecimento sobre o entorno da história é um deles.

Outro seria a habilidade de construção de uma narrativa, dividida originalmente em seis edições, com ótimos ganchos entre os trechos e uma trama das mais cativantes.

Há ainda o desenvolvimento e a interação de personagens criados pela literatura. O trabalho de Moore os mantém coesos, cria interações que respeitam as personalidades de cada um e ainda os aprofunda.

Como se isso já não fosse suficiente, há o belo texto do escritor britânico, que recupera expressões do período e é capaz de fazer vozes próprias e sotaques particulares serem percebidos pelos leitores.

O texto varia bem entre o humor e o drama, em doses bem medidas. Não é à toa que esta obra foi premiada com o prêmio Harvey

de melhor série de 2004. Para ser lida e relida, garante ótima diversão aos leitores, sem ser nada leviana.