O mercado brasileiro de quadrinhos realmente vive dias promissores. Praticamente todos os gêneros estão sendo publicados por aqui, em materiais de diversas nacionalidades. E quem acaba de aportar em nossas livrarias é Titeuf, do suíço Zep (pseudônimo de Philippe Chappuis), simplesmente uma das melhores HQs de humor da Europa.

Imagine um Calvin sem tigre de pelúcia e com incrível predileção para descobrir coisas ligadas ao sexo. Titeuf é mais ou menos assim. E conquistou milhões de fãs mundo afora. Publicado em mais de 25 países, ele já vendeu mais de 20 milhões de exemplares.

Além disso, já virou desenho animado, ganhou edições especiais de sua editora francesa, a Glénat e foi parar no museu e nos games.

No Brasil, sua única aparição foi tímida e não fez o "barulho" merecido, no livro ilustrado Aparelho sexual e cia. - Um guia inusitado para crianças descoladas, publicado pela Cia. das Letras. O nome do personagem nem parece na capa.

Agora, entretanto, o fã brasileiro de quadrinhos poderá descobrir por que Titeuf se tornou um fenômeno da arte sequencial. Neste primeiro álbum, sempre em piadas de uma página, há passagens impagáveis, dignas da expressão "ri alto", tão comum nas redes sociais.

Tem campeonato de xixi à distância. Titeuf e seu amigo arrancam Jesus Cristo de um crucifixo na igreja porque "ele é do bem e não merece, e não podemos deixá-lo pregado". A professora velhinha fica chocada ao ouvir a pergunta "como a senhora faz amor?". Os garotos dão espiadinhas sacanas em revistas masculinhas e em casais dando amassos calientes na praça. E muito mais.

E, pra completar, o traço de Zep é ideal para esse tipo de humor, que mescla inocência e sacanagem - periga até que alguma livraria coloque o material na seção infantil! Raramente, o autor usa a mesma diagramação. Ora a usa a tradicional grade de quadros, ora faz uma piada de página inteira, ora não usa quadrinho algum. Além disso, as cores casam perfeitamente com o teor das piadas.

Está de parabéns a Vergara & Riba pela iniciativa de trazer Titeuf para o mercado nacional (junto com este primeiro álbum saiu o segundo, O amor é nojento, que é tão bom quanto) e pelo competente trabalho editorial.

Fica a torcida para que o leitor descubra Titeuf e se delicie com
seu humor. E que isso abra portas para outras séries de Zep, como a sensacional
Captain
Biceps, uma divertidíssima zoação com o universo
dos super-heróis.