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TINA E OS CAÇADORES DE ENIGMAS - CRIATURAS LENDÁRIAS # 1

10 dezembro 2008


Autores: Estúdios Mauricio de Sousa (texto e arte).

Preço: R$ 3,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Março de 2008

Sinopse: Tina, Rolo, Pipa e Zecão saem de férias. Ao chegar a Manaus, conhecem seu guia, Buriti, um índio descendente da tribo dos Tapajés, extinta há tempos. Com a avó do rapaz, vão até uma cachoeira.

É lá que a folga da turma acaba: eles são capturados pelas Amazonas, e envolvidos na recuperação do muiraquitã de Zamona, a rainha das guerreiras.

Positivo/Negativo: Esta é a segunda minissérie da linha Tina e os caçadores de enigmas, uma nova franquia dos Estúdios Mauricio de Sousa. Como na antecessora, Mistério Cósmico, trata-se de um material em que a personagem principal recebe um tratamento diferente do habitual. Sem que se perca a caracterização visual, a adolescente ganha ares de Indiana Jones de minissaia e passa a viver aventuras cheias de elementos mitológicos.

É um material mais voltado para adolescentes do que para crianças, em que tanto o roteiro quanto a arte ganham tratamento especial.

O texto é leve e divertido, sem enrolação, com as pequenas paródias de cultura pop que marcam as boas HQs coordenadas por Mauricio. Mas, aqui, há espaço para citações mais refinadas - que até desencadeiam uma bem-vinda seção que explica as referências ao final do gibi. E também para recursos narrativos mais sofisticados, como flashbacks mais espichados.

Em vez de se pautar por mitos da cultura pop, como os ETs da primeira série, desta vez o roteiro vai buscar inspiração nas belas lendas brasileiras da Amazônia - uma linha já explorada em outros trabalhos (desde Caraíba, de Flavio Colin, a Encantarias, do Estúdio da Casa Velha), mas que ainda rende muito, mas muito caldo.

Ao usar a mitologia nacional, Criaturas lendárias ainda tem outro mérito: não cai no discurso xenófobo, aquele que pega a importância de valorizar a cultura nacional. Apenas vai lá e faz - e sai com uma bela história, bem elaborada, sem concessões, e que é interessante por si só.

Junto com a exigência de um leitor mais adulto, vem um tom mais sensual para as histórias. Na trama, há um clima de sedução entre os jovens personagens. Na arte, surgem mais decotes, barrigas saradas, músculos do que o normal. E até mesmo seios fartos e nus expostos em uma índia têm vez.

E a arte é mesmo mais detalhada do que a que se vê no material convencional. O traço é o mesmo, mas o formato americano da página (versus o tradicional formatinho) dá espaço para um trabalho mais rico.

Além do tamanho do papel, outra característica dos quadrinhos de aventura norte-americanos é adotada na minissérie: o fato de serem histórias com continuidade que se desenrolam ao longo de edições. Essa mudança, por si só, já exige um leitor mais maduro, que tenha consciência e paciência de esperar o mês seguinte para continuar a leitura.

É justamente nesse ponto, aliás, que a minissérie nacional apresenta sua maior falha. Falta punch no final dos capítulos. Não é um problema grave na transição da parte 1 para a parte 2, pois ambas estão na mesma revista. Mas o último quadrinho desta edição, que deveria servir de gancho para a próxima, é fraco. Com tanta coisa engatilhada na trama, a aparição de um punhado de vaga-lumes chega a ser um desperdício. A própria tirinha da página 50 é um desfecho mais interessante.

Há outro deslize, bem pequeno, com o português: faltou um "de" na página 17, na frase "começou a nascer uma planta que todo índio gosta". Afinal, o verbo "gostar" é transitivo indireto. O correto é "planta de que todo índio gosta".

Felizmente, mais uma vez, os acertos de Tina e os caçadores de enigmas são muito maiores que os erros. Um projeto desses só reforça que a Turma da Mônica ainda tem muitos segmentos a explorar no mercado de histórias em quadrinhos.

Classificação:

4,0

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