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THE PHANTOM: TREASURES OF BANGALLA

1 dezembro 2004


Autores: Ron Goulant (roteiro) e Mike Collins (desenhos).

Preço: US$ 6,95

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Outubro de 2002

Sinopse: Enquanto faz uma ronda pela selva, o 21º Fantasma descobre
contrabandistas roubando relíquias de um sítio arqueológico em Bangalla,
enquanto ameaçam as vidas dos exploradores.

Sem perda de tempo, ele se lança contra os criminosos, mas acaba nocauteado
e vencido. Ao despertar, sai à caça do grupo.

Enquanto isso, sua esposa Diana está em férias na Inglaterra com uma amiga
recentemente liberada de uma instituição psicológica, mas ainda sendo
atormentada por estranhos pesadelos.

Qual conexão pode haver entre ambos os fatos? É o que o Espírito-Que-Anda
descobrirá no desenrolar de sua investigação.

Positivo/Negativo: Lançada em 2002, no terceiro número da série
de graphic novels produzidas pela editora norte-americana Moonstone
com o Fantasma, Treasures of Bangalla (Tesouros de Bangalla)
difere bastante dos números anteriores por conta de sua equipe criativa:
sai Ben Raab e entra Ron Goulant no roteiro; enquanto temos o lápis de
Mike Collins, com arte-final de Art Nichols, substituindo o novato Fernando
Blanco no traço.

O primeiro detalhe a saltar olhos é justamente o Fantasma de Collins,
muito mais próximo da versão "clássica" do herói, como no lápis de Sy
Barry, do que a apresentada anteriormente por Blanco, com uma abordagem
cartunesca e visível influência do uniforme usado no filme de 1996.

Esse detalhe certamente agradará a muitos leitores desgostosos do estilo
inicialmente apresentado. A capa, outro ponto positivo da edição, mais
uma vez fica por conta de Joel Naprstek, realizando um trabalho maravilhoso
com suas belas cores e a clara abordagem pulp.

Mas a diferença principal é sentida no roteiro: Ron Goulant não apresenta
uma aventura propriamente dita, e sim um policial recheado com todos ingredientes
típicos do gênero. E este é "calcanhar de Aquiles" da revista: a história
é monótona, repetitiva e aposta em clichês já vistos milhares de vezes
na TV, livros e cinema, para contar uma trama cujo desfecho é bastante
previsível.

Em determinada seqüência, o Fantasma chega a seguir um criminoso até um
bar escuro, onde o sujeito briga com outro homem e volta para casa - um
barco - derrotado. Quando o herói finalmente entra para interrogá-lo,
acha-o morto com uma faca enfiada nas costas e descobre uma bomba prontinha
para explodir justamente naquele momento.

Nem os personagens coadjuvantes conseguem escapar da falta de criatividade
de Goulant. Todos são estereotipados. Entre eles, a "pobre menina rica"
com problemas mentais, a jornalista independente disposta a tudo para
conseguir seu "furo" e, claro, o detetive vestido com camisa estampada
e de caráter duvidoso, mas pronto a ajudar o herói.

Pode-se notar uma nítida construção literária do roteiro, fato explicado
por uma curiosidade: Ron Goulant trabalhou anos como escritor-fantasma,
tendo sido inclusive responsável pelas novelas do Fantasma lançadas pela
Avon Books no começo da década de 1970 até sua metade.

Infelizmente, a transição de meio não propriamente uma conquista para
ele, pois durante toda a revista há a clara impressão de se estar lendo
uma quadrinização de um livro de bolso.

No entanto, um autor com tantos anos de experiência não comete apenas
erros. Goulant acerta em alguns, ainda que poucos, pontos, como nas primeiras
páginas, quando mostra os contrabandistas poupando a vida de um desacordado
Fantasma por temerem colocar todos os guerreiros da selva de Bangalla
atrás deles em busca de vingança e atrapalhando, dessa forma, a sua fuga.

Enfim, apesar da competência técnica demonstrada nas outras publicações
da Moonstone, como o excelente acabamento gráfico e as boas cores
digitais de Ken Wolak e Dawn Groszewski, Treasures of Bangalla
é indiscutivelmente o elo fraco na corrente de graphic novels
lançadas.

Mesmo assim, é gratificante ver o Fantasma voltando a ser editado em seu
país de origem com tão boa aceitação, já que seus títulos são os mais
vendidos da editora. Esse pequeno "tropeço" não foi suficiente para deter
esse retorno.

Uma curiosidade: o contrato da Opera Graphica - atual editora do
Espírito-Que-Anda no Brasil - ainda permitia a publicação deste terceiro
número no título O Fantasma, mas a revista foi cancelada devido
à baixa vendagem em fevereiro deste ano, e o editor Franco de Rosa informou
não ter planos, por enquanto, de lançar algo do personagem. Uma pena.

Classificação:

4,0

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