The Man of Steel # 2
Editora: DC Comics - Minissérie em seis edições
Autores: John Byrne (roteiro e desenhos), Dick Giordano (arte-final) e Tom Ziuko (cores).
Preço: US$ 0,75
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Julho de 1986
Sinopse
O Superman faz sua estreia como super-herói uniformizado nas ruas de Metrópolis, mas não contava com um desafio diferente: a jornalista Lois Lane em busca de uma entrevista exclusiva!
Positivo/Negativo
A clássica minissérie The Man of Steel (O Homem de Aço), lançada pela DC em 1986, atesta a capacidade do roteirista e ilustrador John Byrne para causar polêmica.
A temporada do artista à frente do Superman divide opiniões e, décadas após a publicação original, provoca as mais acirradas discussões entre os fãs devotados do personagem.
Contudo, o distanciamento histórico permite afirmar que o talento maior do autor é na arte de contar boas histórias. E esta segunda edição, antes de tudo, é uma narrativa apaixonante, que não se propõe a impor uma visão pessoal sobre o ícone máximo dos super-heróis, mas revigorar a lenda para novas gerações de leitores.
Ainda mais importante é notar que Byrne apresenta aqui uma versão moderna da jornalista Lois Lane, o eterno amor do herói, fiel ao conceito dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, mas com todo o jeito de uma mulher da década de 1980. De todas as mudanças decorridas da reformulação do último filho de Krypton, a nova face de Lois foi a mais acertada e bem recebida.
The Man of Steel foi um projeto pessoal de grande significado para John Byrne e uma investida corajosa por parte da DC, com a revitalização completa do seu maior personagem, reconhecido mundialmente e presente em diversas mídias, mas que precisava urgentemente de um novo gás.
Byrne descartou décadas de bagagem histórica do Superman, eliminou conceitos que considerava redundantes e reduziu o nível de poderes do herói, tentando uma aproximação maior com o ideal de Siegel e Shuster. Além disso, o Homem de Aço já não seria tão ligado à lembrança do planeta Krypton, pois passou a valorizar mais sua origem terráquea e a criação pelos amorosos pais adotivos, Jonathan e Martha Kent.
Contudo, o que permanece hoje não é a interpretação diferente do mito por parte do autor, mas a energia de suas narrativas, o tom de otimismo e a clareza de ideias em histórias que não devem ser subestimadas.
Se a Lois de tempos passados se preocupava em provar que Clark Kent e Superman eram a mesma pessoa, e em levar o super-herói para o altar, sua encarnação reapresentada por John Byrne era uma repórter destemida, disposta a tudo para conseguir seu furo de reportagem. O romance não foi uma tendência perseguida pelo autor, que preferiu mostrar Lois e Clark como colegas de trabalho do Planeta Diário.
Ainda assim, a tensão sexual crescia a cada edição, num desdobramento único do triângulo amoroso mais popular e duradouro dos quadrinhos. Roteiristas posteriores, como Dan Jurgens e Roger Stern, trataram de amadurecer a relação entre os personagens, culminando na bombástica edição O casamento do Super-Homem. Verdade que a história do enlace não correspondeu às expectativas dos fãs, mas foi prova do cuidado no desenvolvimento das tramas por parte dos escritores.
A fase do Superman conduzida por John Byrne teve altos e baixos, com ênfase em vilões clássicos, encontros com grandes figuras do Universo DC e um clima de soap opera com diversos coadjuvantes que ganharam importância renovada.
O seriado televisivo Lois e Clark - As novas aventuras do Superman, com quatro temporadas de sucesso na década de 1990, teve o trabalho de Byrne como referência fundamental, marcando sua entrada no imaginário coletivo.
Hoje, a visão do autor para o Homem de Aço já não é mais válida em termos de cronologia, e a editora parece disposta e recontar frequentemente as origens do kryptoniano. Já ganharam destaque as minisséries O legado das estrelas, Origem secreta e a nova temporada do Superman pós-reboot, além da série de graphic novels Terra Um.
Para quem acompanha com atenção a trajetória do Superman, todavia, o valor de uma boa história ainda fala mais alto que a continuidade oficial da editora, e por isso a série The Man of Steel não será esquecida.
Classificação