Tradicional e popular equipe de super-heróis da DC Comics, os Novos Titãs viveram sua fase áurea na década de 1980, pelas mãos do roteirista Marv Wolfman e do ilustrador George Pérez, que também colaborava no texto.

A dupla reformulou o antigo título dos parceiros juvenis da editora, com Robin, Kid Flash e Moça Maravilha, amadurecendo-os e tratando-os como indivíduos independentes, e acrescentando suas criações Cyborg, Ravena e Estelar ao quase desconhecido Mutano.

Rapidamente, os Titãs se tornaram um fenômeno de público e crítica, vivendo histórias memoráveis como O contrato de Judas e A saga de Trigon. No auge do sucesso, em 1988, Wolfman e Pérez iniciaram a produção de uma ambiciosa graphic novel, que por motivos diversos acabou interrompida. E este é o projeto que foi retomado mais de 20 anos depois, em The New Teen Titans - Games.

Sendo uma das graphic novels mais aguardadas dos últimos tempos, Games não decepciona. Para os fãs de longa data, é uma ótima oportunidade de reencontrar antigos "amigos" e celebrar o passado. E para os marinheiros de primeira viagem, uma história de super-heróis muito acima da média.

Originalmente, apenas 70 páginas haviam sido desenhadas por Pérez. Quando o projeto foi retomado, Wolfman tratou de retrabalhar o texto, atualizando a trama. Então, a dupla colaborou em ideias novas e os diálogos foram inseridos a contento.

E pode-se dizer que os artistas não perderam o pique com a passagem dos anos, apresentando um épico de tirar o fôlego. Apesar da trama aparentemente simples, Games explora bem os recursos da arte sequencial, com uma narrativa veloz, ação na medida certa, personagens bem construídos e uma arte espetacular.

A trama versa sobre uma ameaça terrorista à cidade de Nova York, introduzindo a ameaça do Gamesmaster e trazendo de volta King Faraday, agente especial que é um dos personagens mais antigos da DC.

A escalação dos Novos Titãs na história conta com o líder Asa Noturna, Troia, Cyborg, Ravena, Mutano, Jericó, Estelar e Danny Chase. Todos apresentam conflitos individuais próprios, além de interagir bem uns com os outros.

Por um lado, há os tradicionais confrontos que opõem os Titãs a novos vilões, em cenas cheias de ação. Por outro, há uma exploração competente sobre qual deve ser o limite dos super-heróis na sociedade, sacrifícios pessoais e o papel das autoridades contra o terrorismo internacional.

Essas camadas extras do roteiro acrescentam densidade à trama, que se torna mais humana e envolvente.

E a arte de George Pérez nunca esteve tão bonita! O desenhista dá um verdadeiro show a cada página, e é deleitável vê-lo ilustrando novamente personagens tão marcantes em sua carreira. Sua dedicação aos detalhes continua elevada, com figuras humanas tão reais e expressivas quanto os cenários.

É nas cenas de ação, contudo, que Pérez mais se destaca, com a quantidade e o formato dos quadros conforme pede o texto. Trata-se de um caso de identificação plena entre personagens e artistas.

A edição bem cuidada em capa dura e formato maior conta com texto introdutório de Marv Wolfman e posfácio por George Pérez, além da íntegra do roteiro original. Excelente pedida para os fãs de super-heróis, e prova incontestável de que boas histórias não têm idade.