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THE LONG YESTERDAY

Por Delfin
1 dezembro 2005


Título: THE LONG YESTERDAY (Comic Store) - Edição
especial
Autores: Osmarco Valadão (roteiro) e Manoel Magalhães (desenhos).

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Maio de 2005

Sinopse: Timothy O'Malley é encarregado de segurança da Eternity Pictures. Quando o estúdio o chama para um serviço, ele sabe que o assunto chegou ao nível do submundo de Hollywood, onde é conhecido simplesmente como Lace. O cara é bom no que faz, sabendo qual o momento de sacar ou não sua Smith-Wesson.

Mas, numa noite tranqüila, Lace encontra na antiga escrivaninha de seu pai uma estranha carta premonitória, que salva a sua vida. A missiva era de uma antiga namorada, Dana Dale, que ao escrevê-la tinha mais de 60 anos e voltara no tempo três décadas e meia apenas para deixar o envelope. E pedir ajuda para escapar de uma enrascada. O tipo de coisa que Lace sabia resolver muito bem.

A encrenca em que Dana está envolvida é grande o suficiente para que a vida de Lace também corra risco. Ao ser perseguido por uma série de assassinos idênticos, ele percebe que precisa acabar com aquilo, não importam os recursos a se utilizar, nem os meios para se efetivar a ação. Como se seu próprio futuro dependesse disso.

Positivo/Negativo: Apesar dos clichês de ficção científica e de viagens no tempo observados em The Long Yesterday (uma referência declarada a The Long Goodbye, de Raymond Chandler, e The Long Tomorrow, de Dan O'Bannon e Moebius), a história já começa importante por dois motivos.

O primeiro é a entrada definitiva do universo Intempol nos quadrinhos. A segunda é a investida de uma editora campineira no mercado de HQs após 13 anos de ausência.

É necessário explicar bem a relevância destes dois fatos. Primeiramente, a Intempol, a polícia internacional do tempo. Criado em 1998 pelo carioca Octavio Aragão, o conceito surpreende por ser aberto e permitir que virtualmente qualquer história, em qualquer estilo, possa ser escrita, tendo, como base, o conceito de ficção científica.

O site, de grande visibilidade, reflete esta postura, que já havia sido registrada num livro compilando as aventuras deste universo, lançado em 2000.

Algumas HQs virtuais também tinham sido lançadas no site. Mas apenas após a parceria feita com a campineira Comic Store, este trabalho começa a vir à tona.

Sobre o segundo fato relevante, Campinas, poucos sabem, tem algumas pequenas marcas na história das publicações nacionais. A Cedibra, que, além de publicar os álbuns de Garfield e de Calvin e Haroldo, também lançou uma linha de quadrinhos, no fim dos anos 80, que marcou época por trazer aventuras fora do eixo DC/Marvel, é da cidade.

As publicações da First Comics, como American Flagg, Grimjack, Badger e Jon Sable Freelance, podem não ter ido bem. Mas, junto com elas, foi lançado Lobo Solitário, que, apesar da leitura ocidental, abriu as portas para a invasão mangá que vivemos hoje no País.

De memória menos célebre, mas contemporânea à Cedibra, é a Icea, que lançou quadrinhos de terror de baixa qualidade, mas foi responsável por trazer às novas gerações a volta do (até então) maior herói brasileiro, Raio Negro (cópia do Lanterna Verde criada por Gedeone Malagola). Além disso, publicou Platoon, a primeira revista de circulação nacional assinada por Deodato Filho (ou Mike Deodato), ainda no seu antigo estilo.

A entrada da Comic Store não é apenas historicamente importante. Apesar do nome, a editora é conhecida no mercado de cards e RPG, no qual ganhou projeção há alguns anos. A incursão aos quadrinhos foi planejada com cuidado e adiada algumas vezes, mas valeu a pena. The Long Yesterday é um álbum produzido com grande cuidado e esmero gráfico, além de possuir um preço acessível.

Já a história, mesmo sendo bem construída e servindo como uma boa base para quem nunca viu o universo Intempol, possui o problema inerente à maior parte das histórias de viagem no tempo: o tema se tornou tão explorado que é muito difícil conseguir um approach diferenciado.

The Long Yesterday incorre em alguns clichês que poderiam ser evitados, como a referência ao assassinato de Kennedy (uma constante em obras sobre mudança de continuum temporal) e o gangsterismo americano dos anos da grande depressão.

Os bons desenhos de Manoel Magalhães incluem o leitor na história facilmente. As boas idéias de usar uma paleta de cores pequena e de emular um estilo mais clássico, que se aproxima da Linha Clara européia tornam o visual ainda mais agradável.

Os pontos negativos vão para o letreiramento (não creditado), que, além de utilizar fontes que poderiam ser mais bem escolhidas, incorre num erro comum: o uso da letra "I" serifada em vez de bastonada, de leitura mais agradável.

Para quem não sabe, a letra "I" serifada existe nas fontes de quadrinhos pois é com ela que, nos Estados Unidos, se grafa o pronome "eu", único da língua inglesa escrito em maiúscula.

Até onde se sabe, os planos da parceria Comic Store e Intempol são grandes e envolvem muitos álbuns de quadrinhos, além de outros produtos. É uma boa iniciativa e outro pé-direito, como o da editora Nomad, com Ronin Soul.

 

Classificação:

4,0

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