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THE SYSTEM

1 dezembro 2011

THE SYSTEM

Editora: DC Comics / Vertigo - Edição especial

Autor: Peter Kuper (texto e arte).

Preço: US$12,95

Número de páginas: 104

Data de lançamento: 1997

 

Sinopse

A cidade de Nova York constrói-se sobre as histórias e dramas de seus habitantes. Diversos acontecimentos, como a busca por um assassino serial e o planejamento de um atentado, acabam se cruzando e interagindo, compondo um complexo mosaico que retrata uma das mais famosas cidades do mundo.

Tudo isso é narrado em uma história de 88 páginas apenas com imagens, sem textos em balões ou recordatórios.

Positivo/Negativo

Peter Kuper se destaca por suas ilustrações que já foram capa das revistas Time e Newsweek, dentre outras.

Seu trabalho caracteriza-se pelo senso crítico e forte engajamento social, político e ecológico. Essas características refletem-se também nas histórias em quadrinhos que produziu, geralmente para publicações independentes.

No rol de suas obras em quadrinhos há adaptações literárias, como os excelentes A Metamorfose e Desista! E outras histórias de Franz Kafka e mesmo trabalhos aparentemente mais descompromissados, como a tira Spy VS. Spy para a revista Mad.

The System é uma história feita sob encomenda para o selo Vertigo, da DC Comics, lançada em 1996 como uma minissérie em três partes e, no ano seguinte, como volume único.

Imediatamente destaca-se o fato de a história ser completamente "silenciosa", quase sem uso de palavras. Não há diálogos em balões ou narração em recordatórios. Não há nem mesmo onomatopeias.

Tudo é resolvido com desenhos e sinais gráficos. Os elementos de texto presentes apresentam-se em cartazes, capas de revista, detalhes de páginas de jornal.

Trata-se de um trabalho que se propõe a explorar ao máximo os limites da linguagem sequencial. Entretanto, a ausência de texto escrito resulta em algumas limitações para a narrativa.

A construção dos personagens baseia-se em estereótipos, que servem para facilitar a comunicação e a construção de sentido. Assim, há o policial corrupto, a dançarina de strip-tease que tem um filho para criar, o motorista de táxi indiano, o espião de tapa-olho e diversos outros tipos.

A escolha de estereótipos não facilita o trabalho do autor e, para explicar o trauma de um detetive que havia matado um garoto por acidente, Kuper recorre a um recorte de página de jornal, que em um quadrinho conta toda a situação. Nesse caso, um painel com texto vale por uma página ou mais de imagens.

No entanto, os personagens clichês não constituem um demérito da obra. Eles são um recurso necessário para compensar a ausência de uma narrativa com palavras.

Mais ainda: acabam transformando The System em uma caricatura muito interessante da cidade de Nova York.

Se em álbuns como A Metamorfose o desenho anguloso e pesado de Kuper evocava a técnica da xilogravura, neste o uso de sprays e colagens de elementos fotográficos confere um forte aspecto urbano à obra.

São essas imagens e os muitos atores, tramas e subtramas que se cruzam e se desdobram, que acabam recriando toda a polifonia da grande cidade.

A paleta de cores é muito feliz e também colabora na construção desse retrato.

Apesar da ausência de palavras não permitir o desenvolvimento de profundidade aos personagens, Kuper realiza um excelente trabalho ao construir uma narrativa coesa a partir de tantos elementos.

The System é um passeio por Nova York que merece ser feito com calma, apreciando cada detalhe das múltiplas vistas da metrópole.

Classificação:

4,0

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